As ações de promoção do São João de Todos 2018, realizado pelo Governo do Estado, irão reverenciar um dos mais peculiares sotaques de Bumba-meu-boi, o Costa de Mão. A ideia é abraçar a campanha pela valorização dos Bois de Costa de Mão com ações de salvaguarda e fortalecimento do Bumba-meu-boi como patrimônio cultural brasileiro.
Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Diego Galdino, é preciso manter vivo este bem cultural tão precioso para o Maranhão. “A beleza do Bumba-meu-boi está exatamente na diversidade de estilos e na riqueza de expressões que envolvem a dança, a forma de tocar, cantar. O Costa de Mão é uma dessas formas que integram não apenas o complexo cultural do Bumba-meu-boi mas também a história, memória e identidade do povo maranhense”, ressaltou Galdino.
Campanha
A campanha desde ano do São João de Todos 2018 levará o tema ‘Bumba Meu Costa De Mão’ para todos os eventos promocionais, dentro e fora do estado, em peças publicitárias, veículos de comunicação, decoração temática em todos os arraiais, compondo um amplo programa institucional de valorização do Bumba-meu-boi Costa de Mão.
Além da campanha, a Secretaria de Estado da Cultura e do Turismo realizará durante todo o ano diversos eventos como rodas de conversa com os Mestres, oficinas formativas e informativas, exposição permanente dos elementos simbólicos que caracterizam o sotaque e ampla divulgação dessa manifestação.
Conforme levantamento feito pelo Iphan, de um total de 18 grupos identificados no estado, de 2001 a 2017, apenas seis ainda estão em atividade e destes, somente quatro fizeram apresentações públicas em 2017. Entre as questões apontadas pelos representantes dos grupos para o risco iminente de desaparecimento desse estilo de brincar Bumba-meu-boi no Maranhão estão a falta de recursos materiais, financeiros e humanos; desinteresse dos jovens, desvalorização da brincadeira pela comunidade e discriminação dos Bois.
O presidente do Conselho Estadual de Cultura, Neto de Azile, afirmou que a campanha pela valorização dos bois de Costa de Mão é fundamental por se tratar de um bem cultural em risco. “A ideia é dar visibilidade e assegurar o reconhecimento da expressão como parte do conjunto de sotaques do Bumba-meu-boi. A extinção de um sotaque pode inclusive comprometer a revalidação do título de patrimônio cultural brasileiro atribuído ao Bumba-meu-boi”, alertou.
Para Eliezer Gomes Martins, do grupo Boi Brilho da Sociedade, de Cururupu, a campanha precisa ir além dos festejos juninos. “É necessário que a história do sotaque Costa de mão chegue de forma pedagógica nas escolas, que se desperte a curiosidade dos mais jovens, seja pelo diferencial do ritmo e instrumental, seja pela necessidade de renovação sem perder a essência”, comentou.
A campanha pela valorização do sotaque dos Bois de Costa de mão, lançada pela Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão, está sendo desenvolvida em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e do Turismo (Sectur), Secretaria Municipal de Cultura de São Luís (Secult), Conselho Estadual de Cultura (Consec), Conselho Municipal de Cultura (Concult), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Comissão Maranhense de Folclore (CMF), Federação das Entidades Folclóricas e Culturais do Estado do Maranhão (FEFCEMA) e Central de Bumba-meu-boi do Sotaque da Baixada e de Costa de Mão.
Sotaque Costa de Mão
Conhecido pela batida do pandeiro que é feita com as costas das mãos, os grupos são originários da região do Litoral Ocidental Maranhense, tendo como berço o município de Cururupu. Tem um ritmo cadenciado marcado por instrumentos de percussão, como caixa, maracá e pandeiro. A indumentária é caracterizada pela riqueza dos bordados em calças, casacos e chapéus. São originários de grupos dos municípios de Cururupu, Serrano do Maranhão, Bacuri e São Luís. Na cultura popular maranhense, representam, com o sotaque de Zabumba, a identidade do povo negro dentro do Bumba-meu-boi.