Erico Cantanhede esteve reunido durante toda a tarde de ontem com o prefeito Edivaldo Júnior para tratar de sua oficialização no cargo.
10/08/2013 00h00

O médico Erico Cantanhede é o novo diretor do Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), localizado no centro de São Luís. O anúncio, ainda não oficializado pela Prefeitura de São Luís, saiu na tarde de ontem. Ele assume em substituição a Yglésio Moyses, que ficou sete meses à frente do hospital. A nova direção da unidade tem a missão de resolver problemas antigos do hospital, como a superlotação. O Socorrão I é uma das principais unidades de urgência e emergência de São Luís.
Erico Cantanhede tem 41 anos, é cirurgião-gastro e atende no Socorrão I. Ele também é professor da Universidade Ceuma e já atuou no UDI Hospital. O Estado entrou em contato com o novo diretor do Socorrão I, mas ele esteve reunido com o prefeito Edivaldo Júnior durante toda a tarde de ontem para tratar da sua oficialização como diretor do hospital. Durante o encontro, também foi discutida a situação do Socorrão I, como ações que serão implementadas na unidade de saúde com o início da nova administração.
O novo diretor do Socorrão I assume após sete meses de gestão do médico Yglésio Moyses. Os motivos da exoneração do antigo diretor serão informados em uma entrevista coletiva que ocorrerá na segunda-feira, dia 12, com local e horário a serem confirmados. Em seu perfil em uma rede social, Yglésio Moyses informou que foi comunicado da demissão pelo secretário de Governo, Rodrigo Marques, lamentou o que chamou de “falta de consideração” por parte do prefeito de São Luís, que não o comunicou pessoalmente da exoneração e afirmou que sua saída não se deu por falta de competência para permanecer no cargo.
Polêmicas – A gestão de Yglésio Moyses foi marcada por uma série de polêmicas. A primeira delas foi uma campanha para arrecadar alimentos para a unidade. Apenas 10 dias após assumir o Socorrão I, ele pediu doações de comida por meio do seu perfil em uma rede social. Com o apelo, colocou uma lista de gêneros alimentícios básicos que deveriam ser entregues na unidade de saúde. Por causa da repercussão da campanha (ela durou apenas um dia), segundo foi anunciado pelo gestor, foi arrecadada uma tonelada de alimentos.
O ex-diretor do Djalma Marques enfrentou também muitos problemas com os funcionários da unidade, que chegaram a fazer uma manifestação contra a sua gestão em março deste ano após declarações de que os teria chamado de “porcos” e afirmado que “o recurso enviado pelo Sistema Único de Saúde [SUS] para complementar a remuneração dos funcionários deveria ser aplicado na compra de novos equipamentos”. As declarações foram negadas pelo ex-gestor à época da manifestação.
A presença constante de Yglésio Moyses em seu perfil nas redes sociais, onde costumava postar sobre suas ações à frente da administração do Socorrão I, também foi alvo de críticas. Ele chegou a se indispor com o Ministério Público (MP), ao tentar dificultar a realização de uma vistoria na unidade de saúde. Durante a visita, chamou a atenção da promotora Glória Mafra, titular da 2ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde da capital, o setor de esterilização de material médico, que funciona de forma irregular. O MP ainda verificou que 96 pacientes estavam instalados em macas nos corredores dos hospitais, problemas que deverão ser resolvidos por Erico Cantanhede.
UTI do Socorrão II é fechada para reforma de forro
Parte da estrutura havia desabado em fevereiro após um temporal que caiu sobre a cidade; obra deve ser concluída até o dia 14.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgência e Emergência Dr. Clementino Moura (Socorrão II), na Cidade Operária, está fechada desde a quinta-feira, dia 8, para a troca do forro do local, que estava comprometido e poderia desabar sobre os pacientes e funcionários da unidade de saúde. A promotora de Justiça Glória Mafra, titular da 2ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Saúde da capital, enviou ofício à Secretaria Municipal de Saúde (Semus) recomendando que as obras sejam executadas também no período da noite, para que a unidade seja liberada no menor tempo possível. Segundo a Semus, o atendimento aos pacientes não foi comprometido.
Em fevereiro deste ano, por causa de um forte temporal que caiu na cidade durante todo o dia 12, parte do forro de gesso do teto da UTI do Socorrão II desabou na madrugada do dia 13. Conforme foi informado a O Estado por funcionários do hospital, dos 15 pacientes que estavam no local no momento do acidente, um teria sofrido ferimentos leves, informação que foi negada pela Prefeitura de São Luís. Durante a gestão passada da administração municipal, algumas alas do Socorrão II passaram por reparos, mas a UTI do hospital não recebeu melhorias.
À época do acidente, um médico que atende na unidade de saúde informou a O Estado que o teto do setor já estava comprometido havia algum tempo. Esse teria sido o motivo da estrutura não suportar a forte ventania que acompanhou as chuvas na noite do desabamento. Sem nenhum reparo, a estrutura teve seu estado agravado e o risco de desabar era iminente. Por isso, a direção do hospital precisou desativar a unidade para que fosse executada a reforma no teto da UTI.
Desativado – A desativação, segundo a Semus, ocorreu na quinta-feira, dia 8, e 13 pacientes foram transferidos para as alas vermelha e amarela hospital, onde está à disposição todo o suporte de UTI (equipe, ventilação mecânica, respiradores, entre outros). Segundo a Semus, foi criada uma sala com estrutura de UTI para os pacientes que necessitam do atendimento. A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos na quarta-feira, dia 14, quando o setor terá o funcionamento restabelecido.
A promotora Glória Mafra disse que foi informada da desativação temporária da UTI e que está acompanhando os trabalhos. Ela já recomendou à Semus que uma equipe extra de operários seja colocada no período da noite para acelerar as obras. “Diante do risco de desabamento, não poderíamos mais esperar para que essa obra fosse feita. O que não pode acontecer é que ela demore a ficar pronta, pois representaria um caos para a saúde do município. Em nosso ofício pedimos à secretaria que colocasse operários para trabalhar no período noturno a partir de hoje [ontem], pois sabemos que é tecnicamente possível executar o serviço nos três turnos”, disse Glória Mafra.
Hospital – A UTI do Clementino Moura tem 20 leitos. Ele é um dos maiores hospitais de urgência e emergência de São Luís, sendo referência no atendimento de traumas ortopédicos. A unidade de saúde também recebe um grande número de pacientes oriundos de outros municípios do estado. Rosa Ângela Araújo Costa acompanha um amigo que veio de Presidente Juscelino, a 85 quilômetros de São Luís. “Ele está com derrame pleural e foi transferido para a área amarela”, informou.
Em maio deste ano a promotora Glória Mafra vistoriou o Socorrão II para verificar as condições dos serviços prestados. Entre os problemas encontrados estavam a sobrecarga de trabalho para os funcionários, atrasos na entrega de alimentos para serem servidos na unidade de saúde, além do grande número de pacientes acomodados em macas nos corredores do hospital. A superlotação continua sendo apontada como o principal problema da unidade de saúde, por isso a urgência na conclusão da obra do teto da UTI.
Números
18 mil é o número estimado de pacientes que são atendidos por mês no Socorrão II
600 é a média de procedimentos médicos que são realizados por dia na unidade