Sem categoriaO perfil de uma divina dama do teatro maranhense:Ana Teresa Desterro, carinhosamente chamada de Estrelinha, apaixonou-se pelas artes ainda na infância 03/07/2015“O teatro para mim é minha respiração”, diz Estrelinha ANDRESSAVALADARES / DA EQUIPE DE O ESTADO 28/06/2015Como quem respira toda a aura dos palcos teatrais, a professora Ana Teresa Desterro, a Estrelinha, garante que o teatro é a sua maior paixão. Um dos nomes de referência em se tratando de artes cênicas no estado, hoje, aos 60 anos de idade, Estrelinha continua colhendo os frutos desse amor tão sincero.Nascida em Periz de Cima, desde criança Ana Teresa Desterro trazia nas veias uma paixão pelas manifestações artísticas. Mesmo não sabendo que aquela seria a sua trajetória pelo resto da vida, desfrutava com toda a inocência de uma criança das encenações que faziam parte do seu cotidiano. “Nós fazíamos na vizinhança, em Rosário, aqueles dramas pastoris. Eu tinha mais ou menos 6 anos e tinha uma vizinha que também era criança que fazia essas encenações e chamávamos as famílias para assistir. Era uma bagunça, pois todas as crianças participavam”, rememora.Além de brincar de ser atriz, Estrelinha também tinha um grande sonho de ser cantora. Chegou a escrever composições e até a ter aulas de violão, que não foram para frente. Seus pais estavam sempre envolvidos com manifestações artísticas da região onde viviam e ela, ainda menina, acompanhava e assistia a tudo deslumbrada.”Eu compunha quando criança e, como eu não sabia tocar violão, eu começava a tirar as melodias na rede. Eu tinha um acervo enorme de composições na mala da minha mãe. Um dia, ela fazendo faxina, jogou todas as minhas composições fora”, recorda.Trajetória – Graduada em Licenciatura em Educação Artística e em Letras, ambas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), atualmente Ana Teresa Desterro é professora Assistente III da mesma universidade, com vasta experiência na área de Artes.Com o teatro, a sua história começou aos 23 anos, quando ainda era estudante de Letras. “Quando Mario Cella entrou como diretor do Departamento de Assuntos Culturais [DAC] da UFMA, ele entregava uns panfletos convidando os alunos para participar de atividades artísticas. Então, eu entrei para o Cineclube Uirá, fiz curso e até atuei como atriz de cinema. Era no DAC que funcionava nossa Casa de Artes”, conta.Foi a partir do DAC que Estrelinha começou a manter contato com o teatro. Como observadora, ela começou a se apaixonar pela expressão artística. Trocou o cinema pela arte cênica, fazendo parte de um grupo chamado Gangorra, no qual foi coordenadora durante 11 anos. “A sala do Cineclube ficava próxima ao teatro e eu começava a olhar o pessoal e comecei a gostar. Eles faziam aqueles exercícios de expressão corporal e eu comecei a me interessar. Daí então eu saí do cinema e fui para o teatro e aqui estou até hoje. Na época, a pessoa que comandava a parte cênica do teatro era o Tácito Borralho”, conta.Depois que começou a fazer parte da realidade dos palcos, o Teatro Arthur Azevedo virou a sua casa. Em média, Ana Teresa Desterro encenava três peças por ano, em uma rotina intensa de ensaios e apresentações. Foi dirigida por grandes nomesdo teatro maranhense como Aldo Leite, Reynaldo Faray, Tácito Borralho e Cosme Júnior.,Sinhazinha – O apelido “Estrelinha” surgiu do seu encantamento pelas sinhazinhas, que também fazem parte da história de sua família. As vestes deslumbrantes e a postura elegante dessas senhoras sempre chamaram a sua atenção, alimentando o sonho de, um dia, interpretar uma personagem do tipo nos palcos.