09/12/2024
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Eficaz contra o câncer de próstata

 ADRIANO MARTINS COSTA/O ESTADO – Fruta típica regional que ganhou adeptos no mundo fitness é alvo de pesquisa na UFMA e se mostra promissora contra a doença

Professora Maria do Desterro Nascimento, que lidera grupo de pesquisadores da UFMA 

Professora   Maria do Desterro Nascimento, que  lidera grupo de pesquisadores da UFMA


A juçara é o fruto da moda. Ela está presente nas dietas especializadas, nas academias e nas praças de alimentação dos shoppings centers. O fruto típico da região, que em outras plagas recebe o pitoresco nome de açaí, é apreciado há vários e vários anos no Maranhão. Quem nunca tomou uma tigela cheia, com farinha amarela e camarão? Pois, há quase 10 anos, em 2007, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), liderado pela professora Maria do Desterro Nascimento, doutora em medicina, acreditou que o pequeno caroço preto recoberto de polpa poderia ser bem mais que um alimento e teria a capacidade de salvar vidas e curar tumores. A pesquisa rendeu e em abril foi reconhecida como uma iniciativa promissora no combate ao câncer de próstata, tendo recebido o Prêmio Dr. Hélio Mendes de Incentivo à Pesquisa em Oncologia.

De acordo com Marcos Antonio Custódio Silva, bolsista de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e membro do grupo, a pesquisa foi iniciada a partir da tese de doutorado da professora Dulcelena Ferreira da Silva, do Departamento de Morfologia da UFMA. Em seu trabalho, ela avaliou o potencial efeito citotóxico da juçara, de nome científico Euterpe oleracea Mart, em células do câncer de mama e de câncer colo-retal. O grupo, então resolveu ampliar a pesquisa para o câncer de próstata, descobrindo que os extratos obtidos do fruto tem um enorme potencial para matar as células cancerígenas.
Mesmo com essa vitória, o trabalho prossegue. O objetivo agora é descobrir qual parte do fruto tem o maior potencial citotóxico, já que eles aproveitam todo o material colhido, incluindo os caroços. E mesmo que ainda demore mais alguns anos para que um medicamento realmente surja das pesquisas, uma patente já foi registrada contendo todos os detalhes do trabalho. “O objetivo não é substituir as terapias já existentes, como quimioterapia ou radioterapia, mas que seja um tratamento complementar a essas modalidades já estabelecidas”, destaca o aluno.
Reconhecimento
A professora Maria do Desterro afirma que a pesquisa começou com um pensamento: encontrar um fruto já estabelecido em comunidades locais para estimular tanto o lado econômico quanto o social da cidade. “Nós começamos a ler os artigos que estavam à disposição no mundo e verificamos que o nosso fruto escolhido era a juçara, porque ela é rica em flavonóides, que são os compostos existentes nos frutos vermelhos. E a população já utiliza a juçara há muitos anos. Ela é bem recebida e até festejada”, destaca a doutora.
O trabalho também é pioneiro na literatura médica. Até o momento, as pesquisas que envolveram o fruto da juçara dizem respeito a doenças cardiovasculares e de pulmão, sendo esta a primeira vez que alguém comprova o efeito do fruto em matar células de câncer de próstata.
E mesmo já tendo tanto tempo de pesquisa, tudo ainda está no começo. Essa é só a primeira fase do projeto, que já teve artigos publicados em revistas de medicina de todo o mundo é está sendo bastante aceito pelos especialistas em oncologia. O ponto alto do reconhecimento é o Prêmio Dr. Hélio Mendes, que tem objetivo de incentivar a pesquisa científica em oncologia no Maranhão e foi concedido no II Congresso de Oncologia do Hospital São Domingos, ocorrido entre os dias 13 a 15 de abril deste ano.
“É bom para nós ter um trabalho reconhecido. Uma pesquisa que nós começamos aqui, que utiliza um fruto existente na nossa região. É um estímulo para que continuemos a pesquisar os efeitos nessas células e quem sabe contribuir para a atenção oncológica no e estado”, resume Marcos Silva.
A juçara é rica em flavonóides, que são os compostos existentes nos frutos vermelhos. E a população já a utiliza há muitos anos. Ela é bem recebida e até festejadaProfessora Maria do Desterro
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