Centenários 2017 – personagens e obras
CENTENÁRIOS DE NASCIMENTO EM 2017
[Abaixo, Rápido Rápido Rápido rápido você encontrará Uma breve biografia de Cada Personalidade, Além de Indicações e Fontes Complementares de Pesquisa]
1 de janeiro – David Nasser – jornalista, escritor e compositor brasileiro
8 de janeiro – Gerardo Mello Mourão – escritor, jornalista e poeta brasileiro
25 de janeiro – Jânio Quadros – Presidente do Brasil em 1961
26 de janeiro – Antonio Callado – jornalista, romancista, biógrafo e teatrólogo brasileiro
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1 de março – Alice Esther Brueggemann – pintora, desenhista e professora brasileira
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3 de abril – Jayme de Sá Menezes – médico, biógrafo, historiador e professor brasileiro
23 de abril – Severino Araújo – clarinetista, compositor, arranjador e maestro brasileiro
25 de abril – Ella Fitzgerald – cantora norte-americana
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5 de maio – Dalva de Oliveira – cantora brasileira
16 de maio – Juan Rulfo – escritor mexicano
27 de maio – Frank Schaeffer – pintor, desenhista, gravador, ilustrador e professor brasileiro
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17 de julho – Alice Soares – pintora e desenhista brasileira
22 de julho – Maria Leontina da Costa – pintora, gravadora, desenhista, vitralista e azulejista brasileira
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14 de agosto – Decio de Almeida Prado – crítico de teatro brasileiro
21 de agosto – Josué Montello – escritor brasileiro
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1 de setembro – Paulo Porto – ator (rádio, teatro, cinema e televisão), diretor, roteirista e produtor brasileiro
11 de setembro – Carlos Puebla – cantor e músico cubano
21 de setembro – Herberto Sales – jornalista e escritor brasileiro
30 de setembro – Chacrinha – radialista e apresentador de televisão
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4 de outubro de 1917 – Violeta Parra – compositora chilena
21 de outubro – Lindanor Celina – escritora brasileira
23 de outubro – Júlio Resende – pintor brasileiro
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2 de dezembro – Mestre Didi (Deoscóredes Maximiliano dos Santos) – escritor, artista plástico/escultor, e sacerdote brasileiro
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? – Gastão Hofstetter – pintor, gravurista e ilustrador brasileiro
? – Jacintho Moraes – pintor e ilustrador brasileiro
100 ANOS DE SAUDADES (MORTE)
11 de fevereiro – Oswaldo Cruz – médico e sanitarista brasileiro
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27 de setembro – Edgar Degas – pintor
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22 de outubro – Manuel Lopes Rodrigues – pintor brasileiro
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11 de novembro – Maria Firmina dos Reis – escritora brasileira
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? – Maria da Cunha – escritora e jornalista brasileira
OUTRAS DATAS COMEMORATIVAS EM 2017
:: indicações no final da página.
100 ANOS DE NASCIMENTO
JANEIRO
David Nasser, jornalista, escritor e compositor – fonte: O Cruzeiro/Arquivo EM |
CENTENÁRIO DE DAVID NASSER
(jornalista, escritor e compositor brasileiro)
David Nasser nasceu em 1 de janeiro de 1917, na cidade de Jaú, SP. Filho de Alexandre e Zakia Nasser, casal de imigrantes libaneses. Com alguns meses de idade, a família transferiu-se para o Mato Grosso, residindo até seus quatro anos em Campo Grande e Três Lagoas. Com uma passagem de dois anos pelo Rio de Janeiro, foram para Caxambu, onde residiram de 1925 a 1930. Fez o curso primário no Grupo Escolar Padre Correia de Almeida. Aos 13 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde cursou o Instituto Superior de Preparatórios. Ainda estudante, ingressou no “O Jornal” pelas mãos de Vítor do Espírito Santo, onde teve como colegas de reportagem Vítor Nunes Leal, Arnon de Melo, Jaime de Barros, Caio de Freitas, entre outros. Em 1935, publicou como colaborador duas reportagens em “O Cruzeiro”. Neste mesmo ano foi para “O Globo”, onde permaneceu até 1943. Em 1944, casou-se com Isabel Audi e não tiveram filhos.
Considerado um dos mais polêmicos jornalistas do país, nunca, contudo, deixou de tomar partido a favor dos amigos. Desse modo, quando Francisco Alves foi vítima de processo de paternidade, ou quando Herivelto Martins separou-se litigiosamente de Dalva de Oliveira, escreveu crônicas, artigos e até livro, defendendo tanto o cantor quanto o compositor.
:: Fonte: Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira
Gerardo Mello Mourão – escritor e jornalista |
CENTENÁRIO GERARDO MELLO MOURÃO
Gerardo Mello Mourão nasceu em Ipueiras – Ceará, em 8 de janeiro de 1917. Jornalista, poeta e escritor. Membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Brasileira de Hagiologia e do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura do Brasil. Era um dos mais respeitados escritores brasileiros no exterior. Católico praticante, pertenceu ao movimento integralista, tendo estado preso dezoito vezes durante as ditaduras de Getúlio Vargas e de 1964-1985. Numa delas, ficou no cárcere cinco anos e dez meses (1942–1948). No documentário “Soldado de Deus” (2004)[1], dirigido por Sérgio Sanz, Gerardo Mello Mourão declara que saiu do integralismo no período em que esteve preso pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, e afirma, contundentemente, que “foi” integralista e não o era mais desde então. Em 1968 é novamente preso, acusado dessa vez de comunismo pelo AI-5 no período da ditadura militar; nessa ocasião divide cela com nomes como Zuenir Ventura, Ziraldo, Hélio Pellegrino e Osvaldo Peralva. Já na maturidade, foi candidato a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras e foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 1979. Em 1999 ganhou o Prêmio Jabuti pelo épico Invenção do Mar. Gerardo Mello Mourão é pai do artista plástico Tunga, que tem sua obra reconhecida internacionalmente.
Mello Mourão foi internado na Casa de Saúde São José, em Humaitá, Zona Sul do Rio de Janeiro, em Janeiro de 2007. Tinha problemas respiratórios e faleceu no dia 9 de Março de 2007, aos 90 anos, vítima de falência múltipla de órgãos. O velório decorreu na capela do próprio hospital, ocorrendo o enterro no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Gerardo Mello Mourão Considerado por Carlos Drummond de Andrade “o grande poeta brasileiro” e por Hélio Pellegrino “o nosso Dante”.
Obra
:: Cabo das tormentas. 1944.
:: A invenção do saber. 1983.
:: O valete de espadas. 1960.
:: O país dos Mourões. 1964.
:: Peripécias do Gerardo.1972.
:: Rastro de Apolo. 1977.
:: Os peãs.
:: O sagrado e o profano. 1979.
:: As vizinhas chilenas. 1979.
:: Suzana 3 – Elegia e inventário. 1998.
:: Cânon & fuga. 1999.
:: Invenção do mar. 1997. (Prêmio Jabuti de 1999)
:: O bêbado de Deus. 2001.
:: Algumas partituras. 2002.
:: O nome de Deus. Confraria 2 anos, 2007.
Biografia
:: A saga de Gerardo: um Mello Mourão. de José Luís Lira. Sobral|CE: Edições Universidade Estadual Vale do Acaraú, 2007.
um poeta
Hás de testemunhar ruínas
antes de existirem ruínas:
engenheiro de troços e destroços
empreitaras demolições —
desmoronaste muros.
Profeta — risca riscaste riscarás
roteiros de pássaros no ar — e riscas
calendários passados e futuros — riscas
a arquitetura dos escombros
antes durante e depois deles
os tempos ouvem ouviram e ouvirão
esses passos de pedra
que pisam pisaram pisarão
rosa, lírio, jasmim e às vezes
ovelhas imoladas.
Maios, janeiros, setembros e os outros meses
meses azuis e meses pluviais
te saúdam à beira das falésias à beira-mar à beira-rio
à beira-abismos à beira séculos:
piloto do naufrágio
governador dos tempos tetrarca dos milênios
arquivista — tabelião das eras
só os dias, poeta, e as noites, te conhecem
sabem teu nome
e nenhum outro nome.
– Gerardo Mello Mourão, em “Azougue 10 anos. Rio de Janeiro: Azougue, 2004.
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Outras fontes de pesquisa:
:: Antônio Miranda
:: Confraria do Vento
:: Jornal da poesia
:: Perspectiva online – Entrevista com Gerardo Mello Mourão
CENTENÁRIO JÂNIO QUADROS
Jânio Quadros – Presidente do Brasil (1961) |
Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo Grande, no então estado de Mato Grosso e atual capital do Mato Grosso do Sul, no dia 25 de janeiro de 1917, filho de Gabriel Quadros e de Leonor da Silva Quadros. Em 1935, ingressou na Faculdade de Direito. Formado, montou um pequeno escritório de advocacia no centro da capital e começou a lecionar em dois colégios.
Concorreu a vereador nas eleições de 1947, pela legenda do Partido Democrata Cristão (PDC), não obtendo votos suficientes para sua eleição. Porém, com a suspensão do registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a posterior cassação dos mandatos de seus parlamentares, sobraram muitas cadeiras na Câmara Municipal de São Paulo, onde o PCB possuía a maior bancada. Jânio foi um dos suplentes chamados a preencher esses lugares em 1948. Seu trabalho como vereador foi decisivo para projetá-lo na vida política paulista.
Seu prestígio cresceu tanto que em outubro de 1950 foi eleito deputado estadual. No exercício do mandato, percorreu todo o interior do estado, sempre insistindo na bandeira da moralização do serviço público e pedindo sugestões ao povo para resolver os problemas de cada região. A capital paulista assistiu, no início de 1953, à primeira campanha eleitoral para a prefeitura em 23 anos, desde a Revolução de 1930. Jânio foi lançado candidato do PDC em coligação com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), vencendo por larga margem as principais máquinas partidárias locais.
Assumiu a prefeitura aos 36 anos, e um dos seus primeiros atos foi promover demissões em massa de funcionários, iniciando uma cruzada moralizadora que marcou sua gestão. Em 1954 desincompatibilizou-se do cargo para candidatar-se a governador do estado de São Paulo. Vencendo as eleições, foi empossado governador em 31 de janeiro de 1955. Desde o início do seu governo, procurou ampliar seu espaço político no nível nacional, estabelecendo contatos com o presidente João Café Filho. A aproximação entre ambos criou condições mais propícias para o governo paulista realizar um trabalho de recuperação financeira do estado.
Com a posse de Kubitschek em janeiro de 1956, começou a aplicação do Plano de Metas. São Paulo foi o estado mais beneficiado com a implantação de novas indústrias e a concentração de crédito mas, apesar disso, Jânio permaneceu alinhado com a oposição udenista em relação a aspectos importantes da política econômica vigente. A expansão econômica de São Paulo nesse período se refletiu no aumento da receita tributária do estado e na criação de condições favoráveis à diminuição do déficit financeiro herdado dos governos anteriores.
A campanha para a sucessão presidencial de 1960 foi realizada em um quadro alterado pelas transformações econômicas e sociais ocorridas durante o governo de Kubitschek, cuja política desenvolvimentista provocou um grande crescimento das cidades.
No dia 20 de abril de 1959, um grupo reuniu-se na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro e fundou o Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ), lançando nessa ocasião a candidatura do ex-governador de São Paulo à presidência da República. Jânio venceu as eleições de 3 de outubro de 1960. No mesmo pleito, João Goulart foi eleito vice-presidente. Logo depois de eleito, Jânio viajou para a Europa, retornando pouco antes de sua posse.
Jânio Quadros e João Goulart foram empossados em 31 de janeiro de 1961. Contrariando a expectativa geral, o discurso de posse do presidente foi discreto e gentil, chegando a tecer elogios ao governo anterior. Porém, na noite desse mesmo dia, Jânio atacou violentamente o governo Kubitschek em cadeia nacional de rádio, atribuindo ao ex-presidente a prática de nepotismo, ineficiência administrativa e responsabilidade pelos altos índices de inflação e pela dívida externa de dois bilhões de dólares.
No início do seu governo, Jânio tomou uma série de pequenas medidas que ficaram famosas, destinadas a criar uma imagem de inovação dos costumes e saneamento moral. Também investiu fortemente contra alguns direitos e regalias do funcionalismo público. Reduziu as vantagens até então asseguradas ao pessoal militar ou do Ministério da Fazenda em missão no exterior, e extinguiu os cargos de adidos aeronáuticos junto às representações diplomáticas brasileiras.
Do ponto de vista administrativo, tentou uma maior centralização de poderes com a adoção de uma mecânica de decisões que diminuísse o peso do Congresso Nacional e ampliasse a esfera de competência da Presidência. Com o fortalecimento do movimento sindical e das ligas camponesas, e o crescimento dos conflitos sociais, começou a ganhar corpo um movimento político a favor das chamadas reformas de base e de uma reorganização institucional. O próprio movimento sindical estabeleceu relação ambígua com o governo, apoiando a política externa, combatendo a econômica e divergindo, em sua maioria, da proposta de abolição do imposto sindical, sustentada pelo ministro Castro Neves.
