
Caderno Alternativo – Jornal O Estado-MA- 06.02.18
Bloco tradicional Os Foliões homenageará o folguedo amazonense em um diálogo com o bumba meu boi maranhense; apresentação na Passarela do Samba será sábado, 10, às 23h
Bloco tradicional Os Foliões homenageará o folguedo amazonense em um diálogo com o bumba meu boi maranhense; apresentação na Passarela do Samba será sábado, 10, às 23h
A união das culturas amazônicas, tendo a figura do boi como personagem principal é o que promete o bloco tradicional Os Foliões que este ano levará para a Passarela do Samba o tema “É Foliões, É Caprichoso, É Garantido. Na Passarela, Vem Bumbar Comigo”.
A agremiação fará uma homenagem à cidade de Parintins, em especial aos bois Garantido e Caprichoso e, ao mesmo tempo, uma referência ao bumba meu boi do Maranhão.
Assinado pelo carnavalesco e desenhista Dew Rodrigues, que retorna ao bloco após seis anos, o tema, de acordo com o coordenador cultural do bloco, William Moraes Corrêa, “será a união do bumba meu boi do Maranhão ao boi bumbá do Amazonas, sendo que o auto amazonense é originário do folguedo maranhense.As culturas das Ilhas de Upaon-Açu e Tupinambarana estarão mais vivas e unidas do que nunca”, frisa o coordenador.
O repertório 2018 é assinado pelos compositores regionais Godinho, Luzian Filho, Josias Filho, Gilvan Mocidade, Gigi Moreira, Wilzon Bozzó, José Pereira Godão, Luiz Bulcão, César Nascimento, Mestre Walmir, entre outros, além dos parintinenses Hugo Levy, Adriani Aguiar, Chico da Silva, Ademar Azevedo e Mauricio Filho.
Entre as composições de destaque para o Carnaval 2018, está a da dupla Josias Filho e Luzian Filho que descreve a grandiosidade do bumba meu boi e do boi bumbá. A outra é de Gilvan Mocidade, Zé Lopes e Godinho e homenageia os encantos da Amazônia. A terceira leva a assinatura de Gigi Moreira e Gilvan e descreve a explosão de ritmos de São Luís e Parintins.
A harmonia ganhou adaptações para tornar o espetáculo o mais próximo possível do que acontece nas arenas, palcos e ruas por onde os dois famosos bois se apresentam. Ente as toadas dos bois Caprichoso e Garantido que foram adaptadas para a batida do bloco, estão “O Touro Negro e a Estrela Encantada”, “Povo Festeiro da Ilha”, “Os Camisas Encarnadas” e “Vermelho”. Para dar voz a este repertório, o trio de intérpretes do bloco Os Foliões formado por Jotha Júnior, Ivan Coracinha e Tunay Moura, está afinadíssimo.
Intercâmbio
Por conta do intercâmbio entre os grupos culturais, artistas de Parintins, Manaus (AM) e Porto Velho (RO) participarão das apresentações na capital maranhense. De acordo com William Moraes Corrêa, o intercâmbio continuará por todo o ano de 2018, quando serão desenvolvidas oficinas, cursos e outras ações, ao mesmo tempo que Os Foliões irão se apresentar na terra do boi bumbá.
A trupe convidada chegará a São Luís amanhã para acompanhar de perto os últimos preparativos para as apresentações do bloco. Entre eles, estão o artesão e coreógrafo manauara Edh Soares, responsável pela confecção e manipulação do Boi Caprichoso e que percorre o Brasil inteiro divulgando a cultura amazonense. Vem também o artesão, coreógrafo, dançarino e estilista Leandro Sousa, integrante dos quadros de dança do Boi Garantido e de bois de Porto Velho e a dançarina e coreógrafa Aga Maria, nome de destaque no cenário cultural do Amazonas e de Rondônia.
Sobre os principais desafios do tema escolhido, William Moraes Corrêa explica que foram a grandiosidade do mundo de Parintins. “Os bois possuem o mesmo auto e quase todos os personagens do bumba meu boi do Maranhão, uma vez que foram criados tendo o auto maranhense por fonte de inspiração. Mas, foram incorporados outros elementos do imaginário e do modo de viver amazônico. Transportar a força da organização, do artesanato, da indumentária, da musicalidade, da paixão que envolve tudo isso… além dos custos, que foram muito, muito elevados. As duas maiores dificuldades: adaptar a essência do universo do boi bumbá e os recursos para a produção do espetáculo de passarela e de rua. Tudo muito grande, brilhante, mutável”, explica. E tudo isso poderá ser visto no sábado, 10, às 23h, quando bloco passará pela avenida com mais de 180 componentes.
Prêmios
O bloco os Foliões coleciona diversos prêmios ao longo da carreira. Em 2017, o bloco ganhou três prêmios nacionais, sendo dois do Ministério da Cultura e um da Comissão de Cultura Popular, em reconhecimento aos trabalhos socioculturais da entidade. Além disso, houve o reconhecimento de Waldete Moraes Corrêa, o Cabeça Branca, como mestre da cultura popular brasileira, a exemplo do seu irmão, o saudoso mestre Walmir, fundador do bloco.
A agremiação também foi agraciada pela Associação Brasileira de Qualidade. A premiação foi um reconhecimento aos projetos da entidade em 2017 e será entregue no segundo semestre, no Clube Sírio Libanês, em São Paulo.