Bastou terminar a Copa do Mundo para os torcedores racistas da Rússia saírem da toca. Um grupo de ultras do Torpedo Moscou (clube que está na Segunda Divisão) chamado Zapad-5 (zapad, em russo, significa “ocidente” e também é o nome que se dá a exercícios militares) protestou contra a contratação do jogador negro Erving Botaka-Yoboma – que tem nacionalidade russa e é de origem congolesa. Ele estava no Lokomotiv Kazanka, o time “B” do Lokomotiv Moscou.
“Preto é uma das cores do clube, mas entre os torcedores só temos brancos”, era a mensagem de uma das faixas exibidas pelos torcedores.
A atitude do grupo foi veementemente condenada pelo dono do clube, Roman Avdeyev. “São uns idiotas. A cor da pele nunca foi e nunca será um critério para contratarmos jogadores.”
O presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol da Rússia, Alexander Zotov, também opinou sobre o caso. E usou o comportamento dos torcedores russos durante o Mundial como exemplo de que o protesto de uma torcida organizada do Torpedo é um caso isolado. “O grupo que fez isso não representa os torcedores da Rússia. Pessoas assim existem em todos os países. A Copa do Mundo mostrou que somos um povo aberto e acolhedor.”
Antes da Copa a Fifa temia que casos de racismo pipocassem nos estádios durante a competição porque os torcedores russos são conhecidos por insultar jogadores negros com frequência – os clubes do país já foram punidos várias vezes pela Uefa (União Europeia de Associações de Futebol) por causa do comportamento racista de seus torcedores, e o amistoso que a Rússia disputou com a França em março em São Petersburgo foi marcado por ofensas racistas e imitações de macaco quando jogadores negros como Pogba, Kanté e Dembélé pegavam na bola. Mas durante a Copa tudo correu bem e não houve registro de casos de racismo nos estádios, assim como também não houve manifestações contra gays nem brigas provocadas por hooligans – outros dois pontos que preocupavam a Fifa.