14/01/2025
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Linchamento de jovem divide opinião de moradores do Maranhão

Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos, morto após receber pedradas e garrafadas.
Cleidenilson Pereira da Silva, 29 anos, morto após receber pedradas e garrafadas.

 Foto: Biné Morais
Luã Marinatto – Jornal EXTRA – Rio de Janeiro 
Há quem fale em orgulho. Poucos, em vergonha. A morte de Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos, espancado após tentar assaltar um bar no bairro Jardim São Cristóvão, na última segunda-feira, colocou São Luís, capital do Maranhão, no centro de um debate que ganhou o mundo — real e virtual. Ao caminhar pela cidade de pouco mais de um milhão habitantes, porém, logo se percebe que, a exemplo do que ocorre na internet, parte da população não se constrange em apoiar a execução sumária de um criminoso.

Ao fundo, o adolescente amarrado. Na frente, Cleidenilson preso ao poste.
Ao fundo, o adolescente amarrado. Na frente, Cleidenilson preso ao poste. Foto: Biné Morais
As mesmas fotos que potencializaram a repercussão do caso, mostrando Cleidenilson amarrado a um poste, surgem no celular de nove entre dez são-luisenses. No bar, nas ruas, na feira… Convidados a opinar, quase todos sacam o telefone antes de oferecer um parecer:
— Só fizeram isso porque ele mereceu. Os cidadãos de bem estão revoltados com tanta violência. Sinceramente, eu acho que é um bom exemplo que se dá. Fiquei sabendo, inclusive, que o rapaz roubava pra caramba por ali — afirma o camelô Leonardo Fontenelle, de 30 anos, repetindo o que já havia sido dito por uma filha do dono do bar assaltado, para quem Cleidenilson tinha “ampla ficha corrida”.
Na polícia, não tinha. Até ser linchada, a vítima jamais havia respondido ou sido oficialmente acusada por nenhum crime. O mesmo vale para o adolescente de 17 anos, sobrevivente do espancamento.
— Ficou foi feio para todos os maranhenses. Temos um estado lindo, pra que virar notícia de um jeito tão ruim? — questiona o garçom Israel Silva, de 21 anos.

Nos dias seguintes à morte de Cleidenilson, São Luís registrou outras duas tentativas de linchamento. A onda de crimes deste tipo fez com que a Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão iniciasse um grupo de trabalho com o objetivo de analisar o fenômeno.
— Estamos fazendo um levantamento completo, até para que possamos dar melhor assistência às vítimas — diz o secretário Francisco Gonçalves.
Até ontem, os pais de Cleidenilson não haviam recebido sequer um telefonema de autoridades públicas. E tudo o que eles pedem é justiça.

Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/linchamento-de-jovem-divide-opiniao-de-moradores-do-maranhao-16739125.html#ixzz3fhhA8fXq

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