Em 13 de março de 1961, Jânio anunciou os rumos de sua política econômica em discurso transmitido por cadeia de rádio e televisão. Anunciou também uma reforma cambial que atendeu aos interesses do setor exportador e dos credores internacionais, punindo fortemente os grupos nacionais que haviam contraído financiamento externo durante a vigência da taxa anterior. Apesar da melhoria obtida na situação orçamentária, a reforma cambial foi combatida pelos partidos de oposição. Entretanto, esse conjunto de medidas do governo Jânio foi muito bem recebido pelos credores estrangeiros e resultou em novos acordos financeiros.
Governo Jânio Quadros (1961) – ‘Varrer a corrupção’ |
No dia 7 de julho de 1961, Jânio reuniu todo o seu ministério para estudar as reformas do imposto de renda e dos códigos penal, civil e de contabilidade. Enquanto desenvolvia uma política interna considerada conservadora e plenamente aceita pelos Estados Unidos, procurou afirmar no plano externo os princípios de uma política independente e aberta a relações com todos os países do mundo. Essa orientação provocou protestos de inúmeros setores e grupos que o apoiavam.
Também levou adiante seu projeto de estabelecer relações com as nações do bloco socialista. Em maio, recebeu no palácio do Planalto a primeira missão comercial da República Popular da China enviada ao Brasil. O mesmo fato se repetiu em julho com a missão soviética de boa vontade, que pretendia incrementar o intercâmbio comercial e cultural entre o Brasil e a União Soviética. As primeiras providências para o reatamento diplomático entre os dois países começaram a ser tomadas em 25 de julho, mas o processo só seria concluído durante o governo Goulart.
As relações entre os países americanos e os Estados Unidos foram debatidas em agosto na reunião extraordinária do Conselho Interamericano Econômico e Social, conhecida como Conferência de Punta del Este. Ao fim da reunião, Ernesto Che Guevara, ministro da Economia de Cuba, viajou para a Argentina e, depois, para o Brasil a fim de agradecer a posição tomada por esses dois países para impedir a discussão de qualquer tema político na conferência. Jânio aproveitou o encontro com Guevara para pedir, com êxito, a libertação de 20 padres espanhóis presos em Cuba e discutir as possibilidades de intercâmbio comercial por meio dos países do Leste europeu. Finalmente, em 18 de agosto condecorou o ministro cubano com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, o que provocou a indignação dos setores civis e militares mais conservadores.
Havia sido deflagrada uma grave crise política. A posse de João Goulart, então em visita oficial à China, seria o desdobramento legal da renúncia de Jânio Quadros. No próprio dia 25 de agosto ocorreram as primeiras manifestações populares. No dia 27 o presidente demissionário embarcou em um navio com destino a Londres, levando os chefes militares a cogitarem o envio de um barco de guerra para forçar seu desembarque em Salvador, onde tomaria um avião militar de volta a Brasília, plano que não foi concretizado. O Congresso aprovou o Ato Adicional promulgado em 3 de setembro, garantindo o mandato de Goulart até 31 de janeiro de 1966 em regime parlamentarista. Goulart foi finalmente empossado no dia 7 de setembro.
Jânio retornou da Europa a tempo de disputar o governo paulista e foi lançado pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN) e pelo Movimento Trabalhsita Renovador (MTR). Entretanto, não conseguiu unir novamente as forças que o haviam apoiado na eleição anterior, sofrendo sua primeira derrota eleitoral e ficando em posição relativamente marginal à vida política nacional até a eclosão do movimento político-militar que derrubou o governo Goulart em 31 de março de 1964.
Teve seus direitos políticos cassados em 10 de abril de 1964 por decisão do Comando Supremo da Revolução, passando, então, a dedicar-se a atividades privadas. Nesse período, participou da vida política de forma moderada e indireta, acompanhando candidatos e distribuindo declarações à imprensa, assinadas por sua esposa Eloá Quadros.
Com a política de distensão implantada pelo presidente Ernesto Geisel a partir de 1974, Jânio voltou a aparecer com alguma freqüência no noticiário político. Ao longo de 1977 e 1978, defendeu a convocação de uma assembléia nacional constituinte que promovesse a institucionalização do movimento de 1964 e implantasse uma “democracia forte”.
Com o início da organização de novos partidos políticos no segundo semestre de 1979, manifestou simpatia pelo Partido Trabalhsita Brasileiro (PTB), no qual ingressou oficialmente em 15 de novembro de 1980, sendo lançado candidato ao governo paulista na convenção realizada pela agremiação em abril de 1981. Com a divulgação da informação de que o governo proibiria coligações partidárias nas eleições de 1982, publicou um manifesto em 26 de junho de 1981, comunicando seu afastamento do PTB e defendendo a fusão de todos os partidos de oposição.
Depois de recusar convites dos partidos Democrático Trabalhista (PDT) liderado por Leonel Brizola e Democrático Republicano (PDR), que não chegou a obter registro definitivo na Justiça Eleitoral, Jânio se filiou novamente ao PTB em 3 de novembro e, no fim desse mês, anunciou que concorreria à Câmara dos Deputados e não ao governo paulista. Entretanto, voltou atrás dessa decisão e aceitou reassumir sua candidatura nos moldes anteriores. No pleito de novembro de 1982, concorreu ao governo de São Paulo na legenda do PTB, sofrendo aí a segunda derrota eleitoral em toda sua carreira política.
Em 1985 retornou ao centro da política lançando-se candidato à prefeitura de São Paulo pelo PTB, no pleito de 15 de novembro desse ano. Eleito, foi empossado em janeiro de 1986.
Concluiu seu mandato na prefeitura em dezembro de 1988. Em abril de 1989, realizou viagem de turismo pela Europa e Oriente Médio. Após seu retorno ao Brasil, em maio, filiou-se ao Partido Social Democrata (PSD).
Em novembro de 1990, já sofrendo problemas de saúde, Jânio foi abalado pela morte de sua esposa, Eloá do Vale, com quem teve dois filhos. Nos dois anos posteriores, seu estado de saúde agravou-se, vindo a falecer em 16 de fevereiro de 1992 em São Paulo.
:: Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001. | CPDOC/FGV.
Antonio Callado |
CENTENÁRIO ANTONIO CALLADO
Antônio Callado (Antônio Carlos Callado), jornalista, romancista, biógrafo e teatrólogo, nasceu em Niterói, RJ, em 26 de janeiro de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de janeiro de 1997.
Ingressou na Faculdade de Direito em 1936 e, no ano seguinte, começou a trabalhar, como repórter e cronista, em O Correio da Manhã. Iniciava aí uma carreira jornalística que lhe proporcionou muitas viagens e contato com alguns dos temas de sua obra.
Diplomou-se em Direito em 1939. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941, foi contratado pela BBC de Londres como redator, lá trabalhando até maio de 1947. Num período intermediário, de novembro de 1944 a outubro de 1945, trabalhou também no serviço brasileiro da Radio-Diffusion Française, em Paris (a sede do Serviço ficava nos Champs-Elysées e seu chefe era o escritor Roger Breuil). Em 1943, casou-se com a inglesa Jean M. Watson, com quem teve três filhos. Casou-se, em 1977, com a professora e jornalista Ana Arruda Callado.
Ao retornar ao Brasil voltou a trabalhar n’O Correio da Manhã e também passou a colaborar em O Globo. Foi redator-chefe do Correio da Manhã de 1954 a 1960, quando foi contratado pela Enciclopédia Britânica para chefiar a seção de uma nova enciclopédia, a Barsa, publicada em 1963. Foi em seguida redator do Jornal do Brasil, que o enviou, em 1968, ao Vietnã em guerra. Em 1974 esteve como Visiting Scholar em Corpus Christi College, Universidade de Cambridge, Inglaterra. Passou o segundo semestre de 1981 lecionando, como Visiting Professor, na Columbia University, Nova York. Aposentou-se como jornalista em 1975, mas continuou a colaborar na imprensa. Em abril de 1992 tornou-se colunista da Folha de S. Paulo.
Antonio Callado |
Além das atividades jornalísticas, dedicou-se sempre à literatura. Ainda jovem pôde ler, na biblioteca do pai, os autores europeus que mais tarde marcariam seu trabalho, sobretudo franceses e ingleses, como Proust e Joyce, ao lado de alguns brasileiros, como Machado de Assis e José de Alencar. Nos seus dois primeiros romances, Assunção de Salviano (1954) e A madona de cedro (1957), persiste uma nítida preocupação religiosa a informar e até mesmo a condicionar o transcurso da aventura e a temática. Mas o encontro entre o escritor e os principais temas de sua obra deu-se através do jornalismo, que o levou, além dos anos passados na Europa, a lugares como Bogotá, Washington, Xingu e Havana, que enriqueceram a sua bibliografia com livros de reportagem e obras literárias engajadas com as grandes questões de seu tempo. Entre os mais importantes, estão Quarup (1967), Bar Don Juan (1971), Reflexos do baile (1976), Sempreviva (1981), que apresentam um retrato do Brasil durante o regime militar, do ponto de vista dos opositores. Seu engajamento lhe custou duas prisões: uma em 1964, logo após o golpe militar, e outra em 1968, após o fechamento do Congresso com o AI-5.
Teatrólogo, reuniu quatro de suas peças no volume A Revolta da Cachaça, em 1983. Uma delas, Pedro Mico, encenada em muitas ocasiões, foi transformada em filme que teve como ator principal o ex-jogador de futebol Pelé. Em março de 1987 participou, em Paris, do Salon du Livre, a convite do Ministério da Cultura da França. Em novembro de 1990 representou o Brasil na semana “De Gaulle en son siècle”, comemorativa do centenário do General Charles de Gaulle.
Em 1958 recebeu, na Embaixada da Itália no Rio de Janeiro, a medalha da Ordem do Mérito da República Italiana. Em 1982 foi à Alemanha, como vencedor do Prêmio Goethe, do Goethe Institut do Rio de Janeiro, com o romance Sempreviva. Em setembro de 1985 recebeu, pelo conjunto de suas obras, o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal. Em outubro de 1985 recebeu, na Embaixada da França em Brasília, a Medalha das Artes e das Letras, das mãos do Ministro da Cultura Jack Lang; em maio de 1986, o prêmio Golfinho de Ouro, de Literatura, outorgado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro; em 1989, o troféu Juca Pato, da União Brasileira dos Escritores, por ter sido eleito “Intelectual do Ano”.
Era membro da The Corpus Association, do Corpus Christi College, Cambridge (Inglaterra).
Quarto ocupante da cadeira 8, foi eleito em 17 de março de 1994, na sucessão de Austregésilo de Ataíde, e recebido pelo acadêmico Antônio Houaiss em 12 de julho de 1994.
Antonio Callado, por Netto |
Obra
Romance
:: Assunção de Salviano. 1954.
:: A madona de cedro. 1957.
:: Quarup. 1967.
:: Bar Don Juan. 1971.
:: Reflexos do baile. 1976.
:: Sempreviva. 1981.
:: A expedição Montaigne. 1982.
:: Concerto carioca. 1985.
:: Memórias de Aldenham House. 1989.
Teatro
:: O fígado de Prometeu. 1951.
:: A cidade assassinada. 1954.
:: Frankel. 1955.
:: Pedro Mico. 1957.
:: Colar de coral. 1957.
:: Uma rede para Iemanjá. 1961.
:: O tesouro de Chica da Silva. 1962.
:: Forró no Engenho Cananeia. 1964.
:: A revolta da cachaça, reunião de quatro peças teatrais. 1983.
Crônica (reportagens)
:: Esqueleto na Lagoa Verde. 1953.
:: Os industriais da seca e os Galileus de Pernambuco. 1960.
:: Tempo de Arraes. 1965.
:: Vietnã do Norte. 1969.
:: Passaporte sem Carimbo. 1978.
:: Entre o deus e a vasilha. 1985.
:: Antonio Callado: repórter, reportagem. 2005.
Conto
:: O homem cordial e outras histórias. 1993.
Biografia
:: Retrato de Portinari. 1957.
:: Fonte: Academia Brasileira de Letras (ABL)
Outras fontes de pesquisa
:: Enciclopédia Itaú Cultural
:: Heloisa Buarque de Hollanda » Antonio Callado, profissão escritor
:: Releituras
MARÇO
Alice Esther Brueggemann |
CENTENÁRIO DE ALICE ESTHER BRUEGGEMANN
Alice Esther Brueggemann (Porto Alegre, RS – 1 de março de 1917 – Porto Alegre, RS – 22 de fevereiro de 2001). Pintora. Fez parte da primeira geração de alunas mulheres do Instituto de Belas Artes de Porto Alegre, graduando-se em 1944. Estudou pintura com Ado Malagoli e desenho com Luiz Solari. Em 1949 foi inaugurado o Espaço Cultural Correio do Povo com sua primeira exposição individual. Participou de exposições coletivas pelo país, como o 14º Panorama de Arte Atual Brasileira (1983) realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Seu trabalho como artista foi reconhecido através de várias premiações. Em 1977 recebeu a medalha Cidadã de Porto Alegre, uma homenagem da Prefeitura Municipal por sua dedicação em prol do desenvolvimento artístico e cultural da cidade. Juntamente com Alice Soares, Angelo Guido e Christina Balbão, criou a Escolinha de Arte da UFRGS. Lecionou também no Ateliê Livre da Prefeitura. Montou ateliê com Alice Soares no centro de Porto Alegre em 1957, onde trabalhou por mais de 40 anos.
:: fonte: UFRGS
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Outras fontes de pesquisa
ROSA, Renato; PRESSER, Décio. Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1997.
Algumas obras da autora
Sem título, 1995. Alice Esther Brueggemann |
Sem título, 1996. Alice Esther Brueggemann |
Menino Lendo, 1954. Alice Esther Brueggemann |
ABRIL
CENTENÁRIO DE JAYME DE SÁ MENEZES
Jayme de Sá Menezes médico, biógrafo, historiador e professor brasileiro. Fundou a Academia de Medicina da Bahia, foi presidente do IGHB e membro da Academia de Letras da Bahia. Nasceu em Salvador, no dia 3 de abril de 1917, sendo seus pais Arthur de Sá Menezes e Luiza América de Sá Menezes.
É descendente direto de Diogo da Rocha de Sá, sobrinho de Mem de Sá, terceiro Governador Geral do Brasil. Seu pai foi (com Arlindo Coelho Fragoso, Francisco da Silva e Lima, Alexandre Maria Bittencourt e outros) um dos fundadores da Escola Politécnica da Bahia, e seu professor honorário.
Fez sua formação humanística em sua cidade natal, onde ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo por ela diplomado em dezembro de 1944.
Foi Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, membro titular da Academia de Letras da Bahia, membro atuante do Centro de Estudos Baianos, membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, membro correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de Santos, Minas Gerais e Sergipe, membro da Academia Pan Americana de História da Medicina, Presidente do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins, professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Secretário de Saúde do Estado da Bahia (segundo Governo Juracy Magalhães), fundador da Academia de Medicina da Bahia e sócio atuante de diversas outras instituições científicas e culturais.
Humanista, homem de notável cultura, profundo conhecedor dos clássicos, foi um erudito e um estilista, cuja produção mereceu elogios de Wanderley Pinho, Otávio Mangabeira, Jorge Amado, Josué Montello, Estácio de Lima, Aloysio de Castro e outros pares.
Era detentor de medalhas de grande mérito, das quais merecem destaque as da Imperatriz Leopoldina, Barão de Goiânia, Pirajá da Silva, Castro Alves, Gaspar Viana e Ana Nery.
Publicou numerosos artigos sobre os mais variados temas, além de ensaios biográficos sobre a vida de Miguel Couto, Oswaldo Cruz, Francisco de Castro, Miguel Calmon, Visconde do Rio Branco e outros vultos nacionais.
Sua bibliografia contem trabalhos diversos sobre medicina, história da medicina, genealogia, biografia e história.
De sua autoria são, além de outros, os livros: “Caminhada”, “Agrário de Menezes: Um Liberal do Império”, “Na Senda da História e das Letras” e “Os Irmãos Mangabeira”.
Afirmou a Profa. Maria Theresa de Medeiros Pacheco que “Jayme de Sá Menezes pertence a coorte de vultos notáveis que a Bahia ofertou ao Brasil”.
Sua vida foi uma série de sucessos, tanto na medicina quanto no jornalismo, no magistério superior, nas letras e nas artes.
Sylvio Fialho cognominou-o “o grão senhor das letras e da inteligência”.
Como jornalista, impôs um estilo despretensioso, elegante e escorreito e com este cabedal pontificou no “Diário de Notícias”, na “A Tarde”, no “Estado da Bahia” e em todos os periódicos em que colaborou (notadamente na “Revista Portuguesa de Medicina”, nos “Anais da Academia de Medicina da Bahia”, na “Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia”, na “Revista do Instituto Genealógico da Bahia” e na “Revista da Academia de Letras da Bahia”).
Escreveu, e proferiu, na Bahia e em outros Estados, conferências magistrais sobre grandes figuras e notáveis episódios da medicina brasileira.
Jayme de Sá Menezes faleceu em Salvador, no ano de 2001.
:: Fonte: Filhos ilustres da Bahia
Obras (algumas)
:: Francisco de Castro: oráculo da medicina brasileira. 1954.
:: Medicina Indígena, na Bahia. 1957.
:: Centenário de nascimento de Miguel Calmon Du Pin e Almeida. 1980.
:: Agrário de Menezes: um liberal no Império. 1983.
:: Caminhada. 1993.
:: Palavras de ontem e de hoje. 1993.
:: Na senda da história e das letras. 1994.
:: A Vida do Senador Fernandes da Cunha. 1997.
:: Os Irmãos Mangabeira: vultos que ficaram. 2001.
maestro Severino Araújo, Orquestra Tabajara |
CENTENÁRIO DO MAESTRO SEVERIANO ARAÚJO
Severino Araújo de Oliveira (Limoeiro PE, 23 de abril de 1917 – Rio de Janeiro RJ, 3 de agosto de 2012). Clarinetista, compositor, arranjador e maestro. Severino recebe os primeiros ensinamentos musicais de seu pai, o arranjador, mestre de banda José Severino de Araújo, conhecido como Mestre Sazuzinha, de quem passa a ser assistente com apenas 8 anos. Aos 12, começa a tocar clarinete. Quatro anos depois, muda-se com sua família para Ingá, na Paraíba, e começa a escrever arranjos para a banda local. Em 1936, é contratado para ser o primeiro clarinetista da banda da Polícia Militar de João Pessoa. No mesmo ano, entra para a Orquestra Tabajara, formada em 1934. Até 1938, a orquestra é regida pelo pianista Luna Freire, que morre e é substituído por Severino, então com apenas 21 anos de idade. Como novo comandante, decide levar seus irmãos para a banda: Zé Bodega e Jaime (no saxofone), Manuel (trombone) e Plínio (bateria). Cinco anos depois, é convocado a servir o Exército, mudando-se para Aldeia (PE). Naquele período de um ano, compõe Um Chorinho em Aldeia, regravada posteriormente por diversos músicos. Em 1945, o maestro e a Orquestra Tabajara mudam-se para o Rio de Janeiro, contratados pela Rádio Tupi. Lá assinam contrato com a gravadora Continental, pela qual gravam dois discos de estreia. O primeiro 78 rpm traz Um Chorinho em Aldeia, de um lado, e Onde o Céu Azuk É Mais Azul (João de Barro, Alcir Pires Vermelho e Alberto Ribeiro). O segundo, também de 1945, tem o registro daquele que se torna o tema mais famoso composto por Severino em toda sua carreira, o choro “Espinha de Bacalhau”. No ano seguinte, o maestro e a orquestra mantêm alta produtividade, lançando seis discos. Ainda em 1946, gravam Rhapsody in Blue, de George Gershwin, em ritmo de samba, e, em 1947, Um Chorinho pra Você, outro sucesso do maestro.
Com lançamentos fonográficos constantes na passagem da década de 1940 para a de 1950, em 1941, Severino e a orquestra fazem uma série de apresentações por salões e cassinos brasileiros. Na agenda, eventos importantes, como a inauguração da TV Tupi, em 1951, em show em que a Tabajara toca ao lado da orquestra do trombonista americano Tommy Dorsey. No ano seguinte, em viagem com o cantor Jamelão, Severino e os músicos se apresentam em Paris. Após o sucesso, ele e outros músicos decidem permanecer em Paris por um ano. Em 1954, termina o contrato com a Rádio Tupi, assinando com a Mayrink Veiga na sequência. Na década de 1960, o maestro e sua orquestra são contratados pela Rádio Nacional, onde permanecem por dois anos. Em 1975, de volta à Continental, os músicos lançam a coletânea “Severino Araújo e Sua Orquestra Tabajara”. Nas décadas de 1980 e 1990, a orquestra mantém suas atividades com shows e tem os seguintes lançamentos: “Orquestra Tabajara de Severino Araújo” e “Anos Dourados”. Nos anos 2000, Severino e seu grupo lançam os álbuns “Severino Araújo e sua Orquestra Tabajara” e “A Tabajara no Frevo”. Com mais de 70 anos de atuação, a Orquestra Tabajara lança mais de 100 discos, entre LPs e os de 78 rpm. Em 2007, com um problema na perna, Severino passa o comando da orquestra para seu irmão, Jaime Araújo. Em agosto de 2012, o clarinetista morre no Rio por falência múltipla dos órgãos.
maestro Severino Araújo, Orquestra Tabajara |
Comentário crítico
Severino Araújo é um dos principais modernizadores da música popular brasileira a partir da década de 1940. Com mais de 70 anos de atividade à frente da Orquestra Tabajara, é um dos pioneiros no país a mesclar a sonoridade das orquestras americanas com ritmos brasileiros para a formação de big band. Grande parte dessa característica marcante pode ser atribuída à formação do músico. Criado no ambiente sonoro das bandas militares pelas cidades por onde passa, filho do Mestre Sazuzinha (José Severino de Araújo), o clarinetista tem contato ainda muito jovem com os ensinamentos formais de uma banda e, ao mesmo tempo, com gêneros como o choro, o samba e o frevo. Também troca experiências musicais com seus irmãos – Zé Bodega e Jaime (no saxofone), Manuel (trombone) e Plínio (bateria) – de maneira mais informal, movimento também significativo para que ele assuma o comando da Orquestra Tabajara com apenas 21 anos.
Como influências, Severino Araújo tem as orquestras norte-americanas comandadas pelos músicos Tommy Dorsey, Benny Goodman, Glenn Miller, Artie Shaw e Woody Herman, que ele ouve em lojas de discos e nas rádios. Uma das principais marcas do músico é escrever arranjos para a Tabajara, adaptando temas internacionais a estilos brasileiros. Exemplos disso são os álbuns da série Anos Dourados, com interpretações de músicas como The Man I Love (Ira e George Gershwin), Beguin The Beguine (Cole Porter), Moon River (J. Mercer e Henri Mancini) e My Way, em disco dedicado a Frank Sinatra (Tabajara Visita Sinatra – Anos Dourados Vol. 6 – 1998). Mais do que reler os temas icônicos de jazzistas americanos com uma sonoridade brasileira, Severino também se notabiliza por escrever arranjos “abrasileirados” para peças de repertório erudito. Nesta linha, destacam-se as interpretações de Bolero (Maurice Ravel), Sonata ao Luar (Beethoven), Also Sprach Zarathustra (Richard Strauss), Claire de Lune (Claude Debussy), Sinfonia Patética (Tchaikovsky), Serenata de Schubert (Franz Schubert), O Guarani (Carlos Gomes).
Embora a maior parte do repertório interpretado por Severino à frente da Orquestra Tabajara seja composto por choros e frevos, o maestro também mostra versatilidade e ecletismo ao optar por gravar com seu conjunto temas do cancioneiro brasileiro e internacional. Como exemplos, Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Coração de Estudante (Milton Nascimento e Wagner Tiso), Aquarela do Brasil (Ary Barroso), Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho), Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant), Mania de Você (Rita Lee e Roberto de Carvalho), e o disco A Tabajara no Hit Parade, com interpretações de Eu Te Darei o Céu (Erasmo e Roberto Carlos), Bus Stop, dos Hollies, Black is Black, Los Bravos, Last Train To Clarksvillee, The Monkees, e Guantanamera, The Sandpipers. Independente do repertório, a Orquestra Tabajara vira sinônimo de repertório dançante, apresentando-se em festas, bailes e cassinos do Rio de Janeiro. Sem a pompa das orquestras tradicionais, a Tabajara se consolida como uma big band que “traduz” músicas elaboradas com uma linguagem palatável, fácil, mas não simplória.
Orquestra Tabajara |
Tem também como referência o swing, o beebop e o jazz americanos, e como compositor Severino Araújo se destaca ao escrever obras brasileiras. Moderniza o choro, o frevo e o samba com melodias avessas a obviedades e clichês, com harmonias elaboradas e divisões rítmicas complexas, a exemplos de suas composições Um Chorinho em Aldeia, Um Chorinho pra Você, A Tabajara no Frevo, Choro, Etc… Clarinete e seu tema mais famoso, Espinha de Bacalhau, com grau de execução bastante difícil, exigindo domínio técnico do intérprete.
Como arranjador, Severino Araújo tem como diferencial a originalidade, dobrando vozes, trabalhando com contrapontos, perguntas e respostas e comentários jazzísticos. Em termos de formação orquestral, ele aumentar o número de trompetes de três para quatro, a exemplo dos grupos americanos, com cinco saxofones, quatro trompetes e três trombones. A postura inovadora de Severino não se nota apenas na forma de escrever, mas também na maneira de produzir os álbuns de sua big band. Exemplo disso é o LP “Orquestra Tabajara de Severino Araújo”, lançado em 1985, cuja produção tem a assinatura dele e de Esdras Souza Pereira. Na ocasião, ambos optam por colocar a orquestra inteira dentro do estúdio para gravar ao vivo, e não separadamente, como de costume. O resultado são interpretações mais “quentes”, com destaque para as execuções do samba Gostoso Veneno (Nei Lopes e Wilson Moreira) e do choro Um Chorinho Modulante, de Severino. Além do trabalho como produtor, arranjador, regente e compositor, ele também se destaca projeção como instrumentista, que influencia uma série de músicos, como seu irmão Zé Bodega (José de Araújo Oliveira), K-Ximbinho, Moacir Silva, Maestro Cipó (Orlando Silva de Oliveira Costa), Paulo Moura, Nailor Azevedo (o Proveta), Zé Nogueira, Mauro Senise, Teco Cardoso, Daniela Spielmann e Humberto Araujo.
:: Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural
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Outras Fontes de Pesquisa
:: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
:: Orquestra tabajara
CENTENÁRIO ELLA FITZGERALD
Show da cantora Ella Fitzgerald no Teatro Municipal do Rio de Janeiro (21.6.1971). foto Agência O Globo |
Ella Jane Fitzgerald nasceu em Newport News, Virgínia, em 25 de abril de 1917. Filha de um guitarrista e de uma dona de casa. O pai morreu cedo e foi substituído por um padrasto português eternamente desempregado, conhecido como Joe. A mãe trabalhava numa lavanderia e Ella aos 12 anos, ganhava alguns trocados para avisar aos frequentadores de uma casa de jogos clandestina em Yonkers se algum policial se aproximava. Com a morte da mãe, mudou-se para a casa de uma tia em Nova York, em um bairro conhecido como “jazz-and-blues” no Harlem, onde daria início à sua carreira.
Ella começou imitando dançarinas famosas (seu sonho era ser dançarina) em points como o Cotton Club nova-iorquino e, aos 17 anos, participou do célebre programa de calouros “Harlem Amateur Hour”, no Teatro Apollo, e acabou ganhando um concurso de jazz. Sua sorte mudaria naquela noite: além dos dez dólares do prêmio, o baterista Chick Webb ficou impressionado com o seu desempenho. Ele não só lhe garantiu o emprego de cantora em sua orquestra como a adotou oficialmente para que ela, órfã e menor, pudesse se apresentar à noite sem entraves legais. Cantando com a orquestra de Webb, Ella conheceu a nata do jazz (Benny Carter, Billie Holliday, Dizzy Gillespie, Louis Armstrong, entre outros).
Em 1938, Webb já estava doente e foi para ele, no hospital, que Ella cantou A-Tisket, A-Tasket, uma canção de ninar que se tornou seu primeiro sucesso. Com a morte de Chick Webb, a cantora assume o comando da orquestra por dois anos. Em 1941, um novo teste: estréia no cinema num filme de Abbot e Costello, “Ride´ em Cowboys”. Como acontecia com a maioria das cantoras negras na época, os papéis reservados a ela eram o da criada, o da crooner drogada ou simplesmente cantar canções como pano de fundo. Sua passagem pelo cinema, além de algumas séries de TV, terminou em 1960. Seu último filme, “Let no man write my epitaph”, onde ela fazia uma cantora drogada, dirigido pelo inglês Phillip Leacock, foi um completo fiasco, segundo críticos da época.
O ano de 1946 marca a segunda virada em sua carreira de cantora. Em turnê com a banda de Dizzy Gillespie, Ella se apaixona pelo contrabaixista Ray Brown. Os dois foram casados de 1948 a 1953 e antes de se divorciarem, adotaram um menino, a quem deram o nome de Ray Jr. Na época do casamento, Ray estava trabalhando para o produtor Norman Granz no “Jazz at the Philharmonic”. Norman viu que Ella tinha o que era preciso para ser uma estrela internacional e a convenceu a assinar com ele. Com a criação da “Verve”, Ella e Norman deram início a uma longa relação comercial e de amizade entre os dois.
Louis Armstrong e Ella Fitzgerald |
O resultado dessa parceria foram os discos que gravou ao lado de Louis Armstrong e, em seguida, de 1956 a 1967, os 19 volumes que reuniam quase 250 das melhores canções da música americana. Mas foram com os “Songbooks” que a alçaram à condição de estrela. Foram inúmeras gravações: Jerome Kern, Rodgers e Hammerstein, Irving Berlin, Cole Porter e até algumas músicas de Tom Jobim. Além de “Porgy and bess”, de Gershwin, em 1957, uma gravação memorável com Louis Armstrong.
Ella Fitzgerald veio ao Brasil pela primeira vez em abril de 1960, com Roy Eldridge e Jim Hall em sua banda. Cantou no Rio de Janeiro e em São Paulo, no Teatro Record. Sua chegada ao Rio foi noticiada na primeira página do GLOBO, na edição do dia 25 de abril. A cantora se apresentou no Golden Room do Copacabana Palace no dia 25 e fez uma participação especial em um show beneficente no Maracanãzinho, no dia 30, organizado pela Cadeia Nacional de Solidariedade em prol das vítimas das enchentes do Nordeste, como mostra a foto publicada na capa da edição de 2 de maio. Interessada pela então nascente bossa nova, a cantora incluiu em seu repertório clássicos como “Garota de Ipanema”, “Samba de uma nota só” e “Wave”.
Na segunda turnê pelo país, em 1971, acompanhada do Tommy Flanagan Trio e depois de se apresentar em Porto Alegre, Ella desembarcou no aeroporto de Congonhas em 16 de junho. A reportagem publicada no jornal no dia 17 trazia a entrevista coletiva da cantora e os shows agendados em São Paulo e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No Rio, a cantora fez quatro apresentações, todas com lotação esgotada. Interpretou seus maiores sucessos e levou o público ao delírio ao cantar: “Girl from Ipanema”, “O nosso amor”, “Tá chegando a hora”, “Mais que nada”, “Água de beber”. Na sua edição de 22 de junho, O GLOBO apresentava aos leitores todos os detalhes do show.
Ella Fitzgerald |
Essas idas e vindas ao Brasil foram consolidando uma relação. Ella se encantou por Jorge Ben, a quem teceu elogios em entrevistas, e outro brasileiro chamou sua atenção:Ivan Lins. Na volta aos EUA, gravou “Madalena”. Mas somente em 1981 Ella decidiu gravar um álbum dedicado exclusivamente às composições de Tom Jobim. “Ella abraça Jobim”, com 19 versões do repertório de Tom, como “Desafinado”, “Bonita”, “Água de beber”, “Ela é carioca”, “Fotografia”, “Samba do vião”.
Com a saúde fragilizada pelo diabetes, doença descoberta em 1971, seu estado só piorou com o passar dos anos. Fez duas operações de catarata – primeira no olho direito, depois no esquerdo – o que a deixou com problemas de visão. Em 1985 esteve internada com um edema pulmonar. No ano seguinte, surgiram problemas cardíacos e teve que implantar a primeira de suas cinco pontes de safena. Por causa do diabetes, amputou as pernas em 1993 e perdeu totalmente a visão. Nos últimos anos, Ella se apresentou em raríssimas ocasiões. Uma das últimas vezes foi em 1985, em Londres.
Na madrugada do dia 15 de junho de 1996, Ella Fitzgerald morria, aos 79 anos, vítima de complicações decorrentes do diabetes, Ella teve uma morte tranquila, cercada por amigos e parentes em sua casa em Beverly Hills. Seu corpo foi enterrado no “Santuário dos Sinos” do Inglewood Park Cemetery, em Inglewood, California.
:: Fonte: Acervo O Globo.
MAIO
Dalva de Oliveira |
CENTENÁRIO DA CANTORA DALVA DE OLIVEIRA
Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira). Cantora, Rio Claro SP, 5 de maio de 1917, Rio de Janeiro RJ, 31 de agosto de 1972. Filha mais velha de Mário de Oliveira e Alice do Espírito Santo. Além dela, os pais tiveram mais três meninas, Nair, Margarida e Lila e um menino que nasceu com problemas de saúde e morreu ainda criança. Seu pai, que era conhecido na cidade pelo apelido de Mário Carioca, era marceneiro e músico nas horas vagas, tocava clarinete e costumava realizar serenatas com seus amigos músicos, chegando a organizar um conjunto para tocar em festas. A pequena Vicentina gostava de acompanhá-lo nessas serenatas. Viviam de forma bastante modesta e quando ela tinha apenas oito anos, sofreram um duro golpe familiar: Mário faleceu, deixando a esposa com quatro filhos para criar. Dona Alice resolveu, então, tentar a vida na capital paulista, onde arrumou emprego de governanta. Conseguiu vaga para as três filhas em um internato de irmãs de caridade, o Internato Tamandaré, onde Vicentina chegou a ter aulas de piano, órgão e canto. A menina ficou lá por três anos, até ser obrigada a sair, devido uma séria infecção nos olhos. Nessa ocasião, a mãe perdeu o emprego, pois os patrões não aceitaram a presença da menina. Dona Alice conseguiu emprego de copeira em um hotel e Vicentina passou a ajudá-la. Trabalhou então como arrumadeira, como babá e ajudante de cozinha em restaurantes. Depois, conseguiu um emprego de faxineira em uma escola de dança onde havia um piano.
Transferiram-se para o Rio de Janeiro em 1934, onde foram morar à Rua Senador Pompeu, numa “cabeça-de-porco”, segundo a própria cantora. Nessa época, a família já estava novamente reunida pois as irmãs voltaram a morar com a mãe.
Dalva de Oliveira |
Casou-se com Herivelto Martins em 1937, com quem teve seus dois filhos, Pery e Ubiratã 😮 primeiro tornou-se cantor, sendo conhecido como Pery Ribeiro e o segundo trabalhou em televisão como “camera man” e depois produtor de programas televisivos, como o “Fantástico”, da TV Globo.
Separou-se de Herivelto Martins em 1947, iniciando uma batalha de ofensas mútuas muito explorada pela imprensa da época. No início da década de 1950, casou-se com o argentino Tito Clement, adotando uma menina, Dalva Lúcia. Foi morar com ele em Buenos Aires. Separaram-se em 1963, ano em que retornou ao Brasil. Casou-se depois com Manuel Nuno Carpinteiro, modesto rapaz muito mais moço que ela. Sofreu, ao lado de Nuno, grave acidente automobilístico em 1965, sendo obrigada a abandonar a carreira por alguns anos.
No início dos anos 1970, foi morar em uma confortável casa no bairro carioca de Jacarepaguá. Faleceu em 1972, vítima de hemorragia no esôfago.
:: Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
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Outras fontes de pesquisa
:: Collector’s – Intérpretes – Dalva de Oliveira
:: Obvious: o rouxinol brasileiro – um ensaio da obra de Dalva de Oliveira
CENTENÁRIO DO ESCRITOR MEXICANO JUAN RULFO
Juan Rulfo |
Juan Rulfo (Juan Nepomuceno Carlos Pérez Rulfo Vizcaíno). escritor e fotografo mexicano, nasceu em Jalisco, México, em 16 de maio de 1917. Passou a infância na fazenda de seus avós, em contato com a pobre gente dos campos, de quem mais tarde nos daria retratos tão vívidos e dramáticos. Numa linguagem descarnada e precisa, ele retrata em poucas linhas um quadro da desolada existência dos deserdados. Estudou para contador, trabalhou em vária organizações, mas sua vocação eram as letras.
Cedo publicou seus primeiros contos, na revista Pan, de Guadalajara. “El llano em llamas”, contos, é de 1953. “Pedro Páramo”, romance que o projetou internacionalmente como um dos nomes mais expressivos da literatura latino-americana, é de 1955. O romance foi agraciado com o Prêmio Xavier Villaurrutia. Em 1980, o crítico mexicano Jorge Ayala Branco reúne no livro “El Gallo de Oro” textos que Rulfo concebeu originalmente para o cinema. O escritor recebeu, nesse ano, o Prêmio Nacional de Literatura. Em 1983 recebe o Prêmio Príncipe das Astúrias, concedido pelo governo de Espanha.
:: Leia e sabia mais acessando o link neste site: Juan Rulfo
CENTENÁRIO DO PINTOR FRANK SCHAEFFER
Frank Schaeffer |
Frank Schaeffer (Belo Horizonte, 27 de maio de 1917 — Rio de Janeiro, 5 de julho de 2008) pintor, desenhista, gravador, ilustrador e professor.
Recebeu sua primeira formação em arte estudando pintura com Wlazek, no Rio de Janeiro. Em seguida partiu para Viena, onde cursou desenho com Grom-Rottmeier. Nos anos 40 estava de volta ao Brasil, formando-se engenheiro em 1943 pela Escola Nacional de Engenharia da antiga Universidade do Brasil.
Nos anos seguintes se aperfeiçoou em pintura e explorou a gravura respectivamente com Arpad Szenes e Hans Steiner. Voltando à Europa entre 1948 e 1949, realizou estudos com Fernand Léger, André Lhote, Robert Cami e Ducos de la Haille.
Depois, desenvolveu ativa carreira no país e no exterior. Ilustrou os livros Guerra e Paz, de Leon Tolstoi, Contos Russos e São Jorge de Ilhéus, de Jorge Amado, e Antologia Poética, de Augusto Frederico Schmidt. Em 1960 recebeu o Prêmio Jabuti como melhor ilustrador nacional. Também possui extensa obra em pintura, de cunho expressionista, transitando da abstração à figuração, e presente em diversos acervos nacionais e estrangeiros, com destaque para as paisagens e retratos.
“Frank Schaeffer é pintor de cunho expressionista, praticando uma arte de natureza figurativa que, a despeito das variações obviamente determinadas pela passagem dos anos, em essência tem permanecido sempre fiel a si mesma.” (LEITE, José Roberto Teixeira (org.), 1988:464). Conceituado pintor brasileiro, que também foi engenheiro, desenhista e professor. Mineiro de Belo Horizonte, nasceu em 1917, estudou pintura com o artista húngaro Arprad Szene.
