Academia Maranhense de Letras faz noite de lançamentos
Títulos integram a Coleção Documentos Maranhenses.
Carla Melo
Do Alternativo
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A Academia Maranhense de Letras (AML) lança hoje, às 19h, em sua sede (Centro), livros que integram a Coleção Documentos Maranhenses, uma coedição da AML e Alumar. Trata-se das obras Relação sumária das cousas do Maranhão, de Simão Estácio da Silveira; Poranduba maranhense, de Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres Maranhão, e os quatro volumes de Obras, de João Francisco Lisboa.
O livro Relação sumária das cousas do Maranhão, de Simão Estácio da Silveira é, nas palavras do pesquisador, professor e membro da AML Jomar Moraes, que assina esta edição do livro, “a primeira obra portuguesa a fazer uma propaganda empenhada e sistemática das delícias, vantagens, comodidades e abundâncias que o Maranhão oferecia, como dádiva dos céus, aos pobres de Portugal que se dispusessem a vir habitar a nova e auspiciosa conquista”.
Esta é a nona edição do livro. A primeira data de 1624 e foi feita em Lisboa, Portugal, com apenas 23 páginas. Simão Estácio da Silveira era um navegador português que desembarcou em terras maranhenses em 11 de abril de 1619. Sob o seu comando estava a nau capitânia da expedição de Jorge de Lemos Bitencourt. No navio vieram aproximadamente 300 pessoas, entre homens e mulheres que chegaram com a intenção de aumentar a população de São Luís, que até aquele momento era pequena e se ocupava, principalmente, em defender o lugar de invasores estrangeiros.
Com o aumento da população, logo houve a necessidade de uma maior e mais efetiva organização urbana. Desta forma foi instalada em São Luís a Câmara, da qual Estácio da Silveira foi eleito juiz. Assim, em dezembro do mesmo ano, regressou a Portugal credenciado pela Câmara como procurador da Conquista do Maranhão.
Jomar Moraes explica, na introdução da obra que Simão Estácio da Silveira lutou muito para ser empresário da colonização do Maranhão e do Grão-Pará. “Neste sentido, de Lisboa e de Madri dirigiu petições ao rei, ora propondo um novo itinerário para a prata extraída do Peru, ora buscando arrendar a exploração do pau-brasil. Do muito que pleiteou nada obteve, porém”, diz Jomar Moraes.
Para o pesquisador, foi exatamente este espírito de desbravador que o motivou a escrever Relação sumária das cousas do Maranhão. “É fora de qualquer dúvida que muitos portugueses vieram para o Maranhão graças à propaganda empenhada de Simão Estácio da Silveira”, frisa Jomar Moraes.
Outro lançamento da noite será Poranduba maranhense – ou relação histórica da província do Maranhão, de Frei Francisco de Nossa Senhora dos Prazeres Maranhão. Trata-se da terceira edição da obra, que foi editada pela primeira vez em 1891 e reeditada em 1946. O livro é o resgate de uma obra rara da bibliografia historiográfica maranhense. Além disso, esta é a primeira edição da obra sob a forma de livro, já que as duas anteriores foram feitas em revistas.
Obras – Em lançamento hoje também estará a quarta edição completa de Obras, de João Francisco Lisboa. A base para o trabalho foi a primeira edição, publicada entre 1864 e 1865. De acordo com o pesquisador Jomar Moraes, os quatro volumes celebraram o bicentenário do nascimento de João Francisco Lisboa e o IV centenário de fundação de São Luís, ocorridos ano passado.
Considerado muito mais um jornalista que um literato, João Francisco Lisboa é um dos fundadores da crítica nacional. Foi um homem à frente de seu tempo e não apenas relatou a situação política e histórica do Maranhão, mas o fez sob uma abordagem considerada por seus estudiosos até hoje muito atual no que diz respeito a aspectos jornalístico, historiográfico, político, literário, de linguagem, entre outros.
Os quatro volumes de Obras tratam, no primeiro número, sobre Eleição na Antiguidade, Eleições na Idade Média e Tempos Modernos, Partidos e Eleições no Maranhão; o segundo e o terceiro trazem Apontamentos, Notícias e Observações para servirem à História do Maranhão 1 e 2; e o último aborda Vida do Padre Antonio Vieira, Biografia de Manuel Odorico Mendes, Folhetins, Discurso sobre a anistia e A questão do Prata.
O trabalho do maranhense foi todo publicado em jornais e periódicos e, após sua morte, reunido nos quatro volumes que agora ganham nova reedição pelas mãos do pesquisador Jomar Moraes. “João Francisco Lisboa teve uma importância fundamental, é considerado o fundador da prosa brasileira e com esta edição queremos devolver a organicidade da obra dele”, diz Jomar Moraes.
A primeira edição de Obras data de 1864 e foi reunida pelo biógrafo Antonio Henriques Leal e por Luiz Carlos Pereira de Castro. A segunda chegou em 1901, por iniciativa do português Teófilo Braga. A terceira foi publicada em 1991.
Trajetória – Autodidata, João Francisco Lisboa era dono de uma cultura geral extraordinária, em especial no campo da História. O jornalismo entrou em sua vida ainda muito cedo, quando iniciou amizade com José Cândido de Moraes e Silva, redator do Farol Maranhense. Por ocasião da abdicação de Dom Pedro I, em 1831, ambos assinaram um manifesto público exigindo a expulsão e perda de cargos públicos de pessoas ligadas ao monarca. Por causa disso, o Farol Maranhense teve sua publicação suspensa e seu diretor precisou esconder-se por algum tempo.
Foi assim que, em agosto de 1832, João Francisco Lisboa publicou o primeiro número de O Brasileiro, sua estreia como jornalista. Editou ainda a segunda fase do Farol Maranhense, Eco do Norte e a Crônica Maranhense. Ocupou ainda cargos públicos como os de deputado provincial e geral.
O jornal de Timon – pseudônimo de origem grega adotado por João Francisco Lisboa – surgiu em 1852. Era, na verdade, um folheto composto por 100 páginas redigido por João Francisco Lisboa. De circulação mensal, os cinco primeiros números obedeceram a esta regra. Já os números 6 a 10 foram publicados em 1854 e compuseram um volume de 416 páginas.
Serviço
• O quê
Lançamento dos livros Relação sumária das cousas do Maranhão, de Simão Estácio da Silveira; Poranduba maranhense, de Frei Francisco de Nossa Senhora dos
Prazeres Maranhão, e Obras, de João Francisco Lisboa
• Quando
Hoje, às 19h
• Onde
Academia Maranhense de Letras (Rua da Paz, Centro)
• Preços
R$ 20,00 (Relação sumária das cousas do Maranhão);
R$ 30,00 (Poranduba maranhense);R$ 200,00
(quatro volumes de Obras)