As 12 escolas que compõem o Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro já definiram seus enredos para o ano que vem. Os temas vão desde assombrações até as histórias sobre o encontro das águas no Pará e uma homenagem para Milton Nascimento.
No Carnaval de 2024, a Unidos do Viradouro se sagrou campeã com pontuação máxima com o enredo “Arroboboi, Dangbé”, do carnavalesco Tarcisio Zanon e do enredista João Gustavo Melo. Campeã de 2023, a Imperatriz Leopoldinense ficou com o segundo lugar com o enredo “Com a Sorte Virada Pra Lua, Segundo o Testamento da Cigana Esmeralda”, de Leandro Vieira.
O desfile de 2025 ficará marcado por ser a primeira vez em que o Grupo Especial se dividirá em três noites de desfiles. Até 1983, os cortejos eram realizados apenas no domingo. De 1984 a 2024, eles aconteciam também na segunda-feira de Carnaval. A partir do ano que vem, a terça-feira será uma das noites de desfile da elite do Carnaval carioca.
Unidos de Padre Miguel
Voltando ao Grupo Especial, a Unidos de Padre Miguel contará a história de Iyá Nassô e o Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho. “Egbé Iya Nassô” terá assinatura de Lucas Milato, que já estava na agremiação da zona oeste do Rio, e Alexandre Louzada, que chega à escola para fazer o desfile de 2025.
Imperatriz Leopoldinense
Imperatriz Leopoldinense, atual vice-campeã do carnaval carioca, terá como enredo “ÓMI TÚTU AO OLÚFON – Água fresca para o senhor de Ifón”. Após quase 50 anos, a escola – também conhecida como Rainha de Ramos – volta a abordar a temática afro-religiosa ligada à mitologia dos orixás.
Para o próximo ano, a Imperatriz pretende contar a história da ida de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô, na tentativa de conquistar seu décimo título da elite do Carnaval do Rio de Janeiro, sob a assinatura de Leandro Vieira.
Unidos do Viradouro
Em busca do quarto título, a Unidos do Viradouro levará “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundo” para a Marquês de Sapucaí ao contar a história da entidade afro-indígena que se manifesta como Caboclo, Mestre e Exu/Trunqueiro.
Com assinatura de Tarcísio Zanon, o enredo retorna a primeira metade do século XIX, no estado de Pernambuco, no nordeste brasileiro, onde o quilombo do Catucá era foco de resistência e viu seu último líder, João Batista, o Malunguinho, ser duramente perseguido por seus atos libertários.
Estação Primeira de Mangueira
A Mangueira levará “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões” para a Marquês de Sapucaí. O desfile será desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França.
“Escavando o passado, seguimos os vestígios da viva presença negra na região central do Rio de Janeiro, desde a influência do povo bantu até a realidade atual dessa população. São corpos assolados pelo apagamento de suas vidas, vivências e possibilidades”, afirma a escola.
Unidos da Tijuca
Com o enredo “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”, a tetracampeã do Carnaval contará a história do orixá filho de Oxum e Oxóssi representado pelas mesmas cores que a escola: amarelo e azul.
“O nosso enredo será sobre Logunedé. Uma linda história de amor entre Oxum e Oxóssi, no qual vamos apresentar para todo o povo de santo e aqueles que não são do santo para que eles possam entender e aprender muito mais sobre a cultura e a diáspora africana e o quanto esse jovem menino e santo guerreiro é respeitado pelos mais velhos”, diz o vídeo de divulgação na escola.
Beija-Flor de Nilópolis
A Beija-Flor homenageará Laíla, um de seus maiores baluartes. Com a assinatura de João Vitor Araújo e a pesquisa de Bianca Behrends, Vivian Pereira e Guiherme Niegro, “Laíla de todos os santos, Laíla de todos os Sambas” partirá da religiosidade e da fé em Xangô, passeará por sua atuação no Carnaval dentro e fora da Beija-Flor e terminará em um reencontro com Joãosinho Trinta no plano espiritual.
Laíla e o carnavalesco trabalharam por muitos anos juntos na agremiação de Nilópolis e no Salgueiro, onde foram relevados.
Acadêmicos de Salgueiro
Em busca do 10º título na folia carioca, a agremiação vermelha e branca levará “Salgueiro de Corpo Fechado” para a Marquês de Sapucaí no próximo ano, sob assinatura do carnavalesco Jorge Silveira e do enredista Igor Ricardo.
A ideia é explorar a relação humana e a busca por proteção espiritual.
Unidos de Vila Isabel
“Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, é o enredo que Unidos de Vila Isabel irá levar para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2025.
Desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros, a escola irá focar nas assombrações que integram o imaginário popular, seja na infância ou na vida adulta.
“Tempo suspenso. Apavoro. Frio na espinha. Respiração presa. O medo do fantástico, daquilo que nos atormenta. O famoso “Eu vi” ou o familiar “me contaram…”. Fato é que ninguém nunca parou para conversar com uma… ou já?”, disse o perfil oficial da azul e branca.
Mocidade Independente de Padre Miguel
Da zona oeste do Rio de Janeiro, a Mocidade será guiada pelo tema “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar” no próximo ano.
“Para o carnaval de 2025, a Mocidade fará uma viagem intergaláctica, onde ela se reconecta com seu brilho mais intenso, o de uma Estrela jovem, para questionar os próximos passos em um manifesto pelo futuro da humanidade”, diz o comunicado da escola.
Paraíso do Tuiuti
O Paraíso do Tuiuti terá a história de Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil, como enredo para o seu desfile no Carnaval de 2025.
Xica foi trazida do Congo para ser escravizada em Salvador no século 16 e se recusava a vestir trajes ligados ao imaginário do guarda-roupa masculino da época. Documentada como homem homossexual, a africana teve sua história relida e foi classificada como travesti pela ativista negra Marjorie Marchi. Desde então, Manicongo foi abraçada pela comunidade de travestis e transexuais como símbolo de resistência.
Acadêmicos do Grande Rio
Gabriel Haddad e Leonardo Bora assinaram o desfile que terá como enredo “Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós”. A proposta da Grande Rio parte da música “Quatro Contas”, de Dona Onete, para falar das entidades encantadas que vivem nas pororocas, no encontro das águas do rio com o mar.
A escola promete mergulhar no universo do Carimbó para contar a história de Mariana, Jarina e Herondina, as Belas Turcas; e a Cabocla Jurema, que, conforme escreveu a agremiação no anúncio, “personifica a própria floresta”.
Portela
“Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”, de autoria de André Rodrigues e Antônio Gonzaga, será a primeira vez que a Portela homenageará um personagem importante para a história do Brasil que ainda está vivo.
“A nossa procissão sai de Madureira, e é a estrada que vai fazer o sonho acontecer!”, diz a escola.