Perto do sorteio, na próxima segunda-feira, da ordem dos desfiles do carnaval de 2023 na Sapucaí, nove das 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio já têm enredos definidos para o ano que vem.
Das homenagens a Zeca Pagodinho (Grande Rio) e Arlindo Cruz (Império Serrano) ao tom social da Beija-Flor, o próximo espetáculo no Sambódromo vem ganhando temas que, assim como nas safras de 2020 e 2022, prometem aguçar o interesse do público, levantar debates na sociedade e revelar histórias pouco conhecidas do Brasil.
Das agremiações da elite da folia, a Beija-Flor foi a escola que anunciou seu enredo mais recentemente. Será “Brava gente! O grito dos excluídos no Bicentenário da Independência”. Junto com a logomarca do enredo, a azul e branca divulgou uma espécie de manifesto, em forma de convocação, e uma justificativa do discurso que será defendido no Sambódromo.
“Esta é uma convocação aos sobreviventes deste país que não nos reconhece. Um país que ignora nossas existências. Um país que comemora 200 anos da marginalização da sua própria gente. Seremos a voz do desejo de uma nação inteira: independência e vida!”, diz parte do texto. “Ao invés de celebrar ritualisticamente o mito fundador da pátria – o Grito do Ipiranga no 7 de setembro -, argumentamos em favor de um novo marco, capaz de oferecer um sentido que consideramos mais próximo da verdade histórica de uma independência que foi conquistada, não proclamada. Este marco é o 2 de julho de 1823, data da vitória das tropas brasileiras na conflagração instalada na Bahia”, diz outro trecho.
O Salgueiro é outra escola que prepara uma apresentação cheia de empoderamento para 2023. No enredo Delírios de um Paraíso Vermelho”, a agremiação resgata devaneios carnavalescos da era Joãozinho Trinta, que é, inclusive, citado no texto de apresentação do tema. O paraíso proposto pela agremiação é “efusivo como uma interminável noite de carnaval”, “lugar de desejos e das individualidades, caldeirão de diversidade” e onde “o sagrado e o profano se misturam”.
Já a Portela recorre ao que tem de mais essencial: os grandes personagens que escreveram a história da azul e branca de Madureira. O enredo é “O azul que vem do infinito”, que contará o centenário da escola sob o olhar de seus grandes baluartes, como Paulo da Portela.

O “carnaval preto” de 2022, quando quase todos os enredos abordaram a cultura afro-brasileira, também terá ecos em 2023. A Unidos do Viradouro cantará “Rosa Maria Egipcíaca”, apontada como a primeira afro-brasileira a escrever um livro no Brasil. A Estação Primeira de Mangueira será outra agremiação a seguir o caminho das raízes negras. Terá como enredo “As Áfricas que a Bahia canta”.

Por fim, o Paraíso do Tuiuti divulgou, por enquanto, apenas o nome do enredo: “Mogangueiro da Cara Preta“, com detalhes a serem revelados em breve pelos carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor Araújo. Unidos da Tijuca e Unidos de Vila Isabel, junto com a Mocidade, são as escolas que ainda não anunciaram oficialmente seus temas.