Foi convidado pelo Ministério das Relações Exteriores da Noruega para realizar diversas exposições naquele país e pronunciar palestras sobre as artes do Brasil. Foi professor, ilustrou capas de livros de escritores famosos, criou painéis para instituições e foi agraciado com vários prêmios. Viajou por toda a Europa e diversos países americanos. Em 1971, escreveu Quirino Campofiorito: – “Frank Shaeffer ocupa um lugar todo especial na arte brasileira, sem se filiar a correntes ou tendências, sem pertencer a grupos, ele é respeitado por todos, por sua integridade, competência e suas atividades de verdadeiro profissional. Sua obra Ressaca, de 1959, pertence ao acervo do Museu Nacional de Belas-Artes, no Rio. Recebeu sua primeira formação em arte estudando pintura com Wlazek, no Rio de Janeiro. Em seguida partiu para Viena, onde cursou desenho com Grom-Rottmeier. Nos anos 40 estava de volta ao Brasil, formando-se engenheiro em 1943 pela Escola Nacional de Engenharia da antiga Universidade do Brasil. Nos anos seguintes se aperfeiçoou em pintura e explorou a gravura respectivamente com Arpad Szenes e Hans Steiner. Voltando à Europa entre 1948 e 1949, realizou estudos com Fernand Léger, André Lhote, Robert Cami e Ducos de la Haille. Depois, desenvolveu ativa carreira no país e no exterior. Ilustrou os livros Guerra e Paz, de Leon Tolstoi, Contos Russos e São Jorge de Ilhéus, de Jorge Amado, e Antologia Poética, de Augusto Frederico Schmidt. Realizou exposições Individuais e participou de coletivas em Salões desde 1941 no Brasil, França, Inglaterra, Noruega, estados Unidos, Áustria, Peru e Argentina.
Participou das Bienais de São Paulo, Barcelona e México.
Participou dos Salões de Belas Artes e de Arte Moderna no Rio e outros Estados.
Possui extensa obra em pintura, de cunho expressionista, transitando da abstração à figuração, e presente em diversos acervos nacionais e estrangeiros, com destaque para as paisagens e retratos.
Críticas
“Frank Shaeffer ocupa um lugar todo especial na arte brasileira: sem se filiar a correntes ou tendências, sem pertencer a grupos, ele é respeitado por todos, por sua integridade, sua competência, suas atividades de verdadeiro profissional.”
Quirino Campofiorito
“Professor e pintor, Shaeffer tem cumprido sem oscilações o caminho fantástico de sua figuração. Paisagens e cenas do mar, antigas máquinas, hoje transformadas em pássaros enfocados por uma luz, por uma transfiguração de desastre e suspense. Há que aceitar a fábula de Shaeffer, pela integridade de sua inspiração, pela coerência de sua vida. Entre os que ainda se projetam na tela, um dos nossos melhores e mais definitivos.”
Walmyr Ayala
LOUZADA, Júlio. Artes plásticas: seu mercado, seus leilões. São Paulo: J. Louzada, 1984-.
:: Fonte: Escritório de Arte
Algumas obras do autor
Abandono, Frank Schaeffer (1988) |
Espetáculo, Frank Schaeffer (1997) |
Frank Schaeffer |
JULHO
CENTENÁRIO DA PINTORA ALICE SOARES
Alice Soares |
Alice Soares (Uruguaiana RS, 17 de julho de 1917 — Porto Alegre RS, 21 de março de 2005) pintora e desenhista. O contato com a arte começou na infância, estimulada pelos pais, que lhe entregavam como distração o papel e o caderno de desenho. Formou-se em Pintura no Instituto de Belas Artes – RS em 1943, onde dois anos depois passou a lecionar. Diplomou-se também em escultura, em 1947, e concluiu aperfeiçoamento em 1949. Fez cursos com Andre Lhote, Wilbur Olmedo e Iberê Camargo. Pertenceu à geração pioneira de mulheres que se dedicou de forma profissional à arte. Participou da I Bienal de São Paulo, em 1951. Em 1959, realizou individual de pinturas e desenhos no MARGS, em Porto Alegre. A partir de então, desenvolveu intensa atividade artística, realizando sucessivas exposições pelo país e exterior. Participou de inúmeros salões e obteve diversos prêmios, a maioria em desenho. Em 1964, foi uma das fundadoras da Escolinha de Arte da UFRGS. Em sua trajetória, a temática das “meninas” foi presença constante. Recebeu o título de Professora Emérita da UFRGS, em 1980. Dividiu por mais de 40 anos atelier com a pintora Alice Brueggemann.
:: Fonte: UFRGS
Algumas obras da pintora Alice Soares (pinturas e gravuras)
Alice Soares |
Alice Soares |
Alice Soares |
Alice Soares |
Alice Soares |
CENTENÁRIO DA PINTORA MARIA LEONTINA MENDES FRANCO DA COSTA
Maria Leontina da Costa |
Maria Leontina Mendes Franco da Costa (São Paulo SP, 22 de julho de 1917 – Rio de Janeiro RJ, 6 de julho de 1984). Pintora, gravadora, desenhista. Inicia estudos de desenho com Antônio Covello, em São Paulo, em 1938, e na primeira metade da década de 1940 estuda pintura com Waldemar da Costa (1904-1982). Em 1946, no Rio de Janeiro, freqüenta o ateliê de Bruno Giorgi (1905-1993) e faz curso de museologia no Museu Histórico Nacional (MHN), entre 1946 e 1948. Em 1947, participa da exposição 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Em 1951, é convidada pelo psiquiatra e crítico de arte Osório César (1895-1983) para orientar o setor de artes plásticas do Hospital Psiquiátrico do Juqueri. No mesmo ano, organiza uma mostra dos internos no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Em 1952, com bolsa de estudo do governo francês, viaja para a Europa, acompanhada pelo marido, o pintor Milton Dacosta (1951-1988). Em Paris, entre 1952 e 1954, frequenta o ateliê de gravura de Johnny Friedlaender (1912-1992). Na década de 1960, realiza painel de azulejos para o Edifício Copan e vitrais para a Igreja Episcopal Brasileira da Santíssima Trindade, ambos em São Paulo. Inicialmente, sua obra é pautada no figurativismo de cunho expressionista, mas paulatinamente passa ao abstrato, sem seguir o rigor da geometria pura. Em 1960, em Nova York, recebe o prêmio nacional da Fundação Guggenheim e, em 1975, o prêmio pintura da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).
Maria Leontina da Costa – Auto-Retrato 1946 |
Comentário Crítico
Nascida numa tradicional família paulistana, Maria Leontina se interessa por pintura após visita à exposição de Flávio Carvalho (1899-1973). Inicia a formação artística estudando desenho com o pintor acadêmico Antônio Covello. A aproximação ao ambiente moderno e a dedicação com afinco à pintura ocorrem em 1940, quando passa a freqüentar o ateliê de Waldemar da Costa, artista co-fundador da Família Artística Paulista (FAP). Durante os anos de estudo com o artista (até 1946), Leontina apresenta produção de tendência expressionista próxima à de Flávio de Carvalho e Iberê Camargo (1914-1994). Em 1947 participa da exposição 19 Pintores, idealizada por sua irmã e crítica de arte Maria Eugênia Franco, e recebe o segundo prêmio do júri, formado por Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976) e Lasar Segall (1891-1957). Entre os jovens artistas expositores encontram-se nomes importantes da arte brasileira como Lothar Charoux (1912-1987), Marcelo Grassmann (1925-2013), Aldemir Martins (1922-2006), Luiz Sacilotto (1924-2003) e Flávio-Shiró (1928), todos ligados, naquele momento, à iconografia expressionista. Como afirma a artista, já no fim da vida, em depoimento ao crítico Frederico Morais: “Eu era expressionista, como quase todos os artistas naquela época”.
Seu trabalho suscita a atenção mais intensa da crítica com a série de naturezas-mortas, iniciada em 1949, nas quais se percebe uma reflexão sobre o cubismo. Nelas o espaço pictórico autônomo, não preocupado com a representação da realidade, começa a se impor e as figuras tornam-se cada vez mais sintéticas. Em 1949, casa-se com o pintor Milton Dacosta. Com bolsa concedida pelo governo francês, viaja com o marido para a Europa, em 1952. Freqüenta o curso de gravura de Johnny Friedlaender, em Paris, onde vive até 1954. Nesse período, viaja por diversos países.
Maria Leontina da Costa – Duas figuras, 1952 |
Mediante o desenvolvimento sem rupturas de sua pintura, chega à abstração geométrica em meados dos anos 1950, com base na depuração dos elementos figurativos. Naturalmente a artista é afetada pelo clima de discussão em torno da abstração, vigente no Brasil, e por sua experiência no exterior, onde provavelmente entra em contato com o movimento construtivo e a pintura abstrata européia. Relacionadas com as poéticas abstrato-geométricas, estão as séries como Os jogos e os Enigmas, Da Paisagem e do Tempo, Narrativas e Episódios. Muitas de suas pinturas evocam o espaço urbano e suas construções. Em obras como Os Enigmas (1955) a cidade aparece como uma construção de formas geométricas que lembra a série Castelos e Cidades realizada por Milton Dacosta a partir de 1955. Possivelmente, a artista teria sofrido influência do marido pintor, compondo na segunda metade dos anos de 1950 trabalhos com formas geométricas mais rigorosas. Contudo, não segue a exatidão artesanal das linhas de Dacosta, preferindo uma tendência mais leve, abrandando os limites das formas e permitindo a sobreposição de cores, em uma pintura repleta de transparências.
A fase “construtiva” de Maria Leontina, que dura até 1961, é considerada por diversos críticos como o momento de maior singularidade em seu percurso artístico. Permanecendo à margem das vertentes construtivas brasileiras, a artista desenvolve uma peculiar “geometria sensível”, na qual a rigidez da linha e o rigor matemático da composição são substituídos por uma ordenação intuitiva e formas geométricas imprecisas. Como afirma o crítico Frederico Morais, nesses trabalhos ocorre “o justo equilíbrio entre expressão e construção, cálculo e emoção”. Para o crítico Paulo Venâncio Filho certo aspecto mágico e espiritual – a que muitos chamaram de teor metafísico no sentido da concepção de pintura como a apresentação do invisível pelo visível – permeia suas estruturas, abrandando o senso ordenador mais radical. Não é à toa que o crítico Ferreira Gullar (1930) remete a produção abstrata de Leontina aos trabalhos de Paul Klee (1879-1940) e Joán Miró (1893-1980). Também em relação às cores, a artista, uma das maiores coloristas da arte brasileira, não se restringe aos dogmas construtivos das cores primárias, trabalhando com igual destreza tanto tonalidades mais quentes quanto tons mais sóbrios.
Maria Leontina da Costa – Natureza morta |
Em 1961, com a série Formas, é inaugurada uma nova fase em sua trajetória, na qual as formas passam por um processo de arredondamento, posteriormente transformadas em manchas. A partir de então, e até o fim de sua vida, Maria Leontina realiza diversas séries em que ora predomina a abstração, geométrica ou não, ora a figuração sintética de cunho simbólico. Destaca-se a longa série de Estandartes, iniciada em 1963, considerada “um tema plástico infinito em suas possibilidades de variações de forma, linha e cor”, segundo depoimento da artista. Os elementos são reduzidos cada vez mais ao essencial e a atmosfera metafísica e lírica presente desde seus primeiros trabalhos, assim como a qualidade silenciosa de suas pinturas, persistem.
Nota-se que a artista possui uma produção em desenho pouco conhecida e a ser mais bem investigada. Sobre o papel do desenho em seu método de criação, declara: “Quando vejo a montanha, o contorno me parece inicialmente definido. Depois surgem duas, três linhas. O mesmo ocorre em nosso relacionamento com os seres humanos. O que era nítido de início, cede lugar à imprecisão […] Eu desenho muito. Gosto de elaborar o desenho dentro de mim, para que ele surja espontâneo. O desenho é muito útil, sempre. Sobretudo para captar as nuanças e as sensações”.
:: Fonte e outras obras da autora: Enciclopédia Itaú Cultural
Maria Leontina da Costa – Natureza morta, 1949 |
Maria Leontina da Costa – Figura e flor, 1949 |
Maria Leontina da Costa – Sem Título. s.d |
Maria Leontina da Costa – Figura, ca. 1950 |
AGOSTO
CENTENÁRIO DO CRÍTICO TEATRAL DECIO DE ALMEIDA PRADO
Decio de Almeida Prado |
Crítico teatral, ensaísta e professor, Decio de Almeida Prado nasceu em São Paulo, em 14 de agosto de 1917. Licenciou- se pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, a que se manteve ligado por meio da criação da Escola de Arte Dramática, onde foi professor de 1948 a 1963. Em 1941, ano em se casou com Ruth Alcântara, começou a escrever crítica teatral na revista Clima, da qual foram editados 16 números, de 1941 a 1944, e de que foi um dos diretores e fundadores, ao lado de Alfredo Mesquita, Lourival Gomes Machado, Antonio Candido e Gilda de Mello e Souza, Paulo Emilio Salles Gomes e Rui Coelho. Nesse periódico, em que ficou até 1944, Decio não só publicou textos sobre teatro, como, na condição de diretor, trabalhou com nomes dos mais expressivos da cultura brasileira.
Decio de Almeida Prado mudou a feição da crítica teatral. Foi ele que introduziu a reflexão sobre todo o movimento de transformação por que passou o teatro no Brasil a partir do final da década de 1930 e durante toda a década de 1940, quando o surgimento de grupos amadores, no Rio de Janeiro e em São Paulo, determinou o início do teatro brasileiro moderno. Grande parte da análise dessa movimentação era feita no jornal O Estado de S. Paulo, em que Decio começou a escrever em 1946, na seção intitulada “Palcos e Circos”. A colaboração, que se estendeu até 1968, durou, portanto, 22 anos. Uma seleção das críticas publicadas foi recolhida pelo autor em Apresentação do teatro brasileiro moderno: crítica teatral de 1947-1955, lançado em 1956. O livro, hoje um clássico da história teatral brasileira, reúne críticas sobre autores e companhias nacionais e toda uma seção sobre o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Decio publicaria ainda, entre outros, Teatro em progresso, de 1964, e Exercício findo, de 1987.
