Diante de impasse entre a Liesa e Crivella, Sá Leitão estuda repasse direto do governo federal ou patrocínio
BRASÍLIA — O novo ministro da Cultura, o carioca Sérgio Sá Leitão, terá como agenda prioritária ao assumir a pasta a ajuda ao carnaval do Rio de Janeiro. Após tomar posse amanhã no Palácio do Planalto, em Brasília, Leitão vai se reunir com o presidente da Liga das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, e os presidentes das seis escolas mais bem colocadas do carnaval deste ano — as campeãs Portela e Mocidade, além de Salgueiro, Mangueira, Grande Rio e Beija-Flor — para discutir a melhor forma de financiar o evento.
Antes mesmo do encontro, o pleito da Liesa já chegou ao ministro: ela quer ao menos R$ 6 milhões de verba federal para cobrir parte do rombo deixado pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Segundo pessoas próximas ao novo ministro, Leitão já sinalizou que ajudará com essa quantia. Para promoverem o carnaval deste ano, cada escola do Grupo Especial recebeu R$ 2 milhões da Prefeitura. Crivella reduziu o montante para R$ 1 milhão no próximo carnaval.
Agenda positiva para Temer
A discussão principal que terá que acontecer no Ministério da Cultura é a forma de financiamento, se via repasse direto do governo federal ou através de patrocínios. Ao GLOBO, o novo ministro disse que o MinC ainda vai analisar de que forma poderá ajudar, mas garantiu que vai se dedicar a este tema logo que assumir a cadeira deixada por Roberto Freire (PPS) em maio.
Depois da reunião com as escolas, a ideia de Sá Leitão é se reunir com Crivella, com quem disse ter “ótima relação”, e entender os motivos do corte da prefeitura.
— O Ministério da Cultura estará à disposição para ajudar, para que a gente possa ter um carnaval com a mesma força de sempre — afirmou, ressaltando a importância da festa para a economia do Brasil:
— O carnaval do Rio é uma das iniciativas mais importantes do país na área da economia criativa, em geração de renda e emprego, então obviamente a importância é muito grande. É bastante razoável que o Ministério da Cultura se preocupe e se dedique a esta questão, como inclusive já fez no passado — explicou.
Sá Leitão disse também que ainda é cedo para falar em valores que poderão ser injetados na festa do Rio:
— Nesse momento é cedo para dizer alguma coisa, quero primeiro tomar pé da situação e então refletir, com a equipe do ministério, a melhor forma de ajudar o Rio.
Interlocutores do presidente Michel Temer afirmam que, apesar de ele não ter tratado do assunto com Leitão na única conversa que tiveram em Brasília, a proposta tem tudo para prosperar. Argumentam que seria uma agenda positiva para Temer, num momento de crise política, já que no dia 2 de agosto os deputados decidirão o futuro do presidente, denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ministros do governo e parlamentares dizem que o valor pedido é “irrisório” perto do orçamento federal e do potencial positivo que a ajuda pode trazer.
O deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), que marcou o encontro do ministro com os representantes das escolas de samba, disse que Sá Leitão se prontificou a ajudar o Rio. Assim como Pedro Paulo, o novo ministro também trabalhou como secretário no governo de Eduardo Paes.
— O Sérgio mostrou total disponibilidade em ajudar o carnaval do Rio. Queremos pelo menos a cobertura do que o bispo tirou do Rio. Já conversei com o Sérgio, (o valor) é muito pouco para o governo federal, fácil de conseguir — disse o deputado, afirmando que o incentivo pode beneficiar Temer: