O jeito malandro foi sempre a marca registrada do cantor e compositor Bezerra da Silva. Era seu tipo de humor, mas não se tratava de uma mera piada, nem de recurso de marketing.
Pessoa simples, sem banca e de percepção afiada, o pernambucano radicado no Rio de Janeiro desfrutava da intimidade dos habitantes comuns do morro. E, ao invés de meramente retratá-los nas letras de suas músicas, convivia com eles e costumava revelar os sambas que eles faziam — ainda que tendo profissões como técnico de geladeira, encanador, carteiro ou removedor de cadáveres.
O documentário “Onde a Coruja Dorme”, que estreia em São Paulo, Rio, Minas Gerais, Bahia, Brasília e Pernambuco nesta sexta-feira (2), torna-se o veículo para transmitir essa espécie de filosofia de trabalho comunitária de Bezerra, definindo o território de sua inspiração sem pose.