As portas e paredes da Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, foram alvo de vandalismo no protesto da última sexta-feira (30) contra o projeto de lei 5069, de autoria do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). O projeto “tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à prática de aborto”.
De acordo com a Arquidiocese de São Paulo, a limpeza das paredes e portas está prevista para ser realizada neste domingo (1º). Até às 10h20, não havia informações sobre os autores das pichações.
A concentração ocorreu na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), os manifestantes chegaram a fechar o sentido Paraíso da via.
Por volta das 21h15, o protesto seguia pela Avenida Brigadeiro Luis Antônio, próximo à Praça da Sé. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3 mil pessoas participaram do ato, que seguia pacífico. A maior parte das pessoas presentes era mulheres, algumas carregando seus filhos.
Projeto de lei 5069
O texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados no último dia 21 de outubro.
No caso do estupro, para que um médico possa fazer o aborto, o projeto de lei passa a exigir exame de corpo de delito e comunicação à autoridade policial.
Segundo o projeto, quem induzir, instigar ou ajudar a gestante ao aborto receberá pena de prisão de seis meses a dois anos.
Também incorre nas mesmas penas aquele que vender ou entregar, ainda que de forma gratuita, substância ou objeto para provocar o aborto, ressalvadas as exceções previstas na lei.
O texto proíbe o anúncio e venda de métodos abortivos, mas não especifica quais são essas substâncias ou meios, o que gerou intensos debates entre os parlamentares.

Outro ponto polêmico do projeto é o que permite que o profissional de saúde se recuse a fornecer ou administrar procedimento ou medicamento que considere abortivo.
A Catedral Metropolitana de São Paulo constitui monumento arquitetônico-artístico de referência para a cidade de São Paulo. Está localizada diante do marco zero da cidade. É edifício religioso que simboliza a fé cristã professada pela Igreja Católica Apostólica Romana. É também casa para todos. Diariamente entram na catedral centenas de pessoas de culturas e credos variados que são acolhidas fraternalmente.
Por isso, lamentamos e repudiamos a pichação ocorrida na noite de 30 de outubro último, ao término de manifestação em repúdio ao PL 5069/2013.
Desejamos que atos como esse não venham a se repetir para que sejam preservados não só o direito de expressão mas também o respeito ao patrimônio da população.