Quatro escritores do estado foram escolhidos em uma das vertentes da série Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, que tem o propósito de apoiar artistas na pandemia
Os poetas Celso Borges, Adriana Gama de Araújo, Gustavo Marques da Silva Castro e Ícaro Novaes foram os maranhenses contemplados no quinto edital da série Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, lançada pelo Itaú Cultural no início de abril com o propósito de acolher e apoiar os artistas sujeitos a atuar isoladamente durante o período de recolhimento. Voltado para a literatura, nas categorias Escrita – prosa ou poesia e Poesia Falada – vídeo, este chamamento propôs um exercício literário de fabulação do futuro da humanidade e de cada indivíduo na pós-pandemia. A lista dos contemplados está disponível no site do Itaú Cultural (www.itaucultural.org.br).
O poeta Celso Borges foi selecionado na categoria Poesia Falada com o poema “Depois”. “O poema nasceu inspirado na exposição do Marçal Athayde, que ficou em cartaz no Museu Histórico e Artístico do Maranhão e fala sobre como se tivéssemos sobrevivido à cidade afogada”, comenta o poeta que concorreu com um vídeo no qual aparece declamando o poema em imagem de câmera em movimento de vai e vem.
A escritora Adriana Gama também foi selecionada na categoria Poesia Falada com a obra “Ainda é cedo, amor” e fala sobre a importância de editais de fomento para as artes. “Fiquei feliz com a iniciativa do Itaú Cultural em publicar editais de emergência nesse período caótico que estamos vivendo. Sabemos que os artistas têm sofrido (e de maneira cada vez mais incisiva) perseguição e desmantelamento das suas condições de criação, produção e sobrevivência. Um amigo poeta me falou sobre o edital e vi a oportunidade de expressar como eu vejo esse atravessamento, como possivelmente estaremos ao chegar na outra ponta desse caos, a partir das ações coletivas e individuais que estão sendo praticadas hoje”, relata. “
Foram recebidas inscrições de todas as regiões do país com temáticas diversas como feminismo, questões indígenas, raciais e de gênero e textos com humor. No total, foram selecionados 200 trabalhos de autores de 24 estados do país de diferentes perfis sociais, de escolaridade, étnicos e de gênero. “Acredito que essa diversidade valoriza, primeiramente, todos os inscritos e, particularmente, os selecionados e selecionadas”, observa o gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura, Claudiney Ferreira.
Para Eduardo Saron, dirigente da instituição, a iniciativa do Itaú Cultural de construir e realizar esses processos de seleção em várias áreas de expressão fortalece e valoriza a produção cultural neste momento de quarentena. “Quando realizamos o mapeamento de todos os selecionados desses editais, percebemos claramente a relevância e a necessidade de estarmos próximos de artistas e pesquisadores neste período de suspensão social e, consequentemente, dar voz a essa múltipla produção artística que está sendo feita no universo digital”, conclui Saron.
Entre os trabalhos recebidos, a equipe do Núcleo de Audiovisual e Literatura, ao lado de colaboradores das áreas artísticas da instituição, selecionou 175 projetos na categoria Escrita – prosa ou poesia e 25 na categoria Poesia Falada – vídeo. “Ficamos muito felizes com a qualidade geral dos 200 selecionados nas duas categorias e acredito que o importante foi que as pessoas escreveram e se expressaram sobre seus otimismos e angústias sobre o futuro”, avalia Ferreira.
Categorias
Na categoria Escrita – prosa ou poesia, conforme previsto no regulamento, recebeu obras, realizadas em poesias e minicontos de até 800 caracteres, que levaram os autores de todas as regiões do país a fazer um exercício literário de fabulação do futuro da humanidade e de cada indivíduo na pós-pandemia. Já na Poesia Falada – vídeo foram inscritos projetos de audiovisual de 30 segundos produzidos neste período refletindo a visão dos artistas sobre o período do pós-pandemia.
Cada trabalho selecionado, em ambas as categorias, receberá o valor bruto de R$2,5 mil. Fica a cargo do Itaú Cultural a sua forma de exibição, podendo chegar ao público por meio da grade de programação virtual da organização, por suas redes sociais ou, ainda, pelos canais e mídias dos próprios artistas.
Edital
Em conexão com o amplo movimento espontâneo de criação online no meio artístico, neste momento, Arte como respiro: múltiplos editais de emergência tem a proposta de acolher e apoiar os artistas sujeitos a atuar isoladamente durante o período de suspensão social em decorrência da pandemia da Covid-19. Foi iniciado nos primeiros dias de abril com o fomento para artes cênicas, seguido de música, artes visuais, literatura e poesia surda. A organização prevê, ainda, contemplar outras áreas de expressão artística, que estão sendo definidas.