02/12/2024
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XI Semana do Teatro no Maranhão começa nesta segunda-feira (26)

No templo das artes cênicas
Luiz Pazzine é homenageado na Semana do Teatro
O homenageado da Semana será Luiz Pazzine
·         ALTERNATIVO – JORNAL ESTADO 
XI Semana do Teatro no Maranhão começa nesta segunda-feira (26), com as oficinas; programação contempla em sua maioria produções locais e abertura será no Teatro Arthur Azevedo, terça-feira (27), com o espetáculo “A Escrita do Deus”, de Urias de Oliveira


Este ano, a XI Semana do Teatro no Maranhão vem com uma programação quase totalmente maranhense. A exceção são três espetáculos – um de São Paulo, outro Rio e um do vizinho Ceará. Além disto, o evento também não será levado para cidades do interior, como ocorreu em outras edições. Integram a programação, além dos espetáculos, performances e intervenções, demonstração técnica e oficinas. O homenageado da Semana será Luiz Pazzine, professor, ator e diretor paulista, radicado no Maranhão há mais de 20 anos.
A cerimônia de abertura da XI Semana do Teatro no Maranhão ocorre nesta terça-feira, 27, às 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Centro) com a exibição da produção maranhense “A Escrita do Deus”, de Urias de Oliveira. Antes, na segunda-feira, 26, têm início as oficinas. O evento prossegue até o dia 2 de outubro com apresentações em vários espaços da cidade e os ingressos para assistir aos espetáculos devem ser trocados por um kit de material escolar, a partir das 14h do dia da sessão.
Há 20 anos Urias de Oliveira apresenta o premiado “A Escrita do Deus”. Com o espetáculo ganhou 16 prêmios nacionais em mais de 30 festivais entre os quais melhor ator, melhor espetáculo, melhor texto. “Espero que as pessoas compareçam. A Semana precisa ter a participação das pessoas. Este espetáculo não é pra distrair, ele faz pensar, pois fala do encontro do ser humano com a divindade”, diz Urias de Oliveira que retornou recentemente da Europa onde permaneceu por sete anos ministrando treinamentos para artistas do corpo e participando de festivais.
Escolhida para abrir a Semana, a peça “A Escrita do Deus”, de Urias de Oliveira, estreou há alguns anos. Trata-se de um monólogo baseado na obra de Jorge Luís Borges no qual Urias sobe ao palco para falar sobre Tzinacan – Mago da Pirâmide de Qaholom – último sacerdote do Reino de Montezuma. Preso pelos colonizadores espanhóis, Tzinacam é torturado e lançado em cárcere profundo, no qual permanece há 20 anos. Sua única companhia é um tigre na cela ao lado, que ele vislumbra nos poucos instantes de luz que lhe são concedidos a cada dia.
O sacerdote dedica seu tempo na tentativa de decifrar nos desenhos da pele do tigre, o que ele julga ser a mensagem do conhecimento supremo, deixada ali para ser decifrada e divulgada por um ser iluminado. Tzinacam, de fato, decifra a “Escrita do Deus”, mas abre mão de usá-la por chegar à cruel conclusão de que o homem ainda não está preparado pra recebê-la.
Espetáculos
Para esta edição, foram selecionados 10 espetáculos, sete performances e intervenções, oito oficinas e uma demonstração técnica. Do total de espetáculos aprovados, três são de outros estados, sendo um do Ceará, um do Rio de Janeiro e outro de São Paulo.
As produções maranhenses são “A Escrita do Deus”, “As Aventuras do Lobo”, “Minha Fulô de Mandacaru”, “Muleque Fujão”, “Sintética idêntica ao natural”, “Um corpo com plumas no meio da sala” e “Velhos caem do céu como canivetes”. De São Paulo vem “Cárcere”, do Rio de Janeiro “O Espetáculo não pode parar” e, do Ceará, “Achados & Perdidos”.
Serão palcos para as apresentações de espetáculos, performances e intervenções o Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol), Teatro João do Vale (Praia Grande), Teatro da Cidade (Rua do Egito), Praça Nauro Machado (Praia Grande), Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande), Casa do Maranhão (Praia Grande), GuestHouse (Rua da Palma), Praça Deodoro e UFMA (Campus do Bacanga).
As oficinas serão realizadas no Teatro Arthur Azevedo, Casa do Maranhão e UFMA. “Depois do sucesso da X Semana Maranhense de Dança, estamos entusiasmados também para esta décima primeira edição da Semana do Teatro. Desde que assumi a direção do Teatro Arthur Azevedo, a marca que estamos emplacando é a do empreendedorismo cultural. Todos os nossos eventos são desafiadores e ambiciosos do ponto de vista de resultado de fomento do fazer artístico e cultural no Maranhão. Seguiremos sempre assim”, frisa o diretor do Teatro Arthur Azevedo e coordenador do evento, Celso Brandão.
Homenageado
Este ano, a Semana do Teatro homenageará Luiz Roberto de Souza, o Luiz Pazzine. Para tanto, organizou a mostra que leva o nome do homenageado e engloba os espetáculos “Negro Cosme”, “Cofo de Estórias”, “Pigmaleão” e “Lulu”.
Formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, cursou a Escola de Bailados do Município de São Paulo e a Universidade São Judas Tadeu, com Habilitação em Artes Cênicas.
Professor da Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Artes, desde 1992 aposentou-se em 2015. Defendeu sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Teatro, da Escola de Comunicações e Artes – USP, com o título “Heiner Müller no Brasil: A Recepção de A Missão (1989 a 1998)”.
A partir da dissertação, sua pesquisa sobre a memória continua com os discentes do Curso de Teatro, com intertextos que fazem parte da obra de Müller. Montou o espetáculo “Victor e os Anjos”, em que inclui na sua pesquisa um fragmento da Balaiada – “O Julgamento de Negro Cosme”, que dará início às pesquisas da memória afrodescendente maranhense. Em 2001, monta o grupo Cena Aberta. A partir de 2010, a pesquisa sobre a memória da Balaiada toma seu rumo definitivo com “Negro Cosme em Movimento”, com o qual participa de eventos da UFMA e realiza apresentações nas cidades-estações da revolta (Nina Rodrigues, Caxias e Itapecuru-Mirim). Na esteira da pesquisa sobre memória maranhense apresentou “ABC in Processo”, de Aldo Leite, contemplado pelo Prêmio de Teatro Myriam Muniz, da Funarte. Outros textos foram montados pelo grupo Cena Aberta a exemplo de “A memória de uma nação não deve ser esquecida, com o risco de sua sentença de morte”.

