Conheça toda a turma do dinheiro no colchão
Veja a lista completa dos Tios Patinhas das eleições: os candidatos a presidente, governador, vice e senador que disseram guardar em casa grandes somas de dinheiro
Candidato a senador em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia é uma pedra no sapato para seu partido, o PMDB. Enquanto seu companheiro de estado e de legenda, o presidente da Câmara, Michel Temer, é o candidato a vice de Dilma Rousseff, Quércia apoia a candidatura de José Serra, do PSDB, e está na chapa que pretende levar Geraldo Alckmin de volta ao governo de São Paulo. Quércia declarou à Justiça eleitoral possuir R$ 1,2 milhão em espécie guardados na sua casa. Se ele trocar essa dinheirama em notas de R$ 2, a de menor valor hoje em circulação, ficará com 600 mil notas. Cada uma delas tem 14 centímetros de comprimento. Se Quércia colocar uma nota na frente da outra, percorrerá nada menos que 84 quilômetros. Certamente é o suficiente, com sobras, para conduzir Alckmin de sua casa até o Palácio dos Bandeirantes no dia 1 de janeiro, se for eleito, pisando em dinheiro.
Somente a possibilidade de concretizar desejos estranhos como o descrito acima pode explicar, nos dias de hoje, o gosto por guardar tanto dinheiro em espécie em casa. A trilha de notas sugerida para Quércia é algo tão bizarro quanto a piscina de patacas do Tio Patinhas. Num país sem inflação, com um sistema bancário sólido, por que tantos candidatos declaram à Justiça eleitoral guardar volumes tão altos de grana viva em casa?
Pode não servir para explicar tudo, mas declarar altas somas de dinheiro fora do sistema bancário ajuda a acertar contabilidades que, de outras formas, não fechariam. É impossível verificar a existência de tal dinheirama. Se alguém quiser atestar se de fato o dinheiro existe, bastará ao dono dizer que o gastou na véspera. Será simplesmente impossível rastrear-se para saber se é verdade. Guardar altas quantias em casa, porém, não é algo irregular. É um fato. E a explicação dada por todos os candidatos que assim fazem para explicar tal hábito. A começar pela candidata do PT, Dilma Rousseff, que diz ter R$ 133,3 mil no seu cofre, ou no seu colchão.
Quércia é o dono do colchão mais polpudo, mas está longe de ser o único dos candidatos a cargos eletivos em outubro que revela ter esse estranho hábito. O Congresso em Foco levantou toda a turma do dinheiro no colchão que disputa este ano cargos majoritários. Ficaram de fora os descrentes no sistema bancário que concorrem para o Legislativo, como deputados federais, distritais ou estaduais.
Depois de Quércia, quem possui a maior fortuna fora dos bancos é Nilo Coelho, candidato a vice-governador de Paulo Souto, do PSDB, na Bahia. Ele afirmou ter R$ 912,6 mil em casa. O senador Romero Jucá (RR), líder do governo, é outro caso curioso: diz ter R$ 548 mil guardados em casa. Isso representa nada menos que 89% de tudo o que Jucá declarou. A menor quantia declarada pertence a Toninho do Psol, candidato a governador do Distrito Federal, que disse ter em casa R$ 2 mil.
