02/12/2024

Morre Arnaldo Jabor, jornalista e diretor do cinema novo, aos 81 anos

Morreu Arnaldo Jabor, jornalista e cineasta que fez parte da geração do cinema novo e dirigiu sucessos como “Eu Te Amo”, de 1981, aos 81 anos na madrugada desta terça-feira. O carioca estava internado desde o dia 17 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sofrer um acidente vascular cerebral. Segundo a família, a causa da morte foram complicações do AVC.

No final de dezembro, um boletim médico apontou que Jabor tivera uma melhora progressiva do quadro neurológico e se encontrava consciente. Na manhã desta terça-feira, a produtora de cinema Suzana Villas Boas, ex-mulher de Jabor e mãe de seu filho João