Com o objetivo de aperfeiçoar a qualidade da formação dos Engenheiros e dos cursos de Engenharia, trazendo mais flexibilidade, prática, inovação e empreendedorismo à formação da área, o Ministério da Educação (MEC) publicou, em abril de 2019, novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Engenharia.
Na formulação desse documento, houve uma forte participação da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), fórum vinculado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE). Cabe destacar que várias outras entidades participaram das conversas e apresentaram propostas. Entre elas, a Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e representantes de Instituições de Ensino Superior (IES).
As novas DCNs têm como finalidade ajustar a estrutura dos cursos de graduação para formar engenheiros capazes de enfrentar os desafios presentes na indústria 4.0. Estamos envolvidos por uma revolução tecnológica que irá alterar, fundamentalmente, a maneira como vivemos, trabalhamos, estudamos e nos relacionamos uns com os outros.
A velocidade dos avanços atuais não tem precedentes históricos, quando comparados com as revoluções industriais anteriores. Diante dessas mudanças iminentes, advindas da presença da tecnologia na indústria, cada vez mais digitais nos processos fabris, as instituições de ensino passaram a revisar suas matrizes curriculares para fazer com que o conteúdo ministrado nos cursos de Engenharia, esteja, assim, cada vez mais, próximo do que é praticado no mercado de trabalho. Essas mudanças deverão ser tratadas, progressivamente, de forma mercadológica, além de pedagógica como preconiza as novas DCNs.
Associadas a essas transformações, observa-se que os jovens que estão ingressando nos cursos superiores, nos dias atuais, nasceram na era digital (com pleno acesso ao conhecimento e à informação). Segundo o Professor Dado Schneider, Doutor em Comunicação, eles são críticos, imediatista, dinâmicos, exigentes, autodidatas, sabem o que querem, não gostam de hierarquias de horários poucos flexíveis. São jovens da geração Z, que nasceram depois de 1995. O perfil da juventude evoluiu rapidamente e o ensino tradicional já não atende às expectativas tanto dos estudantes, como das demandas do mercado que exige profissionais mais autônomos e mais capacitados a atender as necessidades tecnológicas.
Em vista desse novo cenário, as revisões nas DCNs de Engenharia visam a enfrentar essa realidade e isso constitui um grande desafio para as IES, tanto no campo pedagógico como na gestão. Os três principais pilares dessa revisão são: o aumento da qualidade do ensino em Engenharia, a maior flexibilidade na estruturação dos cursos e a redução na taxa de evasão. Dessa forma, pretende[1]se que os cursos de Engenharia se tornem mais atrativos, dinâmicos, práticos e ofereça atividades compatíveis com as demandas futuras por mais e melhores Engenheiros, entregando ao mercado de trabalho um profissional mais qualificado.
O prazo para implantação das novas DCNs era de três anos, a partir de 24/04/2019, porém, com a pandemia de Covid-19, esse prazo aumentou em um ano, (encerrou-se, no dia 26 de abril de 2023), permitindo que as IES tivessem mais tempo para atender a nova legislação. A atualização das DCNs de Engenharia mudou a concepção de formação por meio de conteúdos para uma formação por competências.
Assim sendo, estimularam o uso de metodologias para aprendizagem ativa, como forma de promover uma educação mais centrada no aluno e a articulação do ensino com a pesquisa e a extensão. Foram explicitadas outras preocupações, como o desenvolvimento de mecanismo de integração das IES com as empresas, previsão do sistema de acolhimento e nivelamento dos ingressantes, e ainda, a valorização da atividade docente, indicando que este deve ser treinado, capacitado, valorizado e, permanentemente, comprometido com a educação dos estudantes, dentre outros.
É esperado que essas medidas resultem numa formação técnica sólida, combinada com uma formação mais humanista e empreendedora, proporcionando aos alunos a capacidade de administrar situações complexas, fazendo uso de conhecimento, habilidades e atitudes (CHA) que são os três eixos que compõem as competências de uma pessoa.
(*) Profº Ms. Waldimar Ferreira Azevedo