Sonolento durante boa parte do jogo, o time espanhol precisou da prorrogação para bater o Kashima
O Real Madrid conquistou neste domingo, em Yokohama, no Japão, o pentacampeonato mundial de clubes e se tornou o maior ganhador da competição, superando o Milan, que tem quatro. Mas não foi com a facilidade que todo mundo esperava. O título aconteceu na prorrogação, quando Cristiano Ronaldo marcou gols decisivos (ele fez três no jogo) e espantou o risco da zebra diante do Kashima Antlers, campeão japonês. A vitória por 4 a 2 teve momentos dramáticos para a equipe espoanhola, que chegou a estar atrás no placar na segunda etapa do tempo normal.
– Madre mia (minha mãe)! Foi uma partida de muito sofrimento, não esperávamos que eles jogassem tão bem, mas também jogamos bem. Mas final é assim mesmo, tem que ser com sofrimento – disse Cristiano Ronaldo, eleito o craque da final. – Finalizei um ano perfeito, eu e meus companheiros, e quero agradecer muito aos meus companheiros, porque sem eles eu não conseguiria fazer nada – comentou o atacante, campeão do mundo e europeu com o Real Madrid e campeão também da Eurocopa, com a seleção de Portugal, em 2016.
O volante brasileiro Casemiro estava também aliviado ao final do jogo:
– Foi um ano incrível para todos nós do Real Madrid. O Kashima chegou à final com méritos, e sabíamos que seria difícil – afirmou.
O Real Madrid abriu o placar cedo, aos 8 minutos de jogo, e deu a impressão de que confirmaria com tranquilidade seu enorme favoritismo e golearia o Kashima. Benzema aproveitou rebote do goleiro Sogahata, em chute de Modric, e bateu para fazer 1 a 0.
A posse de bola do campeão europeu chegou a 66%. Aos 26, Sogahata, que bobeu no lance do primeiro gol do Real, começou a aparecer bem na partida. O goleiro japonês fez defesa difícil em conclusão de Benzema. Dez minutos depois pegou de novo, desta vez em finalização de Modric. Até que, aos 44, Shibasaki aproveitou corte mal feito pelo zagueiro Varane e chutou cruzado para empatar o jogo: 1 a 1.
Logo no começo do segundo tempo a zebra se desenhou. Shibasaki, com a camisa 10 do Kashima Antlers que já foi usada por Zico, nos primórdios do clube japonês, dominou na intermediária, driblou Carvajal e chutou rasteiro, no canto direito do goleiro Navas. Era a virada japonesa: 2 a 1.
O Real Madrid acordou. Saiu daquele ritmo lento com que conduzia a partida e foi para cima, com tudo, com jeito de Real Madrid. O empate não demorou: Lucas Vazques foi derrubado na área, e Cristiano Ronaldo – até então com atuação ruim – bateu o pênalti para empatar novamente, aos 14 minutos: 2 a 2.
A partir daí o Real sufocou o quanto pôde. E parou na ótima atuação do goleiro Sogahata, com defesas difíceis e importantes aos 19, em chute de Benzema, e 36, quando pegou com o pé, cara a cara com Cristiano Ronaldo. Mas teve susto: Navas precisou esticar os braços para mandar a escanteio uma bola muito bem chutada pelo brasileiro Fabrício, que quase desempatou para o Kashima. Aos 43, Navas saiu do gol aos pés de Kanazaki, e evitou o pior.
Aos 44 minutos, um lance importante: o árbitro Janny Sikazwe, de Zâmbia, chegou a puxar o cartão amarelo do bolso, que seria o segundo do capitão Sérgio Ramos. Avisado pelo ponto eletrônico ou não, o juiz se lembrou que o zagueiro do Real já tinha sidou punido em outro lance e, portanto, deveria ser expulso. Sikazwe, então, desistiu de dar o cartão, num lance em que claramente Ramos merecia a punição.
CR7 BRILHA NA PRORROGAÇÃO E IGUALA PELÉ
Se fosse para a prorrogação com um a menos, o Real Madrid poderia ter tido complicações. Mas, poupado pelo árbitro, o campeão europeu soube aproveitar sua supremacia técnica e a igualdade no número de jogadores em campo. Quem apareceu, decisivo, foi Cristiano Ronaldo. Aos 8 minutos da primeira etapa do tempo extra, recebeu ótimo passe de Benzema, em lance de desatenção da defesa do Kashima, que bobeou na marcação, e tocou na saída do goleiro para fazer 3 a 2.
O Kashima respondeu no lance seguinte, com enorme perigo: Yuma cabeceou no travessão e por pouco não empatou o jogo de novo.
Mas aí apareceu a fera outra vez. Carvajal cruzou, a defesa afastou, e Kroos chutou mal. Mas a bola caiu no pé de Cristiano Ronaldo, que ajeitou e mandou uma bomba de canhota, frente a frente com o goleiro. Terceiro gol do português, e Real 4 a 2 no placar.
Cristiano Ronaldo repetiu uma façanha que era exclusiva de Pelé até hoje. Tornou-se o único, além do Rei do Futebol, a marcar três gols numa decisão de Mundial de Clubes. A marca era exclusiva de Pelé desde 1962, quando o Santos foi campeão ao derrotar o Benfica, de Portugal, na final.
O craque português também atingiu outra marca importante, esta ao lado do alemão Toni Kroos, companheiro de Real Madrid. Ambos chegaram a três títulos mundiais de clubes. Cristiano Ronaldo ganhou em 2008, 2014 e 2016, todos pelo time espanhol. Kroos conquistou em 2013 (pelo Bayern de Munique), 2014 e 2016. Também têm três títulos os jogadores Paolo Maldini, Cafu, Iniesta, Daniel Alves, Piqué, Messi e Sergio Busquets.