Dos servidores com passagem por cargos de livre nomeação no Executivo federal, cerca de 30% não completam o primeiro ano de trabalho, mostra a pesquisa “O carrossel burocrático nos cargos de confiança”, divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“A rotatividade nos cargos de confiança é um dos principais obstáculos para o Estado ampliar suas capacidades e tornar mais eficiente o ciclo de planejamento das políticas públicas”, diz o sociólogo Felix Lopez, autor do estudo ao lado do professor adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais, Thiago Silva.
O estudo identificou que 127.794 servidores passaram pelo menos uma vez por cargos de direção e assessoramento superior (DAS) de 1999 a 2017. Foram cruzados dados de diferentes sistemas, como do Siape (administração de recursos humanos), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outros conteúdos.
Segundo os autores, a duração média nos cargos de confiança é de 25 meses. Para eles, as chances de permanência são influenciadas por fatores específicos, como tempo de permanência dos ministros de governo, a filiação a um partido político, o local de exercício do cargo e pertencer às carreiras do setor público.
“Formular e implementar políticas, principalmente as complexas, é custoso e moroso. Abandoná-las a meio caminho, que é uma das implicações frequentes do carrossel burocrático, desperdiça toda sorte de recursos”, afirma Lopez.
A maioria dos nomeados do período analisado ocupava os níveis de DAS de 1 a 4 (94%), era vinculada ao setor público (66%) e não estava filiada a partidos (88%), além de ter escolaridade superior (77%) e ser do sexo masculino (59%). Em relação ao gênero, as mulheres são exoneradas mais rápido.