Indefinição das sedes da Copa atrasa investimentos
Mesmo ainda “faltando tudo” para que o Brasil possa realizar a Copa do Mundo de 2014, como afirmou o secretário geral da Fica Jérôme Valcke, parece que essa situação vai demorar a se resolver. A incerteza sobre a confirmação das doze cidades-sede noevento tem assustado os investidores.
Questões políticas têm impedido a definição dos locais, ao mesmo tempo em que o Comitê Organizador Local prefere não se posicionar, o que tem levado à manutenção dos projetos para 2014 no papel. Enquanto isso, investimentos em melhoras do trânsito nas cidades-sede e em aeroportos continuam parados, além da indústria hoteleira ter de esperar para realizar investimentos de grande porte em infraestrutura e treinamento de pessoal.
Em entrevista ao repórter Daniel Lian, Alexandre Sampaio, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, apontou que é preciso agir logo e que sejam criada regras claras para guiar os investimentos da iniciativa privada.
“O empresariado está disposto a investir, existe uma percepção de custo-benefício adequada para que esse retorno venha a se concretizar. Eu acho apenas que os governos municipais e o próprio governo federal, no tocante às negociações com a Fifa e com a CBF, devem agilizar os processos e ter essas definições, porque a iniciativa privada responderá adequadamente, desde que tenha regras claras e transparentes com mais antecedência possível”, disse.
Além dos setores básicos de infraestrutura que deverão ser adequados para receber a Copa de 2014 no Brasil, o entretenimento e a alimentação também terão de apresentar mudanças. Os cardápios terão de atender às necessidades do público, com tradução em inglês, além da capacitação de funcionários e treinamento bilíngue, que serão indispensáveis para receber os turistas no evento.
Para Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, além dos investimentos deverá haver uma revisão na legislação trabalhista para facilitar os empregos de meio-período.
“Em todo o mundo desenvolvido – nos EUA, na Europa, fora do Brasil – a mão-de-obra desse setor é praticamente dividida meio a meio entre mensalistas, que são aqueles profissionais que trabalham o mês inteiro, e os profissionais que trabalham por hora. (…) E, infelizmente, nossa legislação não facilita que isso seja feito. Portanto, nosso setor não oferece essa oferta de emprego para 4 horas de trabalho, para 6 horas de trabalho, que permitiria que o jovem conciliasse escola junto com o trabalho e isso é muito positivo”, afirmou.
Apesar de alguns problemas, a Copa do Mundo da África do Sul foi marcada por uma organização competente, com avaliação muito positiva pela Fifa. Após o Mundial de 2010, a responsabilidade fica com o Brasil, que ainda luta para decidir quais serão as cidades-sede.
São Paulo, a cidade com a melhor estrutura aeroportuária do país, ainda precisa apresentar um novo projeto de estádio para poder se candidatar a receber a abertura do evento. A lentidão brasileira alarmou até a Fifa, que anunciou que vai abrir um escritório da entidade no Rio de Janeiro para pressionar o país a acelerar as obras e verificar a capacidade dos hotéis.