23/01/2025
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Homenagem à música regional e instrumental maranhense

A riqueza e a diversidade rítmica maranhense estarão em destaque no festival de percussão Rufar dos Tambores, que acontece amanhã (27), às 18h, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande), em sua primeira edição homenageando o instrumentista Papete, falecido em 2016, em São Paulo, e que muito contribuiu para a divulgação dos ritmos maranhenses no Brasil e exterior. Na programação, shows de 11 grupos locais de percussão, feira de livros, discos, instrumentos e oficinas. As oficinas acontecerão das 15h às 17h, sendo uma com o Tambor de Crioula de Mestre Leonardo e outra, coordenada por Carlos Pial. A direção é do instrumentista Luiz Claudio Farias, idealizador do projeto. O evento, realizado pela Pegada Produções, será apresentado pela cantora Cris Campos, do grupo Afrôs.

O evento será aberto com o grupo Couro e Mão, reunindo os precursores da percussão maranhense. O encerramento será marcado pelo espetáculo “Encantarias”, que mistura cultura popular com jazz e música erudita. As outras nove atrações são: Toque de Mãos, Yluguerê, Afoxé Mina, Batuque de São Benedito (Carutapera), Boi Brilho da Sociedade (Cururupu), Abanijeun (Tambor de Taboca da Casa Fanti Ashanti), Carlos Pial, Terecô de Igaraú e Divina Batucada.
O Couro e Mão, que abrirá a programação, reúne alguns dos pioneiros da percussão maranhense no palco: Jecowisky Pereira, Zé Roberto, Lázaro, Marquinhos Carcará e Madson Peixoto. Os percussionistas da velha guarda trabalham com a diversidade dos ritmos maranhenses e sua divulgação em território nacional e internacional Para o show no “Rufar dos Tambores”, o grupo apresentará temas com fusões rítmicas de células diferentes, entre elas, as fusões do sotaque do Boi de Pindaré com os sotaques do boi de matraca, do tambor de crioula e do boi de zabumba.
Diálogos
No espetáculo “Encantarias”, o percussionista Luiz Claudio mostrará diálogos rítmicos e melódicos entre as tradições populares maranhenses com a World Music ou World Jazz. Com a participação de Jeff Soares (contrabaixo, violão e violoncelo), Ricardo Sandoval (percussão), Kadu Galvão (percussão), Ramon Pinheiro (trompete e flugehorn) e Elder Ferreira (trombone), o show apresentará arranjos ancorados pelos ritmos maranhenses ancestrais, com texturas harmônicas sofisticadas que valorizam as melodias e retratam, em cada tema, o sincretismo musical entre o erudito, o religioso e o popular observado nos terreiros e igrejas, durante as festas populares.
“Além de mostrar a força da diversidade rítmica e instrumental do Maranhão, o festival quer colaborar para o acesso permanente de grupos e músicos da cultura popular ao cenário local por meio de shows e oficinas, além de estimular a economia criativa das comunidades onde os tocadores estão inseridos, por meio de uma feira de instrumentos artesanais, venda de livros sobre os ritmos do Maranhão e de CDs”, diz o instrumentista Luiz Claudio Farias.
Além de permitir o acesso de tocadores de grupos autênticos da cultura popular ao cenário musical local, o festival quer contribuir para mostrar ao turista a riqueza e a diversidade de ritmos ainda desconhecidos no Brasil. “Cada grupo tocará de 15 a 20 minutos, mas será como se fosse um grande show, criando uma unidade entre as bandas e artistas e apresentando, aos poucos, os instrumentos da cultura popular com suas particularidades”, afirma Luiz Claudio Farias.
Luiz Claudio, que é também arte-educador e pesquisador da cultura popular, é paranaense e chegou no Maranhão no fim da década de 1970. Aqui, desenvolveu trabalho de pesquisa de campo coletando material e aprendendo com grandes mestres de tambor. Em 1984, a convite da Unesco, participou do “I Colóquio Internacional de Sobrevivências Religiosas Africanas na América Latina e Caribe”, onde foi membro da comissão cultural e tradutor das palestras. Em 1987, dirigiu o Beat and Beach, primeiro encontro de percussão no Maranhão, que trouxe músicos como Robertinho Silva, Layne Redmond e Marco Suzano. Também em 1987, criou o grupo Fogo de Mão, que participou do Panorama Percussivo Mundial, em Salvador (1995), a convite de Naná Vasconcelos, onde tocou ao lado de representantes da percussão mundial.
Em 1998, morando em São Paulo, ele foi professor de ritmos maranhenses no Núcleo de Percussão Paulo Campos e ministrou oficinas em universidades e conservatórios, como o Conservatório Sousa Lima, filial da Berkelle School of Music no Brasil. Nos anos seguintes, participou de oficinas com músicos do mundo inteiro, além de diversos festivais de Jazz (TIM Festival Rio de Janeiro e São Paulo) e de música étnica. Tocou e gravou com Nelson Ayres, Ceumar, Naná Vasconcelos, Zeca Baleiro e Rita Ribeiro. Em São Luís, trabalhou com arte educação em instituições como a Funac e a Fundação Cultural Banco do Brasil.
Segundo ele, esta primeira edição é apenas o primeiro passo de uma longa jornada. “Ano que vem, ampliaremos o evento, trazendo uma atração nacional, outra internacional e aumentando o número de grupos autênticos do interior do estado nas apresentações”, promete.

Serviço
O quê
Festival “Rufar dos Tambores”
Quando
Amanhã, às 18h
Onde
Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (Praia Grande)
Entrada franca
Programação
Oficina de Tambor de Crioula – das 15h às 17h – Tambor de Crioula de Mestre Leonardo
Oficina de Pandeirões – das 15 às 17h – Carlos Pial
Feira – das 15h às 22h – Instrumentos artesanais, livros, vinis e CDs sobre os ritmos do Maranhão e comida típica
Receptivo – das 17h às 18h – Tambor de Crioula de Leonardo e Boi da Ilha Turino do Alto
Shows – das 18h às 22h
Show Couro e Mão, Toque de Mãos, Instituto Yluguerê, Afoxé Mina, Batuque de São Benedito – Carutapera
Boi Brilho da Sociedade – Sotaque Costa de Mão de Cururupu, Abanijeun – Tambor de Taboca da Casa Fanti Ashanti
Carlos Pial, Terecô de Igaraú, Divina Batucada, Encantarias – Luiz Claudio e Banda Fio da Teia.
Com informações do Jornal O Estado do Maranhão – Caderno Alternativo 

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