Por Herbert de Jesus Santos
Passados os dois anos da pandemia da Covid-19, a rotina do artesão e artista plástico maranhense José Alencar também voltou ao normal quanto à confecção de máscaras para o fofão, personagem carnavalesca exclusiva do folguedo nativo, no período, em todo o Brasil. Foi como este repórter o encontrou no começo da tarde de domingo retrasado, em sua oficina, na Rua São Pedro, onde tem residência, atividade que desenvolve ainda no box 36 do Ceprama (Centro de Produção de Artesanato do Maranhão), na Rua São Pantaleão, de segunda à sexta das 9h às 17h.
Foi depois da minha visita ao contemporâneo Zé Maria, prostrado numa cama em sua casa, na Rua São José, com assistência da sua companheira Maria (a quem obsequiei com um CD da Festa de São Pedro), e falar para Carrinho Barata, do mesmo tempo de bairro, do quadro irreversível e sentido do nosso antigo conhecido; e meter a feijoada do Bloco C de Asa, que se concentrava na frente da quitanda de Zé Albino, de saudosa memória, e onde Antônio Toti, seu dileto filho e produtor cultural, reforçou a boia do poeta aqui com uma farinha d´água de primeira.
Alencar, na frente do seu ateliê a céu aberto, não errou o alvo, pela voz do vizinho Expedito Ferreira Lemos, meu parceiro de dirigir e vadiar o Boi da Madre de Deus: “Herbert, ele tá te chamando”! Em cima da bucha, atendi ao chamamento, vendo logo a fileira de máscaras de fofão, no frontispício da sua oficina (aliás, sala de arte), na Rua São Pedro, 43. Ali, não demorou para tratarmos que o diferencial da fantasia do fofão fica por conta do disfarce, que é tradicionalmente feito com a técnica de papel machê, no qual são coladas camadas de papel sobre um molde previamente preparado. Com um nariz preponderante, são coloridos e trazem um tecido preso atrás que tem a finalidade de prender a peça na cabeça.Com anos de estrada, o mestre já está usando um material que fixa melhor e não faz suar muito em quem a usa.
O toque de Alencar no Samba da Minha Terra — Além do seu olhar no fofão, materiais que são considerados lixo por muitos ganham vida nas mãos de Alencar, com 56 anos nos costados, dos quais, há uns 30 trabalha com material reciclado. Assim, antenas parabólicas viram grandes flores; garrafas “pets” realísticos dinossauros, perfeitas garças e belíssimas luminárias. Chegou ao Circuito Samba da Minha Terra, um dos projetos musicais efetuados pelo artista militante Joãozinho Ribeiro, que percorreu 18 comunidades de São Luís, entre 2002 e 2003. Numa das suas paradas, na Madre de Deus, os contemplados com um sambista de Alencar foram: Gabriel Melônio (cantor da Turma do Quinto), Joca Viana (da ala de carnavalescos), J. Alves (radialista e fã da TQ) e eu (da ala de compositores).
Além da percepção do óbvio — Voltou a afirmar que o olhar artístico vai além da percepção do óbvio e transforma objetos comuns em arte. “O meu trabalho é um jeito de reaproveitar aquilo que se perde no dia a dia, e que as pessoas acham que não possui nem mais valor. O que a gente vê, não parece, mas existe muito mais coisas além do que se percebe. É como a arte. Eu olho uma garrafa, não vejo simplesmente uma garrafa, eu vejo um pássaro, uma máscara”! — indicou. Ficou na cara que, além de zelar pelo meio ambiente, o artesão e artista plástico utiliza a reciclagem para elaborar várias fantasias carnavalescas com a preocupação ecológica. Lecionou: “É um trabalho ecológico. As pessoas têm que aprender com esse tipo de atividade, com a vivência e não ficar só na teoria. Na verdade, temos que colocar o discurso em prática.
