No terreiro, as índias encantam e ajudam a manter acesa a paixão pelo bumba meu boi; o DOM ouviu quatro mulheres que encarnam o personagens.
Andressa Valadares
Da Equipe de O Estado
15/06/2014
Elas vêm, elas vão, elas bailam. Entre penas, canutilhos, bordados, brilho, passos, compassos e sorrisos, a temporada junina no Maranhão não seria a mesma coisa se não fosse o encanto e a beleza das índias do bumba meu boi, que abrilhantam as noites das festas de São João em solo maranhense. Para mostrar como é a experiência e o que representa esta personagem para a cultura do estado, o DOM traz hoje o depoimento de quatro mulheres que têm a temporada junina como o momento mais esperado do ano e que fazem parte do rol de índias que encantam o São João pela beleza das indumentárias e da alegria da dança.
Quem vê todo aquele bailado no terreiro, o brilho e o bordado das indumentárias, o corpo, a pele e o cabelo que chamam a atenção, não imagina a preparação e dedicação que há por trás. No entanto, o São João é também carregado de paixão e significados para essas belas mulheres, que se dedicam durante toda a temporada junina a levar alegria ao espectador dos festejos juninos. Mas uma coisa é unanimidade entre elas: se não fosse o amor pela cultura maranhense, nada disso faria sentido.
Nome: Raquel Brandão Damasceno
Idade: 18 anos
Profissão: Estudante
Altura: 1,68 m
Peso: 56 kg
Índia do Boi de Nina Rodrigues, Raquel Brandão Damasceno participa do grupo desde 2011. Para manter o pique da temporada junina até o final, Raquel não abre mão de uma preparação antecipada, que inclui muita academia, alimentação balanceada e, claro, dedicação ao bordado das indumentárias.
“Toda temporada junina exige uma preparação desde o começo. Antes de começar as apresentações eu vou para a academia, mantenho uma alimentação equilibrada. Nós também temos que ter uma dedicação com as nossas indumentárias, fazer o bordado com todo zelo, para que tudo fique pronto e bonito para o São João”, assinala.
A cultura, também representada pela beleza e esmero das indumentárias das índias, pelas coreografias e pelo tom dado pelo sotaque de orquestra, faz com que Raquel alimente todos os anos o desejo de não parar de dançar tão cedo.
“Ser índia é ter amor pela cultura, pelo São João e pelo bumba meu boi. E a gente não ganha nada por isso. A nossa maior recompensa é a aceitação do público, os elogios, as críticas, até mesmo as negativas, que sempre nos ajudam a crescer”, frisa.
Nome: Caroline Jardim da Silva Lisboa
Idade: 22 anos
Profissão:
Estudante
Altura: 1,65 m
Peso: 66 kg
A primeira vez que Caroline Jardim dançou pelo Boi de Morros foi em 2011. Passados três anos, a estudante retorna para os festejos juninos como índia do grupo folclórico, motivada pelo desejo de voltar a participar das celebrações.
A estudante também começou a se preparar para o São João com antecedência, cuidando da pele, do cabelo e do corpo. “Ser índia não é só na temporada junina, mas todo o ano. Se cuidando, malhando, fazendo dieta. Cuidando do cabelo, da pele. Tudo é pensado. Desde a dança, o bailado, à maquiagem”, afirma.
A poucos dias do início dos arraiais, a correria está grande para que tudo fique pronto. Para Caroline, participar dos festejos, como índia do Boi de Morros, é transmitir para o público o respeito e o amor pela cultura maranhense, trazendo no bailado as marcas que definem o São João do Maranhão como um dos melhores do país.
“Ser índia é respeito e amor à cultura maranhense. É a responsabilidade de não deixar que a tradição se extinga”, destaca.
Nome: Raíssa Daniele Pinheiro
Cantanhede
Idade: 25 anos
Profissão:
Estudante
Altura: 1,70 m
Peso: 63 kg
A relação de Raíssa Pinheiro com o Boi de Axixá começou ainda na infância, quando acompanhava os pais nas apresentações do batalhão. Quando criança, Raíssa era encantada pelo bailado das índias e alimentava o sonho de um dia poder fazer parte da festa não só como expectadora, mas como uma das personagens de maior destaque dos festejos juninos.
“Olhando aquelas índias dançando, eu achava muito bonito. Então, criei admiração pelo boi. Em 2009, eu resolvi dançar pela primeira vez e, deste então, não parei mais. Criei amor pelo boi, sou apaixonada pelas toadas, pela dança, pelo gingado. O Boi de Axixá tem uma pegada diferenciada que contagia a todos”, conta.
Há cinco anos fazendo parte do grupo, para além de uma brincadeira, o bumba meu boi para ela se tornou uma paixão e, o Boi de Axixá, uma família. “O Boi de Axixá é uma família, onde cheguei e fui bem recebida por Leila Naiva, dona do Batalhão . Hoje eu danço no boi por amor. Para mim, é o melhor boi de orquestra. Quando ouço a orquestra tocar é impossível ficar parada e cada apresentação é uma sensação maravilhosa”, destaca Raíssa.
Nome: Valéria Soares Madeira
Idade: 17 anos
Profissão: Estudante
Altura: 1,63 m
Peso: 58 kg
Dançarina do Boi de Morros há quatro anos, a jovem índia Valéria Soares Madeira, de 17 anos, carrega no peito a paixão pelo bumba meu boi. Apesar da experiência, para a estudante nunca deixa de ser emocionante a chegada da temporada junina, que traz consigo o sentimento não só de ansiedade, mas também de novidade, pois o Boi de Morros tem como principal característica a renovação.
“A cada ano é uma emoção diferente, a expectativa de olhar as indumentárias, as novidades, a coreografia, as músicas. É tudo muito encantador. O Boi de Morros tem seu diferencial de todo ano mudar e inovar, o que nos deixa sempre com aquela vontade de participar”, afirma.
Para Valéria, a índia é bem mais que uma personagem, é a representação da rica cultura do nosso estado. “Ser uma índia para mim vai muito além de representar nossa cultura, a história do bumba meu boi. Ser uma índia para mim é transmitir em todas as danças e arraiais a felicidade, a alegria que é participar de um grupo folclórico. É demonstrar em cada passo, em cada sorriso, a satisfação de estar fazendo aquilo porque gosto, por amar e ver o público ir a loucura a cada vez que entramos para nos apresentarmos. É mostrar o que São Luís do Maranhão tem de mais bonito”, complementa.