06/02/2025
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Protestos e mobilização popular marcam ato pelas ruas da cidade de São Luís

Mais de 10 mil pessoas participaram de manifestação com foco melhorias na mobilidade urbana; 

Thiago Bastos 
Jock Dean
20/06/2013
19 de junho de 2013. Um dia histórico em São Luís, marcado por atos que simbolizaram a democracia e o vandalismo. Com faixas, cartazes, de máscaras ou caras pintadas, mais de 10 mil manifestantes saíram ontem, no fim da tarde, em passeata pelas ruas do centro da cidade. O protesto do Movimento #Vemprarua tinha como foco melhorias na mobilidade urbana, mas muitos participantes aproveitaram a ocasião para reivindicar diversos outros tipos de serviços públicos. O protesto ocorreu de forma pacífica durante boa parte do tempo. No entanto, quando a manifestação se concentrou no Palácio de La Ravardière, sede administrativa da Prefeitura de São Luís, e no Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, vândalos atiraram pedras nos prédios e transformaram o protesto em confronto com a polícia.
A concentração começou por volta das 16h, em frente à Biblioteca Pública Benedito Leite, na Praça Deodoro, centro da capital maranhense. Outro grupo se mobilizou no campus da Universidade Federal do Maranhão
(UFMA), no Bacanga, e seguiu em passeata pelas avenidas dos Portugueses e Beira-Mar e Rua das Cajazeiras até a biblioteca.
Ainda durante a concentração, alguns manifestantes tentaram impedir que militantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) participassem da passeata com bandeiras e camisas com a sigla do partido, tentando obrigar que eles tirassem as camisas e entregassem as flâmulas. Houve bate-boca, mas os membros da legenda participaram da passeata sem maiores problemas. “Esse movimento é apartidário. Não somos de esquerda ou direita. Não defendemos a Prefeitura ou Governo do Estado. Por isso, somos contra a presença de bandeiras de partidos aqui”, afirmou o universitário Adriano Serra.
Reivindicações – De acordo com os organizadores do protesto, a passeata tinha como principal causa a melhoria na mobilidade urbana da capital. Segundo eles, São Luís tem diversos problemas de trânsito e transportes por causa da buraqueira das ruas, da falta de ciclovias e da péssima qualidade do serviço prestado pelas empresas de transporte coletivo da capital. Entre os gritos de protesto, estava “Estou pagando, não deveria. Transporte público não é mercadoria!”
“Queremos passe livre em São Luís, aumento da frota de ônibus, melhorias nos terminas de integração e ônibus de qualidade”, disse o universitário Alexandre Muniz. Além de melhorias no transporte público, os manifestantes protestavam por maiores investimentos na educação e saúde públicas. Havia também quem manifestasse contra a chamada PEC 37, que tira o poder de investigação do Ministério Público (MP); contra a permanência do deputado Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados; contra os investimentos feitos nas copas das Confederações e do Mundo; contra a corrupção, além de outras reivindicações. “O Brasil tem muitos problemas e estamos lutando por todos eles”, afirmou o acadêmico do curso de Medicina da UFMA, Luiz Gonzaga Júnior.
De acordo com o estudante Allan Moreira, a precariedade do transporte público era apenas um dos motivos da manifestação. “Usamos a questão do transporte público como motivo para vir para as ruas e exigir políticas públicas que atendam de forma igualitária e com qualidade todos os cidadãos. O Brasil precisa de uma reforma em toda a sua estrutura. É por isso que lutamos. Estamos aqui para conscientizar a população de São Luís”, afirmou.
Passeata – Por volta das 18h, o grupo composto por estudantes dos ensinos médio e superior, funcionários públicos, profissionais liberais, artistas e membros de diversas entidades seguiram em passeata pelo Centro, saindo da Praça Deodoro e passando pela Rua Rio Branco. Neste momento, uma “bomba de murrão” foi lançada no meio dos manifestantes, que vaiaram o ato. No carro de som, os organizadores da manifestação pediam aos participantes que protestassem de forma pacífica para evitar confrontos com a polícia.
Arraial – Enquanto desciam pela Rua Rio Branco, um grupo tentou invadir o arraial montado na Praça Maria Aragão, mas foram impedidos pelos trabalhadores do local. “Sou a favor do protesto. Acho que São Luís demorou para se manifestar, mas sou contra o quebra-quebra. Que está trabalhando aqui não tem culpa dos problemas da cidade”, disse Claudio de Oliveira, que trabalhava no arraial. Alguns manifestantes tentaram pichar o Memorial Maria Aragão, mas foram impedidos pro funcionários da Fundação Municipal da Cultura (Func).
Após descerem pela Praça Maria Aragão, os manifestantes seguiram para a cabeceira da Ponte do São Francisco e chegaram a interditar o trânsito no local, que ficou parado também na Avenida Beira-Mar, Rua Rio Branco e ao longo de todo o trajeto feito pelo grupo. Parte dos manifestantes se sentou na entrada na Ponte do São Francisco, impedindo a entrada e saída de veículos. Na cabeceira da ponte, o grupo cantou o hino nacional e depois seguiu, por volta das 19h, para a Praça Dom Pedro II, se concentrando em frente aos palácios dos Leões e de La Ravardière, gritando palavras de ordem contra as administrações municipal e estadual. A sede do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ) também foi cercada, mas não foi alvo dos vândalos.
Na chegada dos manifestantes, houve vários momentos de tensão, marcados por confrontos entre alguns vândalos incluídos na passeata e a polícia. Após atirarem objetos e “bombas de murrão” contra os homens do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável pela proteção do Palácio dos Leões, alguns manifestantes retiraram as grades de proteção que separavam a multidão do prédio. A cavalaria da Polícia Militar (PM) precisou ser acionada para dispersar os integrantes do movimento.
Segundo o comandante do 9º BPM, major Marques Neto, um pequeno grupo infiltrado entre os manifestantes foi o responsável pelos atos mais violentos. “Havia alguns elementos nesse manifesto mais exaltados e foram eles os responsáveis por esse lamentável fato, que culminou com o enfrentamento com a polícia”, disse o major.
Temendo uma invasão ao Palácio dos Leões, após o primeiro confronto entre a polícia e os manifestantes, foi solicitado reforço de homens da PM na entrada da sede do governo. Homens do Batalhão de Choque (BPChoque) e dois helicópteros do Grupo Tático Aéreo (GTA) foram acionados. Mesmo com o reforço no policiamento, o clima permaneceu tenso e alguns manifestantes partiram para um novo confronto, dessa vez com o BPChoque. Para dispersar a multidão, bombas de efeito moral foram lançadas, mas ninguém ficou ferido. Após mais de quatro horas de manifestação, várias pessoas foram detidas, entre eles, um manifestante que soltou foguetes em direção à cavalaria. Até o fechamento desta edição, a PM ainda não havia se manifestado sobre a quantidade de pessoas encaminhadas para as delegacias.
Vândalos – A fachada da sede administrativa da Prefeitura de São Luís foi atingida pela ação de alguns vândalos participantes da manifestação. Janelas foram quebradas e grande parte da frente do prédio foi pichada. Além da sede do Município, a TV Mirante também foi alvo da violência.
Alguns integrantes da manifestação, revoltados com a presença da equipe no local, depredaram um veículo da empresa, que estava estacionado ao lado da sede do TJ do Maranhão. Os três integrantes da emissora, dentre eles o repórter Werton Araújo, não estavam no veículo.

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