No jornal O Estado de S. Paulo, ele editou, de 1956 a 1967, o Suplemento Literário. Na crítica de Decio de Almeida Prado, se encontra toda a história do grupo carioca Os Comediantes, que ele considerava um divisor de águas na história do teatro brasileiro, ao lado do também carioca Teatro do Estudante do Brasil. Com Lourival Gomes Machado, em São Paulo, Decio fundou e dirigiu o Grupo Universitário de Teatro (GUT), uma das companhias amadoras que modificaram o panorama teatral brasileiro na década de 1940. Ao lado do também paulista Grupo de Teatro Experimental (GTE), organizado por Alfredo Mesquita e Abílio Pereira de Almeida, forma todo um capítulo da história dessa arte que, naquele momento, atraiu também a escritora Lygia Fagundes Telles e Paulo Autran.
Entre as incontáveis atuações como membro de associações de crítica de teatro, aos 62 anos Decio prestou concurso de livre-docência na Universidade de São Paulo. Aposentou-se três anos depois, em 1982, do cargo de professor de literatura brasileira, mas continuou a fazer pesquisa e a publicar livros até o fim da vida. Em 1992, passou a integrar o Conselho Consultivo do Instituto Moreira Salles, ao lado de Otto Lara Resende, Antonio Candido, Francisco Iglésias, entre outros, além de membros da família Moreira Salles.
Decio de Almeida Prado morreu em 3 de fevereiro de 2000, em São Paulo.
:: Fonte: IMS
Decio de Almeida Prado |
Obras de Decio de Almeida Prado
– Apresentação do teatro brasileiro moderno. São Paulo, Livraria Martins Editora, 1955.
– Teatro em progresso. São Paulo, Perspectiva, 1964.
– João Caetano: o ator, o empresário, o repertório. São Paulo, Perspectiva, 1972.
– João Caetano e a arte do ator. São Paulo, Ática, 1984.
– Procópio Ferreira. São Paulo, Brasiliense, 1984.
– Exercício findo. São Paulo, Perspectiva, 1987.
– Teatro brasileiro moderno. São Paulo, Perspectiva, 1988.
– Teatro de Anchieta a Alencar. São Paulo, Perspectiva, 1993.
– O drama romântico brasileiro. São Paulo, Perspectiva, 1996.
– História concisa do teatro brasileiro. São Paulo, Edusp, 1999.
– Peças, Pessoas, Personagens – O teatro brasileiro de Procópio Ferreira a Cacilda Backer. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 1993.
– Seres, Coisas, Lugares – Do teatro ao futebol. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 1997.
– Tempo (e espaço) no futebol. E-book. São Paulo, Editora Companhia das Letras, 2014.
Outras Fontes de Pesquisa
:: Enciclopédia Itaú Cultural
CENTENÁRIO DO ESCRITOR JOSUÉ MONTELLO
Josué Montello |
Josué de Souza Montello nasceu no dia 21 de agosto de 1917, na cidade de São Luiz do Maranhão (MA) e faleceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 15 de março de 2006. Ocupou a cadeira nº 29 da Academia Brasileira de Letras por 51 anos. Iniciou seus estudos em sua terra natal, concluindo o seu curso secundário em Belém do Pará (PA). De lá, em dezembro de 1936, veio para o Rio de Janeiro onde se especializou em Educação. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Maranhão. Exerceu diversos cargos, entre os quais destacamos: Conselheiro Cultural da Embaixada do Brasil em Paris; Reitor da Universidade Federal do Maranhão; Professor de Teoria da Literatura da Faculdade de Letras Pedro II (FAHUPE); Embaixador do Brasil junto à UNESCO; e Presidente da Academia Brasileira de Letras. Foi fundador do Museu da República (Palácio do Catete – Rio). Recebeu, dentre outros, os seguintes prêmios: “Intelectual do Ano”, da União Brasileira de Escritores e da Folha de S. Paulo, em 1971, com a publicação de Cais da Sagração; “Personagem Literária do Ano 1982”- da Câmara Brasileira do Livro, de São Paulo, pelo seu conjunto de obra; Grande Prêmio da Academia Francesa, 1987; “Guimarães Rosa”, de prosa, do Ministério da Cultura, 1998; e “Oliveira Martins”, da União Brasileira de Escritores, pela publicação de Os inimigos de Machado de Assis, em 2000. Foi agraciado com medalhas e condecorações de vários países.
:: Fonte: Releituras
Obras do autor
:: Acesse AQUI!
Outras fontes de pesquisa
:: Academia Brasileira de Letras
:: Fundaj – Josué Montello
:: Fundação Josué Montello
SETEMBRO
Paulo Porto – ator |
CENTENÁRIO DE PAULO PORTO
(ator (rádio, teatro, cinema e televisão), diretor, roteirista e produtor brasileiro)
Paulo Porto nasceu na cidade mineira de Muraié/MG, em 1 de setembro de 1917. Radicou-se na capital, Rio de Janeiro e logo começou a trabalhar em rádio. Ele tinha voz grave, bonita, além de ser alto e moreno. Era uma bela figura. Mas seu começo no rádio foi muito bem. Ficou muitos anos na Rádio Nacional, que era a emissora mais importante do Brasil, e com audiência que ia ao Brasil inteiro. Era o “galã”brasileiro mais querido.
Aos 20 anos ele estreou em teatro, como protagonista de uma montagem de “Romeu e Julieta”, de Shakespeare. Nessa mesma época começou a lecionar português. Seu principal sucesso, foi quando protagonizou:”O Avarento”, de Moliére. Mas, apesar de dizer amar o teatro, sua carreira encaminhou-se para o cinema e foi ali que ganhou fama nacional.
Seu começo em cinema foi em “Asas do Brasil”, filme que foi dirigido por Moacyr Fenelon. E a partir desse filme, que foi em 1947, Paulo Porto deslanchou na carreira cinematográfica, onde se tornou muito conhecido e amado. Fez mais de um filme por ano. Sua filmografia é bastante extensa. Fez:”Inconfidência Mineira”; “Dominó Negro”; “O Homem que Passa”;”Milagre de Amor”; “Uma Ramo Para Luiza”.Nesse filme, Paulo Porto não foi apenas ator, mas produtor e roteirista, o que aliás repetiu por quase toda a sua carreira. Em 1968, fez:”Roberto Carlos e o Diamante Cor-de Rosa”; e “Fome de Amor”. Em seguida fez:”A Penúltima Donzela”;”O Bravo Guerreiro”;”Pra Quem Fica, Tchau”;”Em Família”; “Os Herdeiros”;”Como Ganhar na Loteria Sem Perder Esportiva”;”As Moças Daquela Hora”; “Os Primeiros Momentos”;”Toda Nudez Será Castigada”; “O Casamento”;”A Noiva da Cidade”;”Fim de Festa”;” As Borboletas Também Amam”; “O Bom Burguês’;”Pra Frente Brasil”;”Memórias do Cárcere”;”Com Licença, Eu Vou à Luta”;”Os Fantasmas Trapalhões”;Dedé Mamata”, que foi seu último filme, em 1988. Foram todos filmes importantes, entre os quais se distinguiram : “Toda Nudez”, baseado na obra de Nelson Rodrigues e “O Casamento”, dirigido por Arnaldo Jabor.
A carreira de Paulo Porto não foi apenas cinematográfica. Teve um programa com seu nome:”Teatro Paulo Porto”,na TV Tupi do Rio de Janeiro, em 1957 . Mas em 1856, ele já havia estrelado, ao lado de Yoná Magalhães, o teleteatro:”A Moreninha”. E, antes disso, em 1953, aconteceu a primeira telenovela carioca,de nome:”Drama de Uma Consciência”, escrita por Jota Silvestre, com direção da Bob Chust. E esse horário de novela alternava-se com outra, que ia ao ar às terças e quintas feiras, e que começou com uma adaptação dos textos de Edgar Allan Poe, com o nome:”Coração Delator”, com direção de Chianca de Garcia,e que tinha no elenco: Paulo Porto, Lourdes Mayer, Ida Gomes e Fregolente, entre outros. Paulo Porto era um dos principais galãs do rádio e da televisão dos primeiros tempos, no Rio de Janeiro. Dizia gostar mais de cinema, mas assim mesmo participou de novelas famosas, como : “Vale Tudo”e “Brilhante”; “Trágica Mentira”;”Primavera”;”As Professoras”;”Coração Delator”.
Paulo Porto morreu de pneumonia, na cidade do Rio de Janeiro, em 3 de julho de 1999.
:: fonte: Museu da TV
CENTENÁRIO DO COMPOSITOR CARLOS PUEBLA
Carlos Puebla |
Carlos Puebla (Carlos Manuel Puebla) (Manzanillo, 11 de setembro de 1917 – Havana, 12 de julho de 1989) músico, compositor e cantor cubano.
“De Cuba traigo un cantar
hecho de palma y de sol
cantar de la vida nueva
y del trabajo creador
para el ensueño mejor
cantar para la esperanza
para la luz y el amor…”
– Carlos Puebla, in: “Cuba traigo un cantar”.
Discografía
1997: Cantarte Comandante.
1997: La novia del feeling.
1997: Toda una vida.
1998: Hasta siempre.
1999: Dos voces de América en un canto a Cuba.
1999: Soy del pueblo.
2001: Mis cincuenta preferidas. Vol. III.
2004: El gran tesoro de la música cubana. Vol. IV
2004: Rebeldes.
:: Fonte: Wikipédia
CENTENÁRIO HERBERTO SALES
Herberto Sales |
Herberto Sales (Herberto de Azevedo Sales), jornalista, contista, romancista e memorialista, nasceu em Andaraí, BA, em 21 de setembro de 1917. Faleceu no dia 13 de agosto de 1999, no Rio de Janeiro.
Filho de Heráclito Sousa Sales e Aurora de Azevedo Sales. Fez o curso primário em sua cidade natal, e o curso ginasial (abandonado no 5º ano) em Salvador, no colégio Antônio Vieira, dos jesuítas. O professor Agenor Almeida descobriu-lhe, numa prova, a vocação literária, chamando para isso a atenção do padre Cabral, que por sua vez foi o descobridor, alguns anos antes, no mesmo colégio, da vocação literária de Jorge Amado. Abandonados os estudos, voltou para Andaraí, onde viveu até 1948. Com a publicação, em 1944, de Cascalho, seu romance de estreia, projetou de impacto o seu nome nos meios literários do país. No Rio de Janeiro, para onde então se transferiu e residiu até 1974, foi jornalista militante, com atividade nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, na área da revista O Cruzeiro, da qual foi assistente de redação, na melhor fase desse famoso órgão da imprensa brasileira. Exerceu o cargo de diretor de outras unidades da mesma empresa, inclusive de sua editora de livros. Em 1974 mudou-se para Brasília, onde foi por dez anos diretor do Instituto Nacional do Livro, e, por um ano, assessor da Presidência da República, sob José Sarney. A partir de 1986, por quatro anos, residiu em Paris, servindo como adido cultural à Embaixada brasileira. Regressando ao Brasil, fixou residência em São Pedro da Aldeia, onde levou vida isolada, de autoexílio, o que deu motivo a ser chamado, em artigo de Josué Montello, “O Solitário de São Pedro da Aldeia”. Foi casado com Maria Juraci Xavier Chamusca Sales e com ela teve três filhos: Heloísa, Heitor e Herberto.
Quarto ocupante da Cadeira 3, eleito em 6 de abril de 1971, na sucessão de Aníbal Freire da Fonseca e recebido pelo Acadêmico Marques Rebelo em 21 de setembro de 1971. Recebeu o Acadêmico José Cândido de Carvalho.
:: Fonte: Academia Brasileira de Letras
Herberto Sales |
Obras de Herberto Sales
– Cascalho, 1944.
– Além dos marimbus, 1961.
– Dados biográficos do finado Marcelino, 1965.
– Histórias ordinárias, 1966.
– O sobradinho dos pardais, 1969.
– O lobisomem e outros contos folclóricos, 1970.
– Uma telha de menos, 1970.
– O Japão: experiências e observações de uma viagem, 1971.
– A feiticeira da salina, 1974.
– A vaquinha sabida, 1974.
– O homenzinho dos patos, 1975.
– Armado cavaleiro o audaz motoqueiro, 1980.
– Einstein, o minigênio, 1983.
– Os pareceres do tempo, 1984.
– O menino perdido, 1984.
– A volta dos pardais do sobradinho, 1985.
– A porta de chifre, 1986.
– SubsiDiário, memórias, 1988.
– Na relva da tua lembrança, memórias, 1988.
– Andanças por umas lembranças, SubsiDiário 2, memórias, 1990.
– O urso caçador, 1991.
– Eu de mim com cada um de mim, SubsiDiário 3, memórias, 1992.
– Rio dos morcegos, 1993.
– As boas más companhias, 1995.
– Rebanho do ódio, 1995.
– A prostituta, 1996.
CENTENÁRIO CHACRINHA
Chacrinha – foto: Globo |
Grande comunicador brasileiro, o ‘Velho Guerreiro’ começou a carreira no rádio, mas fez história na televisão. Na Globo, comandou os programas de auditório Discoteca do Chacrinha, Buzina do Chacrinha, e Cassino do Chacrinha.
