02/12/2024
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‘Estupro está provado’, diz delegada sobre caso no Rio; suspeitos são presos

Raí de Souza (centro), suspeito de participar de estupro coletiva no Rio, se entregou nesta segunda (30)

Em entrevista na tarde desta segunda (30), a delegada Cristiana Bento, queassumiu neste domingo (29) as investigações do caso do estupro da adolescente de 16 anos, afirmou não ter dúvida de que o crime aconteceu. “A minha convicção a é de que houve estupro. Está lá no vídeo, que mostra um rapaz manipulando a menina. O estupro está provado. O que eu quero agora é verificar a extensão desse estupro, quantas pessoas praticaram esse crime”, disse a delegada.

Titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), Cristiana alegou que o processo está em segredo de Justiça, motivo pelo qual não daria acesso às declarações prestadas pela vítima e pelos suspeitos.
A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24). Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”. Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.
Na entrevista, a delegada afirmou ter pedido a prisão temporária de seis suspeitos de envolvimento no crime “para que possamos investigar com mais calma” e afirmou que já havia indícios suficientes para justificar o pedido. “O vídeo prova o abuso sexual. Além do depoimento da vítima.”
Além da delegada, participaram da entrevista o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, e Adriane Rego, diretora do Instituto Médico-Legal (IML), órgão responsável pelo exame físico da garota cinco dias após o crime.
Segundo os policiais, a perícia técnica do IML ficou prejudicada, por causa do tempo decorrido entre o crime e o exame. “Não foram colhidos indícios de violência, o que não quer dizer que ela não aconteceu”, disse o chefe da Polícia Civil.
A diretora do IML afirmou que os peritos procuraram material biológico dos estupradores no corpo da vítima e não encontraram. Diferentes fatores, segundo ela, interferem nessa questão, desde o uso de preservativos até o tempo decorrido para o exame.
“O prazo de cinco dias dificulta muita coisa. Quanto mais próximo da violência for o exame, mais fácil é a gente detectar qualquer vestígio. O corpo tem reações que são muito fugazes, desaparecem rapidamente. Então, quanto mais próximo da lesão for o exame, maiores as chances de produzir provas técnicas”, disse Adriane Rego. “Os vestígios se perderam em razão dos vários dias que se passaram. Mas a polícia não pode afirmar que não houve lesão só porque o laudo não constatou.”
A delegada Cristiana relativizou a importância do laudo. “Nos crimes sexuais, o exame de corpo de delito é importante, mas não é determinante. Às vezes há lesão, mas foi consentida pela vítima. E pode acontecer de ter havido estupro mesmo não tendo havido lesão.” A policial aventou uma outra possibilidade para a falta de vestígios no corpo da adolescente: “Como ela estava desacordada, não vai haver lesão porque ela não ofereceu resistência. Por isso o laudo não é determinante.”
CAÇA AOS TRAFICANTES

Dois dos seis suspeitos foram presos nesta segunda-feira. Raí de Souza se entregou à polícia, e o jogador de futebol Lucas Perdomo, 20, foi detido na porta de um restaurante no centro do Rio, em torno de 15h30. Os outros quatro estão foragidos.
O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que os policiais vão prender “qualquer pessoa que tenha envolvimento com o tráfico naquela comunidade, esteja lá ou em outras”. “Independentemente da investigação pelo envolvimento com o tráfico, há o interesse de que sejam investigadas e ouvidas nessa investigação comandada pela doutora Cristiana.”
CRONOLOGIA DO CASO
21.mai.2016 – A adolescente é estuprada na madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir a um baile funk
22.mai.2016 – Segundo diz em depoimento, acorda cercada por homens armados, no mesmo dia em que volta para casa
24.mai.2016 – A vítima fica sabendo que um vídeo com ela circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico
25.mai.2016 – A família da menina é avisada por um vizinho sobre o vídeo. Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”. Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro
26.mai.2016 – A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML
27.mai.2016 – A menina presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; neste mesmo dia, a polícia localiza a casa em que o crime aconteceu
28.mai.2016 – A advogada da vítima, Eloísa Samy, pede à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers, títular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DCRI). Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com “machismo e a misoginia”
29.mai.2016 – Pressionada, a Polícia Civil do Rio tira o delegado Alessandro Thiers do comando das investigações. O caso passa para as mãos da delegadaCristina Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima)
O Chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, diz, em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, que o laudo do vídeo sobre o crime deverá contrariar o “senso comum” e que não havia registro de sangue nas imagens. Também neste domingo, a polícia informa que a vítima entrou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
A advogada da adolescente, Eloísa Samy, anuncia nas redes sociais que deixou o caso. A Defensoria Pública do Rio passa a representar a vítima. Na TV, a adolescente diz que está com medo e tem recebido ameaças de morte na internet
Editoria de Arte/Folhapress
ONDE FOI O CRIME Caso é investigado pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio

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