Elogio coletivo no Brasil — Ficou registrado que turistas, no Ceprama, aplaudem a arte concebida por José Alencar, quando adquirem “souvenir” para recordar o passeio. Consoante ele, a um de fundo, elogiam sua arte e atenção ambiental: “Eu nunca tinha visto algo assim! É muito interessante reaproveitar o que iria para o lixo e transformar em belas obras artísticas. Ele é extremamente criativo! A arte dele é muito alegre, com muita cor, além de retratar a Cultura do Maranhão!”
Homenageado pelo PAB — Há dois anos, em Brasília(DF), foi reverenciado pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), originalmente vinculado ao Ministério da Ação Social, com o objetivo de coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão brasileiro, elevando o seu nível cultural, profissional, social e econômico, além de desenvolver e promover o artesanato e a empresa artesanal. Sem perder a simplicidade, concordou: “Fizemos alguma coisa, para isso tudo!”
Só mesmo um poeta, para exsurgir o fofão — Américo Azevedo Neto (na sintonização de que o fofão, que ocorre, exclusivamente, no Maranhão, no folguedo, nasceu de um projeto defeituoso de uma costureira que errou, redondamente, nas medidas da sua fantasia) viajou na imaginação sobre o nascimento do personagem, ele a quem eu disse que era um puto de um cronista, que não se percebe quando está um cronista puto. Pus minha versão no que saiu pior que a encomenda, ou não consoante mandava o figurino: Pierrôs, dominós, colombinas e arlequins de seda importada reluziam na alta-roda, e o nosso nativo, de chitão berrante, o tecido mais barato nos armazéns, sob a camuflagem chinfrim, idealizou uma fachada que menos o identificasse, saindo pior a emenda do que o soneto, pela sua inabilidade e pressa. Para dissimular a decepção com sua ausência, nos luxuosos salões são-luisenses (Lítero, Casino e Jaguarema), popularizou-se na rua, com a ginga de dois passos para a frente e um recuo sincronizado, como se ensaiasse um voo, na suspensão das asas do que deu pano pras mangas, os guizos da sua gola soando alegria, na exposição da boneca, para faturar alguma esmola, com sugestão de uma dose de cachaça, e uma varinha com o condão de afastar cachorros, e o seu choroso “ôlalá”! Oxalá que as Secretarias da Cultura (do Estado e do Município) realizassem concursos para eleger o mais bonito (original) fofão, com guizos.
No irreverente Bloco C de Asa — Deixei Alencar cuidando da sua lide artesanal, e voltei ao Bar de Carrinho Barata, com o intuito dele entregar, para Josefa Aranha, como já entregara a Severiano Barata (Cama de Burro), o CD Festa de São Pedro, belamente produzido pelo ás Wellington Reis, que emplacou seu talento musical numa faixa, e que vem com joias de Cesar Teixeira (ladainha), Luiz Bulcão (Festa da Rampa Velha), Arthur Santos (Nova Rampa), Hino a São Pedro (Sebastião Cardoso), e Guardiões da Aurora da Vida (Bulcão, Godão e Herbert de Jesus Santos, em samba-de-enredo da Escola de Samba Turma do Quinto, no carnaval de 1995). Caí na fuzarca, já com o C de Asa desfilando sambas maranhenses e cariocas, com a batucada sob a batuta do Mestre Lambau, e Rosana (filha mais nova de Gessy e irmã de Janoca) querendo saber quando sairá o livro da Festa do Pedro Santo (São Pedro), para ser seguido pelo da Turma do Quinto, em que ela está acontecendo, os dois inéditos e da minha lavra. Lembrei o saudoso escritor e editor Jomar Moraes (na presidência da Academia Maranhense de Letras, onde passou uma pá de anos), quando disse que a Madre de Deus era um estado de espírito. Só estou em dúvida se foi antes ou depois que falei, no Bazar São Luís-Artigos Para Presente e Futuro (campeão do Concurso Literário da Secretaria da Cultura do Estado/Secma e tema do enredo da Escola de Samba Unidos de Fátima ao carnaval de 1989), que A Madre de Deus é a Capital do Estado de Espírito de São Luís.
