BRASIL – Há 46 anos, desde o lançamento do disco “Simples como fogo”, Marina Lima tem marcado gerações com sua voz, suas letras e sua autenticidade. Aos 70 anos, a cantora e compositora carioca segue contemporânea com sucessos como “Fullgás”, “Virgem” e “Pra Começar, esta última imortalizada pelo verso “ninguém vai colar os tais caquinhos do velho mundo”.
Marina Lima afirma se sentir livre
Em uma época em que a cena musical brasileira era majoritariamente masculina, Marina desafiou padrões.
“Quando comecei a carreira, ser mulher, cantora, compositora, instrumentista e bissexual era muito difícil, ainda mais me assumindo como eu sempre fiz”, recorda. “Apesar disso, sempre me senti livre para ser exatamente como eu sou, e isso se refletiu na minha música.”
Essa liberdade, segundo a artista, é o que faz com que seu trabalho atravesse gerações:
“Meu som sempre foi livre, e até hoje chega aos jovens que se inspiram a ser como quiserem porque eu sempre assumi tudo na minha vida.”, disse ao O Globo.
Parceria eterna com Antonio Cicero
Grande parte da obra de Marina foi construída ao lado do irmão, o poeta e filósofo Antonio Cicero.
“Juntos, ao longo da vida, compusemos quase 200 canções”, conta. Membro da Academia Brasileira de Letras, Cicero morreu em outubro de 2023, aos 79 anos, após realizar um procedimento de eutanásia na Suíça, devido ao avanço do Alzheimer.
“Ele partiu repentinamente para todos, inclusive para mim, mas a presença dele está por toda parte”, diz Marina, emocionada.
Nos shows, a cantora exibe um vídeo em homenagem ao irmão: “Durante esse momento, eu me sento para assistir junto com a plateia e toda vez me encho de emoção e saudade. Hoje, penso nele quase o show inteiro. Sinto como se estivesse cantando para ele.”
Marina Lima volta ao palco e ao estúdio
Radicada em São Paulo há 15 anos, Marina retorna ao Rio nesta sexta-feira (14) para se apresentar na Brava Arena Jockey, na Gávea – a poucos quilômetros do antigo Hotel Marina, hoje desativado.
“Antes, eu não gostava muito de subir no palco, não me sentia à vontade. Sempre gostei de estúdio, de compor, criar, gravar, mixar…”, revela. “Mas, com esse show que venho rodando o Brasil, eu me vejo feliz e inteira. Me sinto conectada com o público e devolvendo o amor que me dão há 45 anos.”
Enquanto percorre o país com a turnê de sucessos, Marina também prepara um novo álbum de inéditas, previsto para o próximo ano.
“Cheia de ideias”, ela afirma que era hora de retomar o processo criativo, seis anos após o disco “Novas famílias” (2018) e o EP “Motim” (2021).
Entre os parceiros do novo trabalho está Ana Frango Elétrico, com quem ela se aproximou após dividirem o palco em 2024:
“Adoro o trabalho musical dela, e ainda somos botafoguenses (risos). A convidei para fazer uma música comigo nesse disco novo. Fomos gravar e fiquei muito contente com o resultado.”

