Por Euclides Moreira Neto (*)
Evitei me manifestar publicamente nos últimos meses em relação às ações culturais da Prefeitura de São Luís desenvolvidas na cidade, pois preferi manter-me neutro naquele período pré-eleitoral, embora nos bastidores eu tenho trabalhado muito para eleger o candidato que saiu vitorioso, Eduardo Braide, por entendermos que era a via que mais atendia às aspirações dos praticantes do campo cultural da cidade e por seu programa de governo ser o mais congruente com as necessidades das manifestações e grupos culturais locais, que há oito anos vem sofrendo com a falta de políticas públicas para essa área.
Não vou repetir aqui a relação dos mais de 10 (dez) equipamentos e ações que foram desativadas ou deixaram de ser executadas na atual gestão, pois isso já foi bastante citado por mim e por outros atores atuantes do campo cultural. Mas, um fato não pode deixar de citar: as atividades de entretenimento que foram retomadas no final do último mês de outubro e início do mês de novembro (na reta final da campanha eleitoral que escolheu os novos representantes da cidade, portanto, no mês da eleição do pleito municipal), quando movimentou cerca de doze espaços públicos da cidade e que, ironicamente funcionaram por dois ou três finais de semana, deixando parte da nossa população bastante satisfeita com essa retomada, entretanto, após a decisão da população da cidade de ter elegido seu novo Prefeito, a atual gestão sumiu e deixou de executar essas ações.
Como eu havia desconfiado essa retomada era nada mais que uma estratégia eleitoreira para enganar “besta”, ou os eleitores menos desavisados, como queiram. Neste fim de semana a Prefeitura, por meio de sua inoperante Secretaria Municipal de Cultura não realizará nenhuma atividade nas nossas praças, creio que até a Feirinha (que é uma ação ligada à SEMAPA – Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca) não deverá ocorrer.
Dessa forma fica claro que as ações aqui mencionadas eram nada mais que artifícios burocráticos para conseguir votos e eleger os candidatos simpáticos dos detentores do poder. Lamentável, pois a população da cidade já está com a pulga atrás da orelha e soube com a independência que lhes é de direito fazer sua escolha, a qual eu, pessoalmente, considerei correta. Assim, nos próximos quatro anos vão caminhar com a orientação do novo Prefeito eleito, Eduardo Braide.
Alguns poderiam perguntar, mas a Prefeitura nesta semana está executando o Festival Canta São Luís, atendendo parte do segmento musical?. Sim, está, e segundo minha percepção, foi mais uma ação que caiu de surpresa, sem discussão com a comunidade interessada e, infelizmente, ficando a suspeita de que houve a prática de ilicitudes, como o superfaturamento ou lavagem de recursos desse campo tão maltratado pela gestão que está a acabar seu mandato. Mas, essas suspeitas são atribuições para que o Ministério Público e os vereadores, que representam a população da cidade, investiguem, aprovem ou reprovem as contas de prestação orçamentária que serão demonstradas nos setores de fiscalização e acompanhamento administrativos.
Nossa torcida é para que os recursos financeiros de origem públicos sejam aplicados corretamente e cheguem aos verdadeiros praticantes dessa área, pois além da falta de políticas públicas, esse campo vem sofrendo muito com o advento da pandemia da Corona vírus 19, que paralisou todas as suas ações e penalizou milhares de pessoas que dependem do funcionamento da cadeia produtiva da Cultura e do Turismo.
Temos consciência que o futuro gestor da cidade se comprometeu com esse segmento e nossa cidade está precisando de revitalização neste campo, pois a fantástica diversidade cultural que desenvolvemos na nossa região é fruto da ação de cidadãos comuns que se doam e dão sua alma para nossas manifestações continuarem vivas e atuantes como fator identitário de nossa gente. Pensem nisso. Continuamos a atravessar os efeitos da Pandemia do Covid 19, mas agora com novas esperanças à vista.
São Luís, 04.12.2020.
(*) Professor Mestre em Comunicação Social e Investigador Cultural.
