Na semana passada, a Fifa anunciou a criação de uma força-tarefa para combater o racismo, depois dos casos recentes nos quais torcedores italianos xingaram jogadores negros que atuam no país. Coincidentemente, as vítimas, Balotelli e Boateng, são atletas do Milan.
Sob o comando de Jeffrey Webb, vice-presidente da Fifa, o grupo deve apresentar propostas concretas ao Comitê Executivo, que se reúne nos dias 20 e 21 de março. Entre as medidas, esperam-se punições e multas mais rigorosas a indivíduos e grupos que se envolverem em episódios de cunho racista.
Ao menos duas seleções já terão de pagar em breve pelo comportamento da torcida. Hungria e Bulgária vão jogar em estádios com portões fechados às suas torcidas na próxima rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo, em 22 de março. Em 2012, cantos antissemitas foram proferidos num amistoso em que os húngaros enfrentaram Israel em Budapeste e torcedores búlgaros ofenderam um jogador da Dinamarca em partida válida também pelas eliminatórias. Em caso de reincidência, as seleções podem perder pontos e até ser desclassificadas da competição.
Uma questão antiga
Não é de hoje que os brasileiros são chamados de “macacos” por seus dois maiores rivais no futebol sul-americano: Argentina e Uruguai. Na foto acima, após a final da Copa de 1950, torcedores uruguaios posam com um cartaz fazendo menção à vitória celeste contra o Brasil.
O futebol na Rússia, país-sede da Copa de 2018, vem convivendo nos últimos anos com sucessivos atos de xenofobia. Quando jogava pelo Anzhi e enfrentou o Zenit, clube que tem fama de não contratar negros, o brasileiro Roberto Carlos foi alvo de bananas atiradas da arquibancada.
O presidente do comitê organizador do Mundial de 2018, Alexei Sorkin, está empenhado em não deixar que o racismo seja a marca da futura Copa.
Vilões e vítimas
Casos de racismo e xenofobia que envolveram jogadores que atuam na Europa
John Terry
Em 2012, o capitão do Chelsea e zagueiro da seleção inglesa foi suspenso por quatro partidas pela federação do país. Ele foi considerado culpado por ter feito referência à cor da pele de Anton Ferdinand, do Queens Park Rangers, em uma discussão de jogo.
Luis Suárez
O jogador da seleção uruguaia desfalcou o Liverpool em oito jogos do campeonato inglês na temporada 2011-2012. Foi suspenso por ter chamado Patrice Evra, do Manchester United, de ‘’negrito’’, mas defendeu-se dizendo que não é racista.
Mario Balotelli
O atacante do Milan e da seleção italiana foi alvo de ofensas racistas mais de uma vez. A Internazionale de Milão terá de pagar à Federação Italiana uma multa de 50 000 euros, depois que seus torcedores levaram uma banana inflável para provocar o jogador.
Christopher Samba
No ano passado, o zagueiro congolês foi atingido por uma banana jogada por torcedores, no intervalo do jogo entre seu time, o Anzhi, e o Lokomotiv. Segundo o jogador, a cena aconteceu em frente às crianças e pode disseminar esse tipo de comportamento.
“A luta contra o racismo é uma guerra perdida.” Daniel Alves, lateral do Barcelona e da seleção brasileira, que diz ter sofrido manifestações racistas ao longo dos últimos dez anos, sempre que jogou em estádios como visitante na Espanha.
Só bascos
O Athletic Bilbao, da Espanha, tem por “filosofia desportiva” admitir apenas jogadores de origem basca. Para os simpatizantes, trata-se de afirmação de sua identidade nacional basca. Os críticos a acusam de xenófoba.
Punição exemplar
A Lazio, da Itália, fará dois jogos em seu estádio com portões fechados na Liga Europa, por causa do comportamento racista dos seus torcedores. O clube terá de pagar também uma multa de 40 000 euros.