Ôlalá do fofão! Alencar é ás em fabricar máscara Em oficina, na Madre de Deus, sua produção à fantasia carnavalesca tem todo jeito e tamanho Por Herbert de Jesus Santos
Passados os dois anos da pandemia da Covid-19, a rotina do artesão e artista plástico maranhense José Alencar também voltou ao normal quanto à confecção de máscaras para o fofão, personagem carnavalesca exclusiva do folguedo nativo, no período, em todo o Brasil. Foi como este repórter o encontrou no começo da tarde de domingo retrasado, em sua oficina, na Rua São Pedro, onde tem residência, atividade que desenvolve ainda no box 36 do Ceprama (Centro de Produção de Artesanato do Maranhão), na Rua São Pantaleão, de segunda à sexta das 9h às 17h.
Foi depois da minha visita ao contemporâneo Zé Maria, prostrado numa cama em sua casa, na Rua São José, com assistência da sua companheira Maria (a quem obsequiei com um CD da Festa de São Pedro), e falar para Carrinho Barata, do mesmo tempo de bairro, do quadro irreversível e sentido do nosso antigo conhecido; e meter a feijoada do Bloco C de Asa, que se concentrava na frente da quitanda de Zé Albino, de saudosa memória, e onde Antônio Toti, seu dileto filho e produtor cultural, reforçou a boia do poeta aqui com uma farinha d´água de primeira. Alencar, na frente do seu ateliê a céu aberto, não errou o alvo, pela voz do vizinho Expedito Ferreira Lemos, meu parceiro de dirigir e vadiar o Boi da Madre de Deus: “Herbert, ele tá te chamando”! Em cima da bucha, atendi ao chamamento, vendo logo a fileira de máscaras de fofão, no frontispício da sua oficina (aliás, sala de arte), na Rua São Pedro, 43. Ali, não demorou para tratarmos que o diferencial da fantasia do fofão fica por conta do disfarce, que é tradicionalmente feito com a técnica de papel machê, no qual são coladas camadas de papel sobre um molde previamente preparado. Com um nariz preponderante, são coloridos e trazem um tecido preso atrás que tem a finalidade de prender a peça na cabeça.Com anos de estrada, o mestre já está usando um material que fixa melhor e não faz suar muito em quem a usa.
O toque de Alencar no Samba da Minha Terra — Além do seu olhar no fofão, materiais que são considerados lixo por muitos ganham vida nas mãos de Alencar, com 56 anos nos costados, dos quais, há uns 30 trabalha com material reciclado. Assim, antenas parabólicas viram grandes flores; garrafas “pets” realísticos dinossauros, perfeitas garças e belíssimas luminárias. Chegou ao Circuito Samba da Minha Terra, um dos projetos musicais efetuados pelo artista militante Joãozinho Ribeiro, que percorreu 18 comunidades de São Luís, entre 2002 e 2003. Numa das suas paradas, na Madre de Deus, os contemplados com um sambista de Alencar foram: Gabriel Melônio (cantor da Turma do Quinto), Joca Viana (da ala de carnavalescos), J. Alves (radialista e fã da TQ) e eu (da ala de compositores).
Além da percepção do óbvio — Voltou a afirmar que o olhar artístico vai além da percepção do óbvio e transforma objetos comuns em arte. “O meu trabalho é um jeito de reaproveitar aquilo que se perde no dia a dia, e que as pessoas acham que não possui nem mais valor. O que a gente vê, não parece, mas existe muito mais coisas além do que se percebe. É como a arte. Eu olho uma garrafa, não vejo simplesmente uma garrafa, eu vejo um pássaro, uma máscara”! — indicou. Ficou na cara que, além de zelar pelo meio ambiente, o artesão e artista plástico utiliza a reciclagem para elaborar várias fantasias carnavalescas com a preocupação ecológica. Lecionou: “É um trabalho ecológico. As pessoas têm que aprender com esse tipo de atividade, com a vivência e não ficar só na teoria. Na verdade, temos que colocar o discurso em prática.
