Por Euclides Moreira Neto (*)
Chegamos ao mês dos santos festeiros de nossa terra. Sim, chegamos ao período mais aguardo do ano para a comunidade ludovicense, para o maranhense, para o povo nordestino e o brasileiro em geral, pois a população colonizadora pela cultura europeia plantou no meio da nossa gente o gosto pelo fazer e pelas praticas culturais, religiosas, sociais e laborais daquele povo europeu, especialmente as prática do povo lusitano, que coube a nós das terras brasileiras serem colonizados.
Assim, ao longo do tempo, nossos modos foram sendo lapidados por aquela olhar cultural e sendo acolhido, hibridizado e naturalizado como sendo a verdade hegemônica de toda uma nação. Até mesmo o povo que para cá foi forçosamente trazido, como os nossos irmãos afrodescendentes tiveram que se adequar a essa cultura do povo branco da Europa, mas mesmo assim, os ajustes foram feitos e aqui também enraizados.
Resultado, nossos ancestrais construíram uma nação rica em diversidade cultural que é sem dúvida a maior riqueza imaterial de nossa gente, mas que no momento está sofrendo com a pandemia Covid 19, como um susto que chegou repentinamente para nos reinventar socialmente, como nunca ocorrido na história da humanidade. Ressalte-se que essa reinvenção está valendo e ocorrendo em todo o mundo, não só no Brasil.
Mas, o fato dessa surpresa desagradável ter chegada sem pedir permissão, ela tem afetado de forma impiedosa as nossas práticas culturais, provocando uma paralização extrema de todas as atividades coletivas e que requerem a participação da cumplicidade popular, incluindo aí sua fé, suas crenças, suas emoções e suas esperanças que a cada ano cumpria um ciclo de rituais que este ano foi totalmente comprometido.
Dessa forma, nossa ação comunitária e social não poderá desenvolver sua ritos comemorativos, entre os quais as festividades do ciclo junino, que no Estado do Maranhão tem na religião e nos santos festeiros – Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal – o seu momento mais efervescente e alegre. Com isso vamos passar pelo mês de junho e pelo ciclo das festas que agradecia ao milagre da vida, da amizade, da fartura, e das confraternizações sociais, uma pausa inesperada, sem o sorriso e a fé de todo um povo. Assim, ficamos a nos perguntar o que fazer neste período que tem paralisado nossas emoções e todas as formas de relacionamentos pessoais e interpessoais de nossa região. Neste escopo de realidade, continuemos a enfrentar a pandemia Covid 19.
(*) Professor Mestre em Comunicação Social e Investigador Cultural.