“Alô, Terezinha!” “Quem não se comunica se trumbica”. Bordões hilários, figurino extravagante e a buzina estridente inconfundível contribuíram para tornar Chacrinha um dos maiores comunicadores da televisão brasileira. O “Velho Guerreiro”, como também era conhecido, exerceu seu talento único para entreter os mais diversos públicos, ao longo da carreira.
José Abelardo Barbosa de Medeiros nasceu em Surubim, Pernambuco, em 30 de setembro de 1917. Mudou-se com a família para Campina Grande, na Paraíba, quando tinha 10 anos e, aos 17, foi estudar no Recife. Em 1936, entrou para a Faculdade de Medicina, mas não concluiu o curso. Em 1940, foi para o Rio de Janeiro decidido a trabalhar em rádio.
Começou a carreira como locutor na Rádio Tupi. Em 1943, lançou na Rádio Clube Niterói o programa de marchinhas de carnaval Rei Momo na Chacrinha. Fez tanto sucesso que passou a ser conhecido como Abelardo “Chacrinha” Barbosa. Pouco depois, assumiu o apelido como nome artístico.
Década de ouro
Durante os anos 1950, trabalhou em várias emissores de rádio apresentando o programa Cassino do Chacrinha, no qual lançou sucessos como Estúpido Cupido, de Celly Campello, e Coração de Luto, de Teixeirinha. Mesmo depois de se tornar sucesso na TV, Chacrinha nunca abandonou o trabalho em rádio.
A estreia na televisão aconteceu em 1956, na TV Tupi, com o programa Rancho Alegre, paródia aos filmes de faroeste, no qual interpretava o xerife. No ano seguinte, começou a apresentar também a Discoteca do Chacrinha, na mesma emissora. No início dos anos 1960, apresentou sua Discoteca na TV Excelsior e na TV Rio, sempre com grande sucesso.
Discoteca do Chacrinha
Chacrinha – foto: Nelson Di Rago/TV Globo |
Chacrinha foi contratado pela Globo em julho de 1967, para apresentar dois programas: a Discoteca do Chacrinha, às quartas-feiras, e A Hora da Buzina, rebatizado em 1970 como Buzina do Chacrinha, aos domingos.
Apesar da boa repercussão, em dezembro de 1972, voltou para a TV Tupi. E em 1978, mudou-se para a TV Bandeirantes. Só retornou à Globo em março de 1982, dessa vez para apresentar, nas tardes de sábado, seu maior sucesso, o Cassino do Chacrinha. Mistura de programa de auditório com atrações musicais e show de calouros, o Cassino tinha a direção de José Aurélio “Leleco” Barbosa, filho do apresentador, e de Helmar Sérgio, e permaneceu na grade de programação da Globo até a morte do apresentador, em 1988.
Em seus programas, o “velho guerreiro”, como também era conhecido, exerceu seu talento único para a comunicação através de uma persona extravagante que o tornou um ícone da televisão brasileira. Até o início dos anos 1960, vestia-se de terno e gravata para apresentar os programas. Depois, passou a se apresentar com figurinos excêntricos – o primeiro deles incluía um boné de disc-jóquei e um enorme disco de telefone para pendurar no pescoço – ou fantasiado das maneiras mais espalhafatosas, como baiana estilizada, telefone gigante, noiva ou mulher-maravilha.
“Alô, Terezinha!”
Durante o programa, fazia soar a buzina de mão que usava para desclassificar os calouros nos concursos que promovia. Tinha o hábito de apontar para o próprio nariz quando queria enfatizar uma de suas frases, ao mesmo tempo debochadas e insólitas, que se tornavam bordões instantâneos, como: “Alô, Terezinha!”, “Quem não se comunica se trumbica”, “Na TV nada se cria, tudo se copia” e “Eu vim para confundir e não para explicar”. O apresentador também “distribuía” gêneros alimentícios para a plateia, arremessando bacalhaus, farinha, abacaxis, pepinos etc.
Os programas de Chacrinha contavam ainda com as chacretes – dançarinas que faziam coreografias durante as atrações e tinham nomes exóticos como Rita Cadillac, Fernanda Terremoto e Fátima Boa Viagem – e com o seu corpo de jurados, do qual fizeram parte figuras marcantes como o produtor musical Carlos Imperial, a cantora Aracy de Almeida, a transformista Rogéria e a atriz Elke Maravilha.
Chacrinha – foto: Nelson Di Rago/TV Globo |
Censurado
Por conta de seu comportamento anárquico, Chacrinha teve problemas com setores mais conservadores da sociedade e com a Censura Federal. Foi importunado pelos censores que não permitiam que as câmeras mostrassem os corpos das chacretes e procuravam inibir suas brincadeiras, especialmente as frases de duplo sentido. Numa ocasião, o apresentador se sentiu desrespeitado na maneira de ser abordado nos bastidores do programa e chegou a escrever à Censura Federal, reclamando formalmente dos maus-tratos recebido pelos censores.
Todos os anos, Chacrinha lançava marchinhas de carnaval que ficaram famosas. Em 1987, foi homenageado pela Escola de Samba carioca Império Serrano, com o enredo “Com a boca no mundo: quem não se comunica se trumbica”. Chacrinha fechou o desfile, no alto de um carro alegórico, cercado de chacretes e acompanhado da jurada Elke Maravilha e do seu assistente de palco, Russo. No mesmo ano, recebeu do então presidente da República, José Sarney, o grau de comendador.
Último Cassino do Chacrinha
Em 1988, a saúde de Chacrinha começou a dar sinais de que não ia bem. O humorista João Kléber chegou a apresentar alguns programas em seu lugar. Em junho, o apresentador voltou ao comando do programa, mas, ainda não totalmente reestabelecido fisicamente, precisou da ajuda de João Kléber. O último Cassino do Chacrinha foi ao ar no dia 2 de junho de 1988. Chacrinha faleceu naquele ano, em 30 de junho, aos 70 anos, vítima de câncer no pulmão.
Chacrinha também fez carreira no cinema, e atuou em mais de dez filmes de longa-metragem. Foram eles: Virou Bagunça (1960), Três Colegas de Batina (1962), Na Onda do Iê Iê Iê (1966), 007 ½ no Carnaval (1966), Carnaval Barra Limpa (1967) Balada de Página Três (1968), Pobre Príncipe Encantado (1969), Como Vai? Vai Bem? (1969), Pais Quadrados, Filhos Avançados (1970), Amor em Quatro Tempos (1970), Paixão de um Homem (1972), Já Não se Faz Amor como Antigamente (1976), Aventuras de um Paraíba (1982) e Leila Diniz (1987). Participou, ainda, como ele mesmo, dos filmes Rio à Noite (1962), A Opinião Pública (1967), As Delícias da Vida (1974), Intimidade (1975), Milagre – o Poder da Fé (1979) e Fê nix (1980).
:: Fonte: Memória Globo
OUTUBRO
CENTENÁRIO DA COMPOSITORA CHILENA VIOLETA PARRA
Violeta Parra |
A chilena Violeta del Carmen Parra Sandoval (San Carlos, 4 de outubro de 1917 — Santiago do Chile, 5 de fevereiro de 1967) viveu múltiplas vidas ao longo de seus 49 anos. Foi cantora e compositora, ofício pelo qual foi mais reconhecida, mas também compiladora de música folclórica e artista plástica. No centenário de seu nascimento – celebrado neste ano no Chile com a publicação de livros sobre sua obra, festivais, concertos, exposições e congressos internacionais –, o país a homenageia como uma criadora diversa e promove o reconhecimento de seu legado sob uma perspectiva integral.
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:: Museu Violeta Parra – Museo Violeta Parra. AcesseAQUI!
CENTENÁRIO DA ESCRITORA LINDANOR CELINA
Lindanor Celina |
Lindanor Celina Coelho Casha (Castanhal, 21 de outubro de 1917 — Paris, 4 de março de 2003) escritora brasileira.
Lindanor nasceu em Castanhal, mas, como ela mesmo afirmava, abriu os olhos para o mundo no município de Bragança. Aos 11 anos de idade, mudou-se para Belém e foi interna do Colégio Santo Antônio. Retornou para Bragança como professora, foi aprovada em concurso público federal e nomeada para a cidade de São Luis, casando-se antes de 18 anos de idade na capital maranhense.
Ao ser transferida para Belém, obteve a primeira colocação no concurso nacional promovido pela Aliança Francesa, instituição da qual era aluna. O tema do teste foi a estação de sua preferência. “Eu não conhecia o outono, mas tinha uma paixão por essa estação porque havia lido o Verlaine, eu já cronicava desde 1954, no jornal Folha do Norte, e este concurso foi em 1957”. O prêmio foi uma viagem a Paris, onde mais tarde viveria, com os três filhos para criar e separada. Na Folha, escreveu muitos anos na coluna “Minarete”. Conviveu com vários jornalistas, poetas e escritores da cidade, mas quem acreditou no trabalho dela foi Machado Coelho, em seguida Dalcídio Jurandir e depois Benedito Nunes.
No ano de 1963, publicou seu primeiro livro, o romance Menina que vem de Itaiara. Foi citada como romancista de costumes pelo crítico Afrânio Coutinho, em virtude das cenas e situações do livro que mostram a boa observação da autora. O Estado de S. Paulo escolhe o romance como “o livro do semestre”, marco inicial de uma fecunda trajetória literária, abrindo caminho para Estrada de tempo-foi, Breve sempre, Pranto por Dalcídio Jurandir, A viajante e seus Espantos, Diário da Ilha e Eram assinalados, adicionando as inéditas Crônicas Intemporais e Para Além dos Anjos.
Lindanor Celina foi tema da Gincana Literária, realizada na IX Feira Pan-Amazônica do Livro no dia 21 de Setembro de 2005, onde os alunos do Ensino Fundamental e Médio das Escolas do Pólo 4 – SEDUC (Secretaria Executiva de Educação) estudaram e responderam sobre a vida e obras da autora, comandada pelo escritor Carlos Correia Santos. Os familiares da escritora estiveram presentes no evento e colaboraram com os alunos levando pertences de Lindanor, que foram apresentados ao público, como roupas, chapéu, jóias, livros e fotografias.
Lindanor Celina enriqueceu a literatura regional da Amazônia e é considerada como romancista moderna, mais precisamente pós-moderna por causa da fusão do cotidiano com o ficcionismo mostrado em suas obras.
Lindanor Celina |
Casa-se com Serge Cashà (Doutor em Letras pela Universidade de Sorbonne e professor de Literatura Brasileira na Universidade de Nantrerre, França), com quem viveu até sua morte, em Clamart, arredores de Paris, em 04 de março de 2003. Respeitando um desejo dela, suas cinzas foram espalhadas pela baía de Guajará, em Belém.
:: Fonte: Wikipédia
Obras de Lindanor Celina
– Símbolo. (Poemas). Menção honrosa da Academia Paraense de Letras. 1956.
– Contracanto. Livro de crônicas literárias. Primeiro Prêmio da Academia Paraense de Letras. 1960.
– Menina que vem de Itaiara. (Romance). Rio de Janeiro: Editora Conquista, 1963; 3ª ed., Belém: Cejup, 1996.
– Estradas do tempo-foi. (Romance). Rio de Janeiro: JCM Editores Ltda, 1971.
– Breve sempre. (Romance). Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana, 1973; Belém: CEJUP, 1992.
– Afonso contínuo, santo de altar. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986.
– A viajante e seus espantos. (Coletânea crônicas). Belém: CEJUP, 1988.
– Diário da ilha: crônicas. Belém: CEJUP, 1992.
– Eram seis assinalados. (Romance). Belém: CEJUP, 1994.
– Para além dos anjos, aquele moço de Caen. (Romance). Belém: CEJUP, 2003.
– Crônicas intemporais. Belém: CEJUP, 2003.
Tese
SEPARATA da tese de Doutorado de 3° ciclo, Quelques aspects du conte chez Mário de Andrade, 35 p. Publicação da Universidade Federal do Pará, 1973.
Outras Fontes de Pesquisa
CASHA, Serge; MATOS, Edilene. Cronologia da obra de Lindanor Celina. in: Plural espaço estúdio. Disponível no link. (acessado 17.12.2016).
PENHA, Maria das Neves de Oliveira. A cartografia de Irene na trilogia de Lindanor Celina. (Dissertação Mestrado em Letras). Universidade Federal do Pará, 2008. Disponível no link. (acessado em 17.12.2016).
TUPIASSÚ, Amarilis; PEREIRA, João Carlos; BEDRAN, Madeleine. Lindanor, a menina que veio de Itaiara.Belém: Secult, 2004.
CENTENÁRIO DO PINTOR PORTUGUÊS JÚLIO RESENDE
Júlio Martins Resende da Silva Dias |
Júlio Martins Resende da Silva Dias nasceu no Porto a 23 de Outubro de 1917. Era o segundo dos quatro filhos de Manuel Martins Dias, comerciante, e de Emília Resende da Silva Dias, professora de Música no Conservatório do Porto. Foi batizado a 19 de Novembro desse ano na paróquia da Vitória.