“Logo que comecei a fazer teatro, eu sempre dizia que queria um papel em que eu pudesse me vestir com os vestidos das sinhazinhas, com aqueles laçarotes de fita e cachos. Tanto que Aldo Leite, que não conseguiu escrever uma peça em que eu saísse como sinhá, me colocou na Turma do Quinto como a sinhazinha da Praça Gonçalves Dias. Amei demais. Saí em um carro enorme com a minha roupa bonita”, relembra.Eu sou apaixonada pela arte. Sou apaixonada pelo teatro, pela música, pelas artes visuais, pelo cinemaEstrelinhaO fato de durante a infância ter tido a liberdade de se expressar de diferentes formas corroborou para que o amor de Estrelinha pelas diversas manifestações artísticas se consolidasse quando na fase adulta. Hoje, para ela, o teatro é a sua vida e uma extensão do seu próprio corpo. “O teatro para mim é minha respiração. É o meu coração. Eu vou morrer fazendo teatro. Eu sou apaixonada pela arte. Sou apaixonada pelo teatro, pela música, pelas artes visuais, pelo cinema. Eu sempre tive muita liberdade pelos meus pais, eles nunca me privaram de absolutamente nada”, declara a professora.GUT – A professora Ana Teresa Desterro também comanda, há 20 anos, o Grupo Universitário de Teatro (GUT), projeto de extensão desenvolvido pela UFMA. Além dos espetáculos, o GUT oferece ainda estudos, seminários e diversos cursos na área das artes cênicas. O projeto surgiu de uma mobilização dos alunos, de forma não oficial, consolidando-se como um dos projetos de extensão mais importantes da universidade.“Meus alunos faziam muitos espetáculos comigo e eles ficaram apaixonados pelo teatro. Então, eles mesmos decidiram fazer um grupo e me convidaram para coordenar. Assim nasceu o GUT, que primeiramente se chamava Teatro Permanente. A primeira peça que nós montamos foi uma peça do Aldo Leite, chamada o Castigo do Santo. Nessa peça, ele criou uma personagem para mim, que se chamava Estrela. Eu fiquei muito contente, pois ela tinha minhas características”, relata.Por todo o sucesso de sua carreira e dos projetos que desenvolve, a professora Ana Teresa Desterro agradece à UFMA, que foi peça fundamental para o seu crescimento profissional. “Eu digo que a universidade é a minha casa. Eu tenho uma paixão pela universidade e faço verdadeiras declarações de amor para ela. Tudo que eu sou devo muito à universidade, mesmo com todas as suas limitações. Ela me deu muita coisa e, hoje, tento devolver o que ganhei”, completa Estrelinha.Professora prepara terceiro livroNão bastasse toda a desenvoltura com as artes cênicas, a professora Estrelinha também tem uma íntima ligação com o mundo das letras. Quando criança chegou a compor músicas e escrever poemas. Nutria também uma grande paixão por escrever cartas, hábito que não é mais tão comum nos dias atuais.“Eu escrevo desde pequena. Quando era mais nova, comecei a escrever poesia e até hoje tenho algumas guardadas. Escrevia também muitas cartas e as pessoas adoravam minhas cartas. Eu escrevia com o coração e tudo que você faz com o coração sai bonito”, ressalta.Hoje, a professora já possui dois livros publicados – o primeiro como organizadora e outro como autora – e prepara finaliza o próximo livro, com data de lançamento prevista para dezembro deste ano. Além disso, ela tem planos para realizar também o lançamento de uma apostila com todas as direções teatrais assinadas por ela.“O primeiro livro que lancei foi como organizadora e se chama ‘Os desafios do ensino da Arte’. O segundo, lançado na última semana, chama-se Educação, Arte e Teatro em Cena: 15 anos de Projeto de Extensão na UFMA. O terceiro, que será lançado em dezembro, chama-se “Resgate da Cultura Popular de Periz de Cima”, cidade onde nasci. Também pretendo lançar uma apostila com todas as direções que assinei durante minha carreira”, finaliza.Foto de arquivo mostra a professora caracterizada; sua história com o teatro começou aos 23 anos (Foto: Álbum de família)RAIO-XNOME COMPLETOAna Teresa Desterro RabeloNASCIMENTO15 de outubro de 1954PROFISSÃOProfessoraFILIAÇÃORaimundo Benedito Rabelo e Maria do Carmo Desterro RabeloESTADO CIVILSolteiraQUALIDADEDinamismoDEFEITOPerfeccionismoALEGRIAFazer teatroTRISTEZA“Nosso atual momento social e político”SAUDADEDos pais e do irmão, já falecidosPLANOSComeçar o doutorado e continuar como escritora,Estrelinha preparada com roupa de época para encenação teatral (Foto: Álbum de família),