21 de setembro de 2014
Atrasos, mudanças de regras, desorganização e o agradecimento suspeito à apresentadora Paulinha Lobão marcaram o embate da TV Maranhense entre os candidatos a governador do estado, com a participação de Flávio Dino (PCdoB), Edinho Lobão (PMDB) e Luis Pedrosa (PSOL).
Iniciado com quase uma hora de atraso, o debate foi conduzido de forma a favorecer o candidato da oligarquia Sarney a governador. Ao final, descobriu-se pelo mediador Kim Lopes que a mulher de Edinho foi uma das organizadoras do encontro.
Marcado para às 22h, o debate começou quase uma hora depois, em razão do atraso da assessoria de Edinho Lobão, que chegou ao estúdios da TV Maranhense por volta das 22:15. Houve muita confusão nos bastidores. O marqueteiro Antonio Melo, da coligação Pra Frente Maranhão, insistia em tumultuar o sorteio das perguntas e desrespeitar as regras de posicionamento e de blocos.
Irônico e visivelmente alterado, Edinho se esquivou de responder todas as questões levantadas por Dino e Pedrosa. Fugiu de perguntas sobre a refinaria, clínica fantasma e sobre o caos na segurança pública. Zombando da cara dos maranhenses, ele chegou a dizer que a quantidade de homicídios no Maranhão ainda é pequena, mesmo diante da comprovação de que esse número triplicou nos últimos anos. Em outra fala, Edinho reafirmou seu compromisso de implodir a Penitenciária de Pedrinhas, com a justificativa de que a penitenciária está na área nobre de São Luís. Disse também que os finados ex-governadores Jackson Lago e Luis Rocha estão na coligação do “comunista”
Dino alfinetou o adversário por diversas vezes, fazendo referência a temas como grilagem e ética na vida pública. Seguro, o ex-presidente da Embratur foi bem avaliado por internautas e telespectadores ao responder sobre propostas, alianças e os recordes de sua gestão na área do turismo
No ponto alto do debate, ele cobrou insistentemente do adversário Edinho Lobão que devolva o dinheiro que recebeu do governo do Estado pelo aluguel de um prédio onde nada funcionou durante meses. É o edifício do que foi chamado de “clínica fantasma”
.
“Deixaram lá uma clínica fantasma que só passou a funcionar depois que a oposição denunciou. Correram e fizeram as obras necessárias. E nem sequer o candidato Edinho Lobão devolveu o dinheiro”.
Ex-funcionário da Difusora, o jornalista Kim Lopes mudou as regras do programa ao vivo, pautado por marqueteiros e assessores de Edinho. A manipulação da emissora em favor do candidato do grupo Sarney ficou nítida com a pergunta leviana do jornalista Bruno Leone. Orientado por Antonio Melo, o colunista social do Jornal Pequeno acusou o PCdoB de estar por trás das fugas de Pedrinhas e incitar os ataques a ônibus na capital.
No mesmo instante, explodiram nas redes sociais fotos de Leone tietando e participando de atos de campanha do dono da Difusora. Os dois são velhos conhecidos da high society de Brasília. A direção da TV Maranhense também tentou rifar, sem explicações, o jornalista Jorge Vieira do bloco de perguntas destinado à imprensa. A intenção era substituí-lo pelo tendencioso Linhares Junior. Vieira, porém, cobrou satisfação da diretora-geral da emissora, Katia Ribeiro, e foi mantido no posto.
No bloco das considerações finais, no entanto, foram expostas as reais intenções da emissora. Luis Pedrosa foi o primeiro a participar. Na sequência, Dino foi censurado por mencionar o caso da clínica fantasma. Sem explicar o motivo, o mediador cortou o microfone e diminuiu o tempo de oposicionista, o que provocou reações do candidato e de sua assessoria.
Próximo a se manifestar, Edinho zombou da censura ao adversário e continuou a atacá-lo covardemente. Em seguida, Kim finalizou o programa. Não sem antes agradecer a mulher de Edinho pelo apoio logístico que possibilitou a realização do debate.
A TV Maranhense pertence ao deputado estadual Manoel Ribeiro, aliado do governo Roseana Sarney na Assembleia Legislativa e amigo pessoal do oligarca José Sarney.
Nas redes sociais, Flávio Dino comentou o ocorrido. “O debate absurdo aconteceu em uma TV ligada e sob comando do grupo Sarney. Compareci porque acredito na democracia. A frase que foi censurada pela TV Maranhense (Band) era apenas um pedido para Edinho Lobão devolver o dinheiro que recebeu ilegalmente”.