Bois de Zabumba e Matraca se preparam para os encontros
O que já estava bom começa a ficar melhor, a partir de hoje, nos arraiais de São Luís. A festa que ganhou a capital desde o dia 13 de junho com as comemorações ao santo casamenteiro Santo Antônio, atingiu o clímax na noite da última quarta-feira (24) com fogueiras, balões e fogos de artifícios em homenagem São João, adentrando hoje, aos cinco últimos dias de festas com homenagens a São Pedro (29) e São Marçal (30), completando o ciclo junino maranhense de festividades.
A intensidade agora fica maior e o coração pulsa em estado de emoção com os encontros de bumba meu boi dos bairros da Madre Deus e do João Paulo, que começam na noite de São Pedro, numa festa que marca um amanhecer dos mais belos e coloridos na capela que leva o nome do santo e corre no sol de todo o dia, aquecendo com ajuda das fogueiras; pandeiros e pandeirinhos para uma prova tremenda da resistência do maranhense pelas suas tradições.
Com a procissão terrestre e marítima da imagem do santo padroeiro dos navegadores, São Pedro, a festa prossegue por todo o dia 29, com bênçãos e promessas, sendo a imagem reverenciada por brincantes e fieis. Um ritual que acontece quatro dias apóso batismo dos bois tradicionais, na véspera e no dia de São João, presenciada também por uma grande multidão que lota os arraiais da cidade, num misto de alegria, espalhado pelos bairros da capital maranhense, na homenagem ao santo padroeiro dos festejos juninos, São João.
Então, a pedida agora é o dia dedicado a São Pedro, quando inúmeros grupos de bumba boi se reúnem em frente à capela dedicada ao santo, na Madre Deus.
De acordo com os organizadores, a festa surgiu a partir da iniciativa de alguns pescadores daquele bairro, que se aventuravam desde o Rio Bacanga em direção à Baía de São Marcos para garantir o sustento das suas famílias. O dinheiro arrecadado com a venda dos peixes era destinado ao patrocínio da festa, sendo que, anualmente, uma determinada pessoa da comunidade era escolhida para organizar a manifestação religiosa. O festejo cresceu e os descendentes dos primeiros festeiros, atualmente, garantem a manutenção da tradição. Os grupos começam a se aglomerar desde a noite do dia 28 de junho, e amanhecem homenageando o santo dos pescadores, sob o calor das toadas que atravessam toda a noite.
Após São Pedro, logo no dia seguinte, 30 de junho, em São Luís, o dia é dedicado a São Marçal, que foi introduzido no calendário junino para promover ainda mais os festejos na capital devido à dimensão que um encontro de grupos tomou após anos na avenida daquele bairro. O local no qual se realiza a festa é o bairro do João Paulo. No passado, os grupos de bumba boi da ilha eram proibidos de realizarem a brincadeira no centro da cidade, de tal forma que só chegavam até esse bairro. A concentração foi se tornando cada vez maior. Com o passar do tempo, a brincadeira se popularizou, os grupos se apresentam normalmente em qualquer lugar, mas, a tradição do encontro do João Paulo permaneceu.
Desde a madrugada desse dia, os grupos vão se aglomerando, uns atrás dos outros, acontecendo um verdadeiro cortejo de batalhões pesados, que desfilam animadamente pela avenida principal do João Paulo. Em frente ao 24º Batalhão de Caçadores, soldados distribuem água para os brincantes e para a população, milhares de pessoas que se aglomeram em busca de um último fôlego para curtirem até o fim o derradeiro dia dos festejos juninos. Sob um calor escaldante ou debaixo de alguma chuva torrencial, a animação permanece a mesma, agitando a todos que prestigiam o grandioso espetáculo, sob o troar ininterrupto das matracas.