Entrevista: Celso Brandão
“Meu sonho é que o Maranhão se torne referência em produção de alto nível em todos os campos artísticos”
O diretor do Teatro Arthur Azevedo, Celso Brandão, está há três meses no cargo e vê com expectativa a programação da Semana do Teatro do Maranhão
Há apenas três meses à frente da diretoria do Teatro Arthur Azevedo, o publicitário, cantor e agitador cultural Celso Brandão deseja revitalizar o mais importante palco das artes no Maranhão. Jovem, dinâmico, concentra energias em resultados e, recentemente, esteve diretamente à frente da Semana Maranhense de Dança. Agora, comanda a XI Semana do Teatro, que acontecerá de 26 de setembro a 2 de outubro. Nesta entrevista a O Estado, o diretor fala sobre o trabalho no TAA.
Como se deu a escolha dos espetáculos para a Semana do Teatro no Maranhão?
Foi montada uma curadoria com a Flávia de Menezes – MA (atriz e professor da UFMA), Leônidas Portela – MA (ator e bailarino) e Vinícius Arneiro – RJ (ator e diretor), que são pessoas de extrema competência nessa área. Este evento acontecerá de 26 de setembro até 2 de outubro. Nossa expectativa é muito boa, em relação aos grupos, temos um total de dez, sendo três de outros estados.
Como será essa produção?
Nós emplacaremos a mesma marca e zelo que temos com as nossas demais. Somos ambiciosos no sentido de obter resultados e inquietos com a questão da qualidade das nossas produções, uma vez que o espírito da paixão pela cultura e arte maranhenses nos domina. Não conseguimos conceber qualquer que seja a produção, espetáculo ou evento sem vislumbrar a possibilidade de levarmos esse produto para além das fronteiras do nosso estado. Temos potencial e precisamos oportunizar os palcos e voltar a investir na questão da formação em longo prazo. Acredito que a principal função desses grandes eventos é expor os trabalhos, a nossa estrutura, observando as deficiências, para fazermos autocrítica na busca pela excelência.
A formação baseada em oficinas é o bastante?
É extremamente importante, porém, ninguém aprende em poucos dias. Precisamos investir em formações mais duradouras, com metodologias consistentes, comprovadas. Precisamos de, no mínimo, dois anos, com disciplina, focando-se em resultados que realmente possam transformar a nossa produção e imprimir mais qualidade aos espetáculos. O governo, aliás, está pensando nisso e logo apresentaremos à sociedade.
O que você mudaria em 2017?
Indubitavelmente, iremos continuar democratizando os espaços e os palcos do evento. No entanto, de maneira um pouco mais criteriosa, para que haja uma transformação qualitativa voltada para o desenvolvimento e o fomento da dança no Maranhão, privilegiando o profissionalismo. Esse é o nosso sonho. Precisávamos observar todo o processo de produção da dança no Maranhão e, a partir daí, fazer uma autocrítica.
Qual sua visão sobre a arte?
É preciso entender que, como nos outros campos da vida profissional, onde se trabalha para melhorar a vida das pessoas, a arte também tem essa função. Costumo dizer que nosso produto é a felicidade. Se as pessoas não saem felizes do teatro, é porque não alcançamos nossos objetivos.
Serviço
O quê
XI Semana do Teatro no Maranhão
Quando
De 26 deste mês à 2 de outubro
Onde
Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol), Teatro João do Vale (Praia Grande), Teatro da Cidade (Rua do Egito), Praça Nauro Machado (Praia Grande), Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande), Casa do Maranhão (Praia Grande), GuestHouse (Rua da Palma), Praça Deodoro e UFMA (Avenida dos Portugueses)
Ingressos
Podem ser trocados por um kit de material escolar (borracha, lápis, caderno e caneta)

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