Ao pedir um prazo maior para concluir o inquérito que apura uma possível interferência política de Jair Bolsonaro na Polícia Federal, a delegada Christine Machado afirmou que um dos próximos passos é tomar o depoimento do presidente da República.
No pedido, encaminhado ao ministro do Suprmeo Tribunal Fedral (STF) Celso de Mello, nesta sexta-feira (29/5), a delegada federal afirma necessitar de mais 30 dias para concluir o inquérito.
O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acusou o presidente de pressionar para a troca de cargos-chave na PF por estar preocupado com familiares e amigos.
Continua depois da publicidade”O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência, seja diretor, superintendente, e realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm de ser preservadas. Imagina se na Lava-Jato, um ministro ou então a presidente Dilma ou o ex-presidente (Lula) ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações”, disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF.
Moro já deu o seu depoimento, apresentando trocas de mensagens pelo celular com Bolsonaro como prova do que diz. Outra evidência analisada é a reunião ministerial de 22 de abril, na qual Bolsonaro teria dito que interferiria sim na Polícia Federal.
A fala de Bolsonaro gerou duas versões. Enquanto Moro diz que se trata da prova de interferência ilegal na corporação, Bolsonaro diz que tinha preocupação com a segurança de seus familiares. Um depoimento do presidente ajudaria a esclarecer qual das duas versões está correta.