Símbolo da cena cultural do país durante várias gerações, Danuza sofria de enfisema pulmonar e teve insuficiência respiratória.
Morreu, no Rio, aos 88 anos, a escritora, jornalista e ex-modelo Danuza Leão. Ela sofria de enfisema pulmonar e teve insuficiência respiratória.Intensa e ousada. Danuza fez e viveu a história. A cara do Rio de Janeiro em uma época em que a cidade lançava moda nasceu no Espírito Santo. Ainda jovem fez sucesso como modelo no exterior.
Foi uma das personalidades mais influentes para várias gerações. Conviveu com grandes intelectuais e criadores brasileiros, como o pintor Di Cavalcanti, o poeta Vinícius de Moraes e o arquiteto Oscar Niemeyer.
Viu a bossa nova nascer na sala de casa em saraus organizados pela irmã Nara Leão e participou do Cinema Novo. Atuou em “Terra em transe”, de Glauber Rocha. Fez o papel de Sílvia que, na fictícia república de Eldorado, era amante do ditador Porfírio Diaz.
Nos anos 1950 se casou com o jornalista Samuel Wainer, dono do jornal “A Última Hora”, um dos maiores do país na época. Juntos conheceram grandes personalidades internacionais, como o cineasta italiano Roberto Rossellini e o ditador chinês Mao Tsé-Tung. Tiveram três filhos.
“Samuel me abriu as portas para um mundo político, que eu não teria condições nem ao menos curiosidade de conhecer, e ele me abriu as portas e a cabeça para isso também”, contou Danuza na entrevista a Marília Gabriela.
Ela deixou Samuel para viver com o cronista e compositor Antonio Maria, que morreu logo depois da separação. E também foi casada com o jornalista Renato Machado.
“A vida dela foi uma descoberta de quem viaja, de quem anda, de quem apreende com essas andanças e transforma todas as observações nos livros que escreveu”, afirma Renato Machado.
Danuza foi jornalista, cronista e colunista dos principais jornais brasileiros, entre eles “Folha de S.Paulo” e “O Globo”. Escreveu dez livros e ganhou duas vezes o Prêmio Jabuti, o mais conceituado da literatura nacional. Mesmo com tanto sucesso, ela não se definia como uma escritora.
Um dos maiores sucessos foi “Na sala com Danuza” e escreveu também uma autobiografia – “Quase tudo”.
Danuza falava o que pensava. Escreveu e viveu com originalidade: “Eu acho que a sorte passa na vida das pessoas, sim, e você tem que segurar quando ela passa. E eu segurei todas as vezes que ela passou”, afirmou Danuza.