O poeta Ferreira Gullar e o percussionista Papete, dois grandes talentos culturais nascidos no Maranhão e reconhecidos mundialmente serão homenageados este ano com a comenda Ordem do Mérito Cultural, condecoração do Ministério da Cultura e considerada a maior condecoração dada a personalidades nacionais e estrangeiras como forma de reconhecer a contribuição delas à cultura brasileira. A solenidade de entrega do prêmio ocorrerá nesta segunda-feira, às 19h, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Este ano, em sua 22ª edição, irá homenagear seis entidades e várias personalidades em suas três classes: Grã-cruz, Comendador e Cavaleiro. Os maranhenses receberão a classe Grã- Cruz, a categoria máxima da Ordem do Mérito Cultural.
A Ordem do Mérito Cultural – OMC é uma condecoração outorgada pelo Ministério da Cultura (MinC) a pessoas, grupos artísticos, iniciativas ou instituições a título de reconhecimento por suas contribuições à Cultura brasileira. A homenagem, criada pelo Governo Federal em 1995 por meio de decreto, é feita anualmente em comemoração ao Dia Nacional da Cultura (5 de novembro). O MinC confere à OMC ampla abrangência temática, de forma a contemplar áreas do saber e do fazer que tornam marcante nossa cultura, dentro e fora do país, e que sejam representativas da riqueza e da diversidade cultural brasileira.
A escolha dos agraciados ocorre todos os anos por meio de seleção entre nomes previamente indicados. Qualquer pessoa pode fazer uma indicação, dentro do prazo estabelecido, preenchendo o formulário disponível na página principal do blog ou enviando pelos Correios.
Perfis
Ferreira Gullar é considerado um dos maiores poetas vivos do Brasil, com seis décadas de produção artística. Nascido em São Luís no dia 10 de setembro de 1930, o poeta é um dos mais notáveis escritores do Brasil. Sétimo ocupante da cadeira nº 37, da Academia Brasileira de Letras, o poeta foi eleito em 9 de outubro de 2014, na sucessão de Ivan Junqueira, e recebido em 5 de dezembro de 2014, pelo Acadêmico Antonio Carlos Secchin. A sua entrada tardia à ABL se deveu pela falta de vontade do poeta que se considerava avesso às instituições e durante 30 anos relutou em concorrer a uma vaga. Sua decisão em participar foi para homenagear Ivan Junqueira, amigo de vários anos.
Sua obra perpassa por poesias, ensaios, biografias, crônicas, contos, literatura infanto-juvenil, entre outras obras importantes. No começo de outubro, o livro “Poema Sujo” ganhou uma nova edição pela Companhia das Letras. Publicado originalmente em 1976, foi o livro escolhido para marcar a estreia de Ferreira Gullar na Companhia das Letras, em janeiro, quando o escritor assinou contrato para levar toda sua obra para a editora, após décadas na José Olympio.
“Poema Sujo” é um dos poemas mais importantes de Gullar, que o escreveu enquanto estava exilado em Buenos Aires, durante a ditadura militar brasileira. “Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre”, escreveu Gullar.
Já Papete, falecido no dia 26 de maio deste ano, é um ícone da cultura maranhense, que tornou as festas juninas da cidade inesquecíveis. O percussionista foi intérprete de canções que se consagraram no cancioneiro popular do Maranhão. Ícone em sua terra, foi reconhecido e premiado internacionalmente em diversas ocasiões.
Em sua carreira gravou 22 álbuns, com ritmos e elementos da música maranhense. Entre suas produções, destaque para o álbum “Bandeira de Aço”, de 1978, que deu visibilidade a uma geração de compositores maranhenses como César Teixeira e Josias Sobrinho estavam no projeto, com músicas como “Flor do Mal”, “Bandeira de Aço”, “Boi da Lua”, “Boi de Catirina”, “Engenho de Flores”, “Catirina”, “Dente de Ouro” entre outras. O álbum até hoje é considerado um dos mais respeitados da música brasileira.