BERNARDO MELLO FRANCO
BRASÍLIA – Políticos são treinados para não dizer a verdade. Com raros deslizes, a cartilha tem sido seguida por todos os acusados de receber dinheiro do petrolão.
Enquanto doleiros e empresários assinam acordos de delação para confessar o que fizeram, os 35 parlamentares investigados na Lava Jato se mantêm de bico fechado.
Quando caminham até os microfones da Câmara e do Senado, é para repetir que não fizeram caixa dois, não receberam propina de empreiteiras e não tinham ideia do esquema de corrupção na Petrobras.
“Ninguém vai para a tribuna dizer que é culpado”, constatou o senador Omar Aziz (PSD-AM), em uma modorrenta sessão de terça-feira.
A intenção dele era defender um colega investigado, mas o discurso acabou revelando mais do que muitas peças de defesa lidas até aqui.
“Eu quero fazer um alerta a esta Casa: todos nós estamos sob suspeita”, afirmou Aziz. Faz sentido, já que os partidos de 80 dos 81 senadores receberam doações de empresas da Lava Jato nas eleições do ano passado.
“Eu não acredito que o proprietário da empresa A, B ou C ache a gente bonito e por isso bote dinheiro na nossa conta. Eu não acredito nessa história da carochinha”, prosseguiu.
O discurso estava promissor, mas Aziz pareceu se lembrar de alguma coisa e mudou de assunto. Se não é a beleza dos parlamentares, qual motivo levará as empreiteiras a repassar parte de seus lucros aos políticos? Fale mais, senador!
Nem toda a elite branca está contra Dilma Rousseff. Aos 85 anos, a decana das grã-finas cariocas, Carmen Mayrink Veiga, considera que “estamos indo bem” com a presidente, “uma corajosa”.
“Apesar de muito ocupada, está sempre impecável, com o cabelo arrumado e roupa bonita. Adorei esse terno verde que ela usou esses dias”, acrescentou a socialite, em entrevista à revista “Época”.