A atriz Regina Duarte aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ) e é a nova secretária Nacional de Cultura do governo. Ela ocupa o cargo deixado pelo dramaturgo Roberto Alvim, exonerado na última sexta-feira (18) após ter protagonizado um vídeo com referências nazistas e ter parafraseado Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do regime de Adolf Hitler.
O anúncio aconteceu após uma reunião, realizada nesta quarta-feira (29), entre Regina Duarte e o presidente. A atriz chegou a Brasília no início da tarde e analisou a estrutura da Secretaria da Cultura.
Do convite à decisão, foram 12 dias. O nome de Regina começou a ser ventilado no Planalto ainda na sexta (18), logo após a saída de Alvim, por influência da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Na segunda-feira (20), a atriz teve uma reunião com presidente, na qual discutiram o “futuro da Cultura do Brasil”, e deixou o Planalto afirmando que estavam noivando e, na terça-feira iniciou um “período de testes”.
Ao chegar em Brasília na quarta-feira (22) disse que era preciso ir “com tempo”. “Não, hoje não. Ei, pera aí, noivado é noivado. Vou continuar conversando, noivando”, disse a atriz. O presidente teria ainda dado “carta branca” à atriz para rever nomeações feitas anteriormente na pasta.
A Secretaria Especial da Cultura ficou a cargo das atividades do antigo Ministério da Cultura, extinto por Bolsonaro logo no início da sua gestão, e passou a ser atribuição do Ministério do Turismo.
Diante dos rumores sobre a pasta voltar a ter um status de ministério numa eventual gestão dela, a atriz se mostrou indiferente. “Não sei e não acho que isso é importante agora”, opinou, que disse ainda ter “uma porção de coisa” para ajustar na área cultural, mas sem entrar em detalhes.
Regina Duarte é uma das maiores apoiadoras de Bolsonaro no mundo artístico. Em 2018, durante campanha eleitoral, ela participou de um ato a favor do então candidato do PSL na Avenida Paulista, em São Paulo.
Ela chegou a afirmar, em declaração ao jornal “O Estado de São Paulo”, que Bolsonaro é “um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homofóbicas, mas é da boca pra fora”.
QUEDA DE ALVIM
Roberto Alvim, foi demitido pelo presidente na última sexta-feira (17). Alvim acabou exonerado após a repercussão negativa de um discurso em que parafraseou um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do governo de Adolph Hitler, na Alemanha nazista.
Alvim foi o terceiro titular da Cultura no governo Bolsonaro. Em agosto, o então secretário Henrique Pires deixou o cargo após polêmica envolvendo filmes com temática LGBT. À época, ele afirmou que preferia sair a “bater palma para censura”.
Posteriormente, o economista Ricardo Braga foi alçado ao cargo, mas acabou sendo indicado para chefiar uma secretaria do Ministério da Educação após cerca de dois meses.
CARREIRA
Caso assuma a Secretaria Nacional de Cultura de Bolsonaro, Regina precisará sair da TV Globo. “A atriz Regina Duarte tem contrato vigente com a Globo e sabe que, se optar por assumir cargo público, deve pedir a suspensão de seu vínculo com a emissora, como impõe a nossa política interna de conhecimento de todos os colaboradores”, informou a TV Globo, em nota, diante do convite.
Militante política há muitos anos, Regina chegou a fugir da polícia durante a ditadura militar e subiu no mesmo palanque que Lula da Silva durante as Diretas Já. Ela lutou pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.
Regina está contratada pela TV Globo há cerca de 50 anos. Ela estreou no canal em 1969, como protagonista de ‘Véu de Noiva’, de Janete Clair. Com o título de Namoradinha do Brasil, seu último trabalho na emissora foi em 2017. A veterana a cafetina francesa Madame Lucerne, em ‘Tempo de Amar’.
No canal ela ainda trabalhou em sucessos como ‘Irmãos Coragem’ (1970 e 1995), ‘Malu Mulher’ (1979), ‘Roque Santeiro’ (1985), ‘Vale Tudo’ (1988), ‘Rainha da Sucata’ (1990), ‘Por Amor’ (1997), ‘Páginas da Vida’ (2006), ‘O Astro’ (2011).