Habituado a viver num ambiente artístico, dotado de forte cultura musical, desde cedo se dedicou à pintura e à ilustração. Este caminho que escolheu para a sua vida gorou as expectativas dos progenitores, esperançados em que o filho optasse por uma carreira musical ou por uma comercial. Com a ajuda de Aurora Jardim, colaboradora de dois dos mais populares periódicos do Porto, do Jornal de Notícias e d’ O Primeiro de Janeiro, foi encaminhado para as aulas de desenho e pintura da Academia Silva Porto, orientadas por Alberto Silva. No entanto, apesar desta aposta num futuro artístico, para agradar ao pai trocou o curso liceal por um curso comercial entre 1934 e 1935.
Em 1935 participou na Grande Exposição dos Artistas Portugueses e retratou o avô materno a lápis, num trabalho assinado, pela primeira vez, com o nome Júlio Resende, em homenagem à mãe.
Passados dois anos, matriculou-se na Escola de Belas Artes do Porto, sendo discípulo, entre outros, de Dórdio Gomes. Por dificuldades financeiras decorrentes da má situação económica da loja paterna, viu-se obrigado a suportar sozinho as despesas do curso, através da venda de trabalhos gráficos, como desenhos publicitários, banda desenhada e ilustrações. Desta faceta menos conhecida da sua obra, que se prologou temporalmente dos anos trinta aos anos setenta, podem destacar-se as histórias de Matulinho e Matulão, publicadas n’O Primeiro de Janeiro, entre 1942 e 1952, e as colaborações nas Revistas Infantis O Papagaio e Tic-Tac.
Júlio Martins Resende da Silva Dias |
Em 1938 apresentou uma obra na exposição de alunos do pintor Alberto Silva e em 1940 desenhou a lápis o Retrato da minha Avó, que assinou com o apelido materno – Resende, nome que manterá definitivamente.
No ano de 1943 casou com a colega de escultura, Maria da Conceição Moutinho, estreou-se a expor individualmente, no Salão Silva Porto, e participou na criação do Grupo dos Independentes, uma associação de artistas da ESBAP, como Júlio Pomar, Nadir Afonso ou Fernando Lanhas, de sensibilidades variadas mas unidos na crítica ao academismo e na proximidade ao movimento neo-realista.
A carreira de docente iniciou-se em 1944, na Escola Industrial de Guimarães, no ano em que proferiu uma palestra no Instituto Britânico do Porto, sobre Gravadores britânicos.
Vásquez Díaz: Auto-retrato de 1928Em 1945, expôs no Porto e ganhou os primeiros de muitos prémios.
Integrou a nona Missão Estética de Férias em Évora. Começou a pintar quadros com temas alentejanos. Durante uma estadia em Madrid, onde visitou o Prado, museu que o fascinou sobretudo pelas obras dos pintores Goya, Solana e Vázquez Díaz, tendo tido a oportunidade de conhecer este último. Nesse ano, terminou a licenciatura em Pintura com o quadro Os Fantoches, classificado com dezoito valores.
Em 1946 criou um curso de arte no Instituto Britânico do Porto. Expôs pela primeira vez em Lisboa, ilustrou um livro de Adolfo Simões Müller e ganhou uma bolsa do Instituto para a Alta Cultura, para aperfeiçoamento da técnica da pintura no estrangeiro. Ainda nesse ano, partiu para Paris com a mulher e a filha.
Entre 1947 e 1948, já sem a família, estudou as técnicas de fresco e gravura na Escola de Belas-Artes de Paris e na Academia Grande Chaumière. Foi discípulo de Duco de La Haix e de Othon Friesz. Copiou os mestres da pintura no Museu do Louvre e visitou outros museus de referência, na Bélgica, na Holanda, em Inglaterra e em Itália.
Júlio Resende – Untitled,1954 |
No regresso, em 1949, trabalhou como professor na Escola Industrial e Comercial Carlos Amarante, em Braga, e, depois, na Escola de Cerâmica de Viana do Alentejo (1949-1951), lugar onde criou as bases da sua obra e produziu quadros que refletem as suas preocupações humanistas.
A primeira exposição individual no exterior aconteceu em 1950, em Kristiansund, na Noruega. Em 1951, de novo em Portugal, expôs no Palácio da Foz, em Lisboa. Na capital contactou, com o escritor Vergílio Ferreira e com os artistas Júlio, Charrua, Almada Negreiros e Eduardo Viana. Foi convidado a visitar a Noruega, país a que regressa em 1952. Por essa altura, visitou também a Dinamarca e realizou um fresco, o primeiro dos seus murais, para a Escola Gomes Teixeira no Porto, onde lecionava.
Nesta fase também produziu inúmeros murais cerâmicos para edifícios, públicos e privados, obras que se inseriram no contexto da reutilização do azulejo na arquitetura nacional dos anos 50 e 60. Neste capítulo da arte pública, colaborou com notáveis arquitetos nacionais, em especial com a dupla José Carlos Loureiro e Luís Pádua Ramos (na Pousada de Bragança, no Hotel D. Henrique, na Casa Sical, no Edifício da U. A. P., no Edifício da Companhia de Seguros Tranquilidade, nas Torres Habitacionais da Pasteleira, no Conservatório de Aveiro e no Hotel Solverde de Espinho).
Em 1953 instituiu as Missões Internacionais de Arte, que se estrearam em Trás-os-Montes, e voltou ao Porto. Nos dois anos seguintes, na Póvoa de Varzim, deu aulas na Escola Comercial e Industrial e promoveu a segunda edição da Missão Internacional de Arte.
Com o arquiteto João Andresen e o escultor Barata Feyo integrou, em 1956, a equipa vencedora do concurso para o monumento do Infante D. Henrique, em Sagres, com o projeto Mar Novo. Todavia, esta obra não viria a ser concretizada por não ser do agrado de Oliveira Salazar. Nesse ano, terminou o curso de Ciências Pedagógicas na Universidade de Coimbra.
Júlio Resende – Cor de Goa – 1997 |
Sem perder o alento, organizou, em 1957, a exposição 4 Artistas Portugueses em Oslo e Helsínquia, e pintou quadros sobre o Porto e a Póvoa. Em 1958 promoveu a 3ª Missão Internacional de Arte em Évora e foi convidado a dar aulas na Escola Superior de Belas Artes do Porto, como assistente de Pintura de Dórdio Gomes. Nestes anos também executou vários painéis cerâmicos para edifícios: para o Hospital de S. João, para o Posto Alfandegário de Vilar Formoso e para a Pousada de Santa Catarina de Miranda do Douro, estes últimos da autoria do arquiteto Castro Freire.
No início dos anos 60 viajou por França, Itália e Inglaterra. Foi tema de uma exposição retrospetiva promovida pelo Secretariado Nacional de Informação e executou, entre outras obras, o painel cerâmico da Pousada de S. Bartolomeu, em Bragança, os murais do Palácio da Justiça do Porto e do Banco Pinto de Magalhães, cenários e figurinos teatrais, um fresco para o Tribunal de Justiça de Anadia, a ilustração da obra Aparição de Vergílio Ferreira, e seis painéis em grés para o Palácio da Justiça de Lisboa.
Nesta época, paralelamente à atividade artística, progrediu na sua já bem sucedida carreira universitária, na ESBAP. Em 1962 prestou provas públicas para professor, sendo nomeado primeiro assistente de Pintura em 1963. Mais tarde, exerceu funções de gestão (1974) e foi eleito Presidente do Conselho Diretivo (1975), cargo que absorveu a totalidade do seu tempo até 1976.
Júlio Resende – Evocação 6, 2007. |
Nos anos setenta dirigiu a parte estética do Espetáculo de Portugal na Exposição Mundial de Osaka, realizou cenários para teatro, ballet e cinema, executou vários painéis cerâmicos como a Grande Árvore do Hotel D. Henrique no Porto, hoje encerrado num vidro, ou o trabalho para a Companhia de Seguros Tranquilidade, também no Porto; ilustrou obras literárias e fez várias viagens ao Brasil e a Espanha. Na sua primeira viagem ao Brasil (1971), conheceu na Baía o escritor Jorge Amado e o artista Mário Cravo Filho. E na de 1977, ao Nordeste Brasileiro, encontrou-se com os artistas Sérgio Lemos e Francisco Brennand.
Em 1980 participou nas comemorações dos 100 anos da ESBAP. Nos anos seguintes, decorou a Igreja de Nossa Senhora da Boavista riscada pelo arquiteto Agostinho Ricca Gonçalves, com 9 vitrais e uma escultura. Voltou ao Brasil (Pernambuco, Baía, Recife). Pintou o enorme painel “Ribeira Negra” (40mx3m), que ofereceu à sua cidade e, posteriormente, foi executado em grés e colocado à entrada do Túnel da Ribeira. Nesta obra, o poeta Eugénio de Andrade viu “o magnificente historial da miséria e da grandeza da população ribeirinha do Porto (…).” (Ribeira Negra, Galeria Nasoni, 1989).
Em 1987 abandonou o ensino na ESBAP e em 1989 foi tema de uma exposição retrospectiva na Fundação Calouste Gulbenkian.
Nos anos 90, voltou às viagens, desta feita a Cabo Verde (S. Vicente, Santo Antão, Santiago e Fogo), à Índia (Goa), a Moçambique e ao Brasil (Recife); produziu arte pública como o painel de azulejos para a Estação de Sete Rios do Metropolitano de Lisboa e instituiu, em 1993, a Fundação Júlio Resende – “Lugar do Desenho” – em Valbom, Gondomar.
Júlio Resende – Tropical, 2007 |
Em 2001, a Câmara Municipal de Matosinhos organizou uma exposição retrospetiva da sua obra e, em 2007, durante a comemoração dos seus 90 anos, foi homenageado no Porto com uma exposição antológica.
Teve uma longa carreira de professor, construída no ensino secundário, técnico e regular, e no ensino artístico universitário. E é autor de uma diversificada e premiada obra, marcada pelas viagens que foi fazendo ao longo da vida e pelos mestres que conheceu, que abrange essencialmente a pintura sobre tela ou mural, serigrafias e gravuras, vitral, painéis cerâmicos para obras de arquitetura, ilustração de livros e, ainda, cenários e figurino para teatro e ballet. Grande parte da sua obra é apresentada em exposições, individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, desde os anos quarenta, e está patente em muitos e prestigiados museus e coleções particulares em Portugal, na França, no Brasil, na Finlândia, na Noruega, na Bélgica e em Macau.
Pintou quase até ao fim da vida no Porto, a cidade que o inspirou e à qual sempre voltou.
Faleceu em Valbom, Gondomar, a 21 de Setembro de 2011, aos 93 anos de idade.
:: Fonte: Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008 – Universidade do Porto/Portugal.
DEZEMBRO
CENTENÁRIO MESTRE DIDI (DEOSCÓREDES MAXIMILIANOS DOS SANTOS)
Mestre Didi |
Mestre Didi (Deoscóredes Maximiliano dos Santos). Salvador BA, 2 de dezembro de 1917 — Salvador BA, 6 de outubro de 2013. escritor, artista plástico/escultor, e sacerdote brasileiro. Foi em 1925 que o menino de oito anos Deoscóredes foi iniciado no culto aos ancestrais (Egungun) da tradição iorubá na Ilha de Itaparica/BA. Carinhosamente tornou-se conhecido como “Mestre Didi”. É um herdeiro da grande tradição do reinado de Ketu, saber recebido da “vaidosa senhora de melindres e delicados gestos”, dona Maria Bibiana do Espírito Santo, mais conhecida como Mãe Senhora. Em 1975, Didi recebeu a mais alta hierarquia sacerdotal Alapini no culto aos Ancestrais Egun. Em 1980 fundou a Sociedade Religiosa e Cultural Ilê Asipá, do culto aos ancestrais Egun em Salvador, Bahia. Publicou vários livros sobre a cultura iorubá, cinco dos quais em parceria com a antropóloga Juana Elbein dos Santos, sua esposa. Em 1964, realizou a primeira de suas várias exposições individuais realizadas tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo, em 2009, Mestre Didi: o escultor do sagrado – homenagem aos 90 anos, no Museu Afro Brasil (São Paulo). São mais de 30 exposições coletivas, entre as quais Os herdeiros da noite (Pinacoteca do Estado de São Paulo/Centro de Cultura de Belo Horizonte-MG, 1995); Mostra do Redescobrimento (São Paulo, 2000) e Negras memórias, memórias de negros (Galeria de Arte SEIS-FIESP-SP, 2001/Museu Histórico Nacional-RJ, 2001/Palácio das Artes, Belo Horizonte/MG, 2003), Além disso, recebeu dezenas de homenagens e prêmios importantes como a Medalha Thomé de Souza/Câmara Municipal (Salvador/BA), recebida em 1995; a condecoração de Honra ao Mérito Cultural, grau de Comendador, Ministério da Cultura, em 1996; título de Dr. Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia, em 1999, entre outros. Para o curador Emanoel Araújo, o artista Mestre Didi e “suas obras são como uma união de antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas (…) suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano”. Fazendo uso de materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira, etc., o artista possui uma obra de fôlego inesgotável e que se perpetua em constante renovação.
:: Fonte: Museu Afro Brasil
Mestre Didi – esculturas
Mestre Didi e suas esculturas |
Mestre Didi, Pierre Verger e Vivaldo da Costa Lima |
Mestre Didi – escultura |
Mestre Didi – escultura |
100 ANOS DE SAUDADES
[em desenvolvimento]
OUTRAS DATAS COMEMORATIVAS EM 2017
NOBEL DA LITERATURA EM 1917
– Karl Adolph Gjellerup, Henrik Pontoppidan.
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