O ator Flávio Migliaccio, de 85 anos, foi encontrado morto na manhã de segunda-feira (4) em seu sítio em Rio Bonito (RJ).
Encontrado morto nesta segunda-feira, o ator Flávio Migliaccio deixou uma carta divulgada pela coluna do jornalista Ancelmo Gois do GLOBO. Nela, ele faz um forte desabafo.
“Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos como tudo aqui. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora.. num país como este. E com esse tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje”
Segundo o sargento Magno, do 35º BPM de Rio Bonito (RJ), que investiga o caso e conversou com a reportagem por telefone, o artista cometeu suicídio. “Até o momento sabemos que ele se suicidou e deixou um bilhete para a família”.
A Polícia Militar está no sítio da família, na Serra do Sambê, desde às 9h20 da manhã e foi acionada pelo caseiro, Nelson Soares da Silva. “Os policiais estão até o momento no local aguardando a remoção do corpo e a perícia”, contou Magno.
Sylvio Guerra, advogado do artista, não confirmou e nem negou a possível causa da morte.
O último trabalho do ator foi na novela ‘Órfãos da Terra’ (2019) na TV Globo. Ele interpretou o imigrante palestino Mamede na trama de Duca Rachid e Thelma Guedes.
Na reta final da novela, Mamede chegou a fugir de casa. Ele escreveu uma carta para se despedir da família e gravou um vídeo contando sua história para que seus netos pudessem “conhecê-lo”.
“Esta é uma cartinha de despedida. Mamede não quer dar trabalho ou fazer a família sofrer. Mamede vai embora. Por favor, não venham atrás. Não quero morrer na frente dos meus netinhos”, dizia o texto da ficção.
Na mesma emissora, Migliaccio fez sucesso com seus papeis em novelas como ‘Passione’, ‘Senhora do Destino’, ‘Rainha da Sucata’, ‘Perigosas Peruas’ e ‘A Próxima Vítima’. O veterano também ganhou destaque como o Seu Chalita do seriado ‘Tapas & Beijos’, que foi ao ar entre 2011 e 2015.
Em seu primeiro trabalho como ator, em 1956, Flávio interpretou um morto no Teatro de Arena e recebeu elogios pelo papel. “Eu não morria em cena, não. Quando acendiam as luzes, eu já estava morto. Eu nem teria aquele famoso ‘morri em cena’. Mas fiz esse papel com tanta determinação que tinha que dar certo. Outro poderia ter desistido da profissão com esse papel. E ainda tinha pulga no Teatro Arena”, relembrou ele em 2002, em depoimento ao ‘Memória Globo’.