14/11/2025

Com participação da UFMA, espetáculo de teatro dá voz a histórias de mulheres 60+

curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) participou da produção e montagem do espetáculo “Chá, Fuxicos e Memórias”, apresentado pelo grupo de Teatro Vivencena do Serviço Social do Comércio (Sesc). Com dramaturgia autoral e encenação da professora Cássia Pires, docente e coordenadora do curso, o trabalho é resultado de uma oficina ministrada ao longo de 2025 com sete mulheres integrantes do grupo, que subiram ao palco pela primeira vez para compartilhar fragmentos de suas histórias e lembranças.

A montagem nasceu da escuta e da partilha. Em cena, as atrizes, todas com mais de 60 anos, trouxeram ao público experiências pessoais, memórias afetivas e vivências como teatro, revelando como a arte se torna espaço de transformação, autoestima e pertencimento.

“Foi de suma importância levar essa experiência pro palco e poder socializar com o público, pois pude perceber grandes mudanças na vida e no comportamento das senhoras participantes. O teatro causou um impacto muito positivo em suas vidas permitindo com que elas vivessem diferentes experiências. Fora que o fato delas levarem um pouco da vida delas, das memórias que compartilharam para o palco, faz com que se sintam pessoas que têm grande importância pra sociedade, pois uma das maiores reclamações se refere ao se sentirem apagadas na idade em que estão. Elas se sentiram muito valorizadas e importantes fazendo parte desse espetáculo”, destaca a professora Cássia.

Além de dirigir o espetáculo, a professora reforça que o projeto também teve grande relevância pedagógica, ao envolver egressos e discentes do curso de Teatro da UFMA na equipe técnica e criativa. Para ela, o contato dos estudantes com o grupo ampliou a compreensão sobre o papel social da arte e os diferentes públicos com os quais o teatro pode dialogar.

“O trabalho com o grupo 60+ impacta bastante para a formação e o aprendizado dos nossos alunos e egressos, haja vista que a maioria dos estágios são realizados em escolas de nível infantil, fundamental e médio. Essa é uma oportunidade de eles perceberem na prática quanto o Teatro impacta no humano independentemente de idade. Com a experiência, percebem ainda que o trabalho com 60+ requer adaptações e outros olhares atentos para caber dentro da realidade dessas senhoras, levando em consideração suas limitações e aproveitando sua sabedoria e maturidade”, completou a docente.

Entre os participantes da equipe de produção, está o discente Ricardo Torres, responsável pela maquiagem artística do espetáculo. Ele relata que a vivência foi uma oportunidade de aprendizado humano e artístico, marcada pela troca sensível com as atrizes do grupo.

“Participar desse projeto foi uma experiência profundamente transformadora. O “Chá, Fuxicos e Memórias” me colocou diante de um espaço de troca muito verdadeiro, onde o teatro deixou de ser apenas representação para se tornar encontro, escuta e partilha. Conviver com mulheres de diferentes trajetórias foi como costurar um grande bordado de histórias, cada uma com suas dores, alegrias e sabedorias. Essa convivência me fez perceber a força do cotidiano e a beleza que existe na simplicidade das experiências humanas. A escuta sensível foi o grande eixo desse processo. Mais do que atuar, era preciso estar presente, disponível para ouvir e ser atravessado por essas vozes. Foi um aprendizado que ultrapassou o palco e me fez repensar o próprio sentido da arte como ferramenta de afeto e memória. A direção da professora Cássia Pires na condução deste trabalho foi, sem dúvidas alguma, algo maravilhoso”, relatou o discente.

 

Para Ricardo, a experiência também reforçou o entendimento sobre o papel social do teatro como instrumento de empoderamento e memória coletiva. “Essa vivência ampliou muito o meu olhar sobre o papel social do teatro. Entendi que o teatro é um lugar de escuta e de cura coletiva, um espaço onde é possível recontar histórias que muitas vezes foram silenciadas. A prática de escutar e transformar essas narrativas em cena me ensinou que o teatro pode ser um instrumento potente de empoderamento e de pertencimento. Como artista em formação, esse processo me aproximou ainda mais da ideia de um teatro feito com e para as pessoas, um teatro que nasce do encontro e da vida real”, afirmou.

O espetáculo contou com apoio do Teatro Luiz Pazzini, Teatro Cazumbá e da Associação dos Moradores do Conjunto Angelim, além da realização pelo Sesc Turismo. A equipe técnica incluiu ainda Nina Araújo (iluminação), Wagner Heineck (sonoplastia) e Ricardo Torres (maquiagem artística) e Cássia Pires (Encenação). O elenco foi composto pelas atrizes Ângela Costa, Bárbara Fontinele, França Chaves, Jailma Fernandes, Rosinha Lisboa, Sônia Gaspar e Sônia Ribeiro.

A apresentação “Chá, Fuxicos e Memórias” demonstrou o poder do teatro como espaço de expressão e transformação, celebrando a arte, a escuta e as muitas histórias que habitam o cotidiano.