Veja quem declarou guardar dinheiro em casa
CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA
Dilma Rousseff (PT) – R$ 133,3 mil
CANDIDATOS A GOVERNADOR, VICE E SENADOR
ALAGOAS
VICE-GOVERNADOR
Galba Novais (PRB)- R$ 20 mil (vice de Fernando Collor, do PTB)
AMAZONAS
GOVERNADOR E VICE
Omar Aziz (PMN) – R$ 50 mil
José Melo (PMDB) – R$ 200 mil (vice de Omar Aziz, do PMN)
SENADOR
Eduardo Braga (PMDB) – R$ 100 mil
Vanessa Grazziottin (PCdoB) – R$ 30 mil
AMAPÁ
GOVERNADOR E VICE
Lucas (PTB) – R$ 85 mil
Jaime Nunes (PSDC) – R$ 240 mil
BAHIA
VICE-GOVERNADOR
Nilo Coelho (PSDB) – R$ 912,6 mil (vice de Paulo Souto, do PSDB)
RIO GRANDE DO SUL
GOVERNADOR
Nubem Medeiros (PCB) – R$ 5,4 mil
SENADOR
Germano Rigotto (PMDB) – R$ 160 mil
CEARÁ
SENADOR
Eunício Oliveira (PMDB) – R$ 153 mil
DISTRITO FEDERAL
GOVERNADOR E VICE
Filipelli (PMDB) – R$ 20 mil (vice de Agnelo Queiroz, do PT)
Toninho do Psol – R$ 2 mil
Joaquim Roriz (PSC) – R$ 160 mil
Jofran Frejat (PR) – R$ 250 mil (vice de Joaquim Roriz)
GOIÁS
VICE-GOVERNADOR
José Éliton (DEM) – R$ 20 mil (vice de Marconi Perillo, do PSDB)
Ernesto Roller (PP) – R$ 68 mil (vice de Vanderlan, do PR)
SENADOR
Lúcia Vânia (PSDB) – R$ 320 mil
MATO GROSSO DO SUL
GOVERNADOR
Zeca do PT – R$ 60 mil
SENADOR
Dagoberto Nogueira (PDT) – R$ 160 mil
MINAS GERAIS
GOVERNADOR
Hélio Costa (PMDB) – R$ 24 mil
Zé Fernando Aparecido (PV) – 37 mil
PARÁ
SENADOR
Flexa Ribeiro (PSDB) – R$ 265 mil
PARAÍBA
SENADOR
Wilson Santiago (PMDB) – R$ 200 mil
Vitalzinho (PMDB) – R$ 215 mil
PARANÁ
GOVERNADOR
Amadeu Felipe (PR) – R$ 55 mil
Rodrigo Rocha (PMDB) – R$ 10 mil (vice de Osmar Dias, do PDT)
SENADOR
Roberto Requião (PR) – R$ 400 mil
PIAUÍ
GOVERNADOR
João Vicente Claudino (PTB) – R$ 350 mil
Raimundo de Sá Filho (PSDB) – R$ 125,7 mil (vice de Silvio Mendes, do PSDB)
Wilson Martins (PSB) – R$ 50 mil
SENADOR
Ciro Nogueira (PP) – R$ 210 mil
Mão Santa (PSC) – R$ 95 mil
RIO DE JANEIRO
GOVERNADOR
Fernando Peregrino (PR) – R$ 2,5 mil
SENADOR
Carlos Dias (PT do B) – R$ 38 mil
Marcelo Cerqueira (PPS) – R$ 380 mil
RIO GRANDE DO NORTE
GOVERNADOR
Alvaro Dias (PDT) – R$ 120 mil (vice de Carlos Eduardo, do PDT)
Robinson Farias (PMN) – R$ 55 mil (vice de Rosalba Ciarlini, do DEM)
RORAIMA
SENADOR
Lauro Barreto (PHS) – R$ 50 mil
Romero Jucá (PMDB) – R$ 545 mil
SANTA CATARINA
GOVERNADOR
Angela Amin (PP) – R$ 63 mil
Ideli Salvatti (PT) – R$ 50 mil
Manoel Dias (PDT) – R$ 80 mil (vice de Ângela Amin, do PP)
SENADOR
Hugo Bihel (PP) – R$ 130 mil
Paulo Bauer (PSDB) – R$ 27 mil
SÃO PAULO
GOVERNADOR
Fábio Feldmann (PV) – R$ 20 mil
Paulo Skaf (PV) – R$ 20 mil
Eliana Ferreira (PSTU) –R$ 60 mil
Afif Domingos (DEM) – R$ 380 mil
SENADOR
Aloyisio Nunes (PSB) – R$ 50 mil
Toni Curiati (PP) – R$ 30 mil
Orestes Quercia (PMDB) – R$ 1,3 milhão
SERGIPE
SENADOR
João Augusto Nascimento (PSDC) – R$ 100 mil
TOCANTINS
GOVERNADOR
Siqueira Campos (PSDB) – R$ 30mil
SENADOR
Vicentinho Alves (PR) – R$ 100 mil