Elogio coletivo no Brasil — Ficou registrado que turistas, no Ceprama, aplaudem a arte concebida por José Alencar, quando adquirem “souvenir” para recordar o passeio. Consoante ele, a um de fundo, elogiam sua arte e atenção ambiental: “Eu nunca tinha visto algo assim! É muito interessante reaproveitar o que iria para o lixo e transformar em belas obras artísticas. Ele é extremamente criativo! A arte dele é muito alegre, com muita cor, além de retratar a Cultura do Maranhão!”
Homenageado pelo PAB — Há dois anos, em Brasília(DF), foi reverenciado pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), originalmente vinculado ao Ministério da Ação Social, com o objetivo de coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão brasileiro, elevando o seu nível cultural, profissional, social e econômico, além de desenvolver e promover o artesanato e a empresa artesanal. Sem perder a simplicidade, concordou: “Fizemos alguma coisa, para isso tudo!”
Só mesmo um poeta, para exsurgir o fofão — Américo Azevedo Neto (na sintonização de que o fofão, que ocorre, exclusivamente, no Maranhão, no folguedo, nasceu de um projeto defeituoso de uma costureira que errou, redondamente, nas medidas da sua fantasia) viajou na imaginação sobre o nascimento do personagem, ele a quem eu disse que era um puto de um cronista, que não se percebe quando está um cronista puto. Pus minha versão no que saiu pior que a encomenda, ou não consoante mandava o figurino: Pierrôs, dominós, colombinas e arlequins de seda importada reluziam na alta-roda, e o nosso nativo, de chitão berrante, o tecido mais barato nos armazéns, sob a camuflagem chinfrim, idealizou uma fachada que menos o identificasse, saindo pior a emenda do que o soneto, pela sua inabilidade e pressa. Para dissimular a decepção com sua ausência, nos luxuosos salões são-luisenses (Lítero, Casino e Jaguarema), popularizou-se na rua, com a ginga de dois passos para a frente e um recuo sincronizado, como se ensaiasse um voo, na suspensão das asas do que deu pano pras mangas, os guizos da sua gola soando alegria, na exposição da boneca, para faturar alguma esmola, com sugestão de uma dose de cachaça, e uma varinha com o condão de afastar cachorros, e o seu choroso “ôlalá”! Oxalá que as Secretarias da Cultura (do Estado e do Município) realizassem concursos para eleger o mais bonito (original) fofão, com guizos.
No irreverente Bloco C de Asa — Deixei Alencar cuidando da sua lide artesanal, e voltei ao Bar de Carrinho Barata, com o intuito dele entregar, para Josefa Aranha, como já entregara a Severiano Barata (Cama de Burro), o CD Festa de São Pedro, belamente produzido pelo ás Wellington Reis, que emplacou seu talento musical numa faixa, e que vem com joias de Cesar Teixeira (ladainha), Luiz Bulcão (Festa da Rampa Velha), Arthur Santos (Nova Rampa), Hino a São Pedro (Sebastião Cardoso), e Guardiões da Aurora da Vida (Bulcão, Godão e Herbert de Jesus Santos, em samba-de-enredo da Escola de Samba Turma do Quinto, no carnaval de 1995). Caí na fuzarca, já com o C de Asa desfilando sambas maranhenses e cariocas, com a batucada sob a batuta do Mestre Lambau, e Rosana (filha mais nova de Gessy e irmã de Janoca) querendo saber quando sairá o livro da Festa do Pedro Santo (São Pedro), para ser seguido pelo da Turma do Quinto, em que ela está acontecendo, os dois inéditos e da minha lavra. Lembrei o saudoso escritor e editor Jomar Moraes (na presidência da Academia Maranhense de Letras, onde passou uma pá de anos), quando disse que a Madre de Deus era um estado de espírito. Só estou em dúvida se foi antes ou depois que falei, no Bazar São Luís-Artigos Para Presente e Futuro (campeão do Concurso Literário da Secretaria da Cultura do Estado/Secma e tema do enredo da Escola de Samba Unidos de Fátima ao carnaval de 1989), que A Madre de Deus é a Capital do Estado de Espírito de São Luís.