Estourando em todo o Brasil no decorrer dos anos 1960, auge da ditadura militar, Jair Rodrigues era a alegria personificada em artista e as nuances que permeiam seu riso largo são aprofundadas em Jair Rodrigues: Deixa Que Digam, que estreia no CineBancários (Rua Gen. Câmara, 424) nesta quinta-feira (27), às 19h. Após vencer na categoria de Melhor Filme pelo Voto do Público na Mostra XIII Brazilian Film Festival, de Chicago, em 2022, o longa chega aos cinemas brasileiros pela distribuição da Elo Studios.
O filme traz imagens de arquivo e entrevistas com personalidades como Rappin’ Hood, Salloma Salomão, Raul Gil, Roberta Miranda, Bruno Baronetti, Hermeto Pascoal e Zuza Homem de Mello – em um dos últimos registros do musicólogo, falecido em 2020. Os filhos do cantor, Luciana Mello e Jair Oliveira, seu irmão Jairo Rodrigues e sua esposa, Claudine Rodrigues, também compartilham lembranças vividas ao seu lado.
À convite do diretor, Jairzinho interpreta seu pai em diversas passagens importantes e reflexivas do documentário.Nascido em um canavial de Igarapava (SP), em 1939, Jair trabalhou na roça até seus 10 anos. Antes de perseguir o sonho de ser cantor, foi engraxate e alfaiate – chegou a fazer dupla sertaneja com seu irmão, tornando-se Jair e Jairo. Mas logo conquistou o país com sua irreverência e potência musical.
O longa caminha entre momentos marcantes de Jair como apresentador no programa Fino da Bossa, ao lado de Elis Regina; a interpretação da música Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros; à sua liberdade artística em meio à ditadura militar, quando dava a parecer não se posicionar sobre política e não falar sobre racismo: “Jairzão não era um artista que se mostrou militante, mas nas entrelinhas, militava”, diz Rappin’ Hood em depoimento ao filme.