12/02/2025

SOTAQUE – POR HERBERTH DE JESUS SANTOS

Beija-Flor atacará São Luís?(1)

Quem conhece a Madre de Deus, cunhada por mim, no  premiado livro Bazar São Luís (Artigos Para Presente e Futuro), A Capital do Estado de Espírito de São Luís,  vai apreciar o prefácio de Tudo a Ver com o Peixe de São Pedro (A Festa do Pedro Santo, o Padroeiro dos Pescadores, no Bairro Madre de Deus), um dos meus seis títulos, ainda inéditos, lamentavelmente, assinado pelo professor de Literatura e da Academia Maranhense de Letras, José Neres, este, aqui,  já no fecho: “(… Dessa forma, o leitor que já conhece o bairro se sente bem à vontade para passear por ruas e becos, com permissão para adentrar nas casas, abancar-se e ter um dedo de prosa com cada uma das centenas de pessoas que povoam as páginas do livro. Já quem não está habituado com as tradições do lugar pode, a princípio, sentir certa estranheza, mas rapidamente se habituará com os ritmos que ecoam de cada esquina e, antes da metade do livro, já se sentirá familiarizado com as ruas que guardam a história de um povo trabalhador, digno e festeiro. Este livro que temos em mãos nos oferece várias oportunidades de leitura. Pode ser visto como um esboço de trabalho de cunho antropológico, como apontamentos para uma futura história do bairro, como trabalho artístico ou como forma de catarse. Mas, de qualquer forma, há de se destacar o senso crítico e a elegância estética desse escritor que há muito tempo vem lutando pelo resgate e pela valorização da cultura maranhense. Século XXI. Séculos depois de o jesuíta português encantar o Mundo com as metáforas de seu Sermão de Santo Antônio aos Peixes, Herbert de Jesus Santos brinda o nosso povo com um livro que tem tudo a ver com o peixe de São Pedro, com a grande festa de junho, com o dia-a-dia, com a história e com a essência de um povo que muito luta para manter viva a chama das tradições do bairro da Madre de Deus, de São Luís e do Maranhão como um todo. Em cada página, em cada linha, em cada imagem o autor cumpre com seu papel de cidadão apaixonado por sua terra e que deseja dividir com os amigos e leitores um pouco de seu vasto conhecimento sobre um passado que não pode ser esquecido, pois faz parte de nossa história. Então, acendam a fogueira, preparem a garganta, aqueçam todos os instrumentos, pois é hora de começar a ler esta obra em ritmo de toada, ao som das matracas, das orquestras e dos pandeirões, com a cadência do talento de Herbert de Jesus Santos e com as bênçãos de São Pedro e de todos os demais santos juninos.”

A Turma do Quinto envergonhada — Sem realce nomeado no texto magistral de José Neres, as quitandas de Zé Albino (na imediação do prédio da Febem) e de Felipe (na Rua São Francisco de Assis), e no Bar de Carrinho Barata, na Praça do Povo, especialmente aos sábados, domingos e feriados, funcionam qual uma caixa de ressonância das acontecências mais sentidas no bairro. Ali, em bate-papo com vultos da minha geração, mais recentemente, elogiaram a minha posição contra a lambança que resultou na ausência do desfile da Escola de Samba Turma do Quinto, a única de todas, eu pedindo, nos meios de comunicação, que a diretoria proceda à prestação de contas correta, em público, solicite sua demissão, para uma junta governativa realizar eleição com mais competentes e abnegados. Disse-lhes que, na Passarela do Samba Chico Coimbra, no domingo gordo, entrevistado por José Raimundo Rodrigues, apresentador do Maranhão TV e comunicador da Rádio Timbira, acentuei que Quem tem vergonha, não envergonha os outros, como fizeram com a gloriosa agremiação da Madre de Deus, e que, ela faz falta, e a há os que exibiram de sobra que não fazem!

Todos meus amigos de infância — Alguns, pescadores, contemporâneos e meus parceiros de matraca do Boi da Madre de Deus, num dos espaços supracitados, escutaram minha euforia pela aprovação da minha filha mais velha para lecionar na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), no Curso de Comunicação Social em que se graduou, e é mestra, e fará Doutorado, e ganhei, a um de fundo, um sincero “Amém, Betinho!”

Beija-Flor quer enredo de São Luís de novo? —- Na quitanda de Zé Albino (gerenciada por seu filho, produtor cultural, Antônio Toti, batendo sino e acompanhando a procissão),  saiu, por um entusiasta da Favela do Samba, que reside há um tempão, numa artéria do meu berço, bem no meu ouvido, que houve, há pouco, em São Luís, uma reunião entre o intérprete Neguinho da Beija-Flor, da escola de samba de Nilópolis (RJ), e Renato Dionísio, tuxaua da Favela do Sacavém e do Boi Pirilampo (Cohab), girando sobre o próximo enredo da agremiação carioca: Os prédios de São Luís.

Um Frankenstein milionário — Em 2012, com São Luís, o Poema Encantado do Maranhão, sobre os 400 Anos de São Luís, a Beija-Flor produziu um Frankenstein milionário para 12 parceiros, com retalhos das suas composições. Ali, a proposta dos compositores maranhenses Quirino do Cavaco, Carlos Cuíca e Neto Peperi, concorrendo em Nilópolis, bateria nos 12, se não houvesse apadrinhamento.

Resultado poderia ser muito melhor: O caso da Estácio — Com o objetivo de servir para impulsionar mais o Turismo do Maranhão, o governador do Estado, Carlos Brandão, foi um dos maiores entusiastas deste relevante Projeto com a Estácio de Sá, considerada a primeira escola de samba do Brasil. Todos nós estávamos torcendo a valer, para agremiação ser campeã do Grupo de Acesso (Série Ouro), e partir para o Grupo Especial, com um inesquecível desfile. Entretanto, com esse momento lastimoso, em que deixaram São Luís e o São João de biquíni, na Av. Marquês de Sapucaí, na Cidade Maravilhosa, sem força de expressão, não aflorando a competência da direção da escola de samba, sem nos causar uma boa impressão, não esperávamos um melhor resultado para ela com os nossos benquistos motivos da Cultura e da Religiosidade do Maranhão! Foi a oitava do grupo, e quase que desce mais para a Série Prata!

Prestando atenção ao hino —- Letra sem Dança do Coco, Dança Portuguesa, Lelê ou Pela-Porco, e forró pé de serra, e não constando na sinopse, além de “E de tantos outros ritmos que a gente até perde a conta”. São Luís do Maranhão é nome feminino; o certo seria Bendita seja São Luís do  Maranhão. Na sinopse, não há batizada em meu nome, e sim Um dia, disse Luís a João: — Dei meu nome a uma cidade/Que há pouco foi  fundada/Uma linda cidade.. Fica lá no Maranhão…”)                  Nome vem do Rei-Santo, não do Rei-Menino! Luís IX, o Rei-Santo de França, Cavaleiro das Cruzadas, deu margem para São Luís ser assim batizada, na Fundação, em 8.9.1612, autorizada pela Rainha-Mãe, a católica Maria de Médici, em nome do seu filho, Luís XIII, o Rei-Menino. A comissão julgadora observou os senões e decepou as asas da Estácio de Sá à ascensão.  Para que não acontecesse o fiasco, deveria haver um acompanhamento de quem conhece o riscado do carnaval de samba-enredo, até para dar um palpite bonançoso. Sugeri até alas coreografadas com estrelas do folguedo! Quem está bancando o fuzuê, tem o privilégio de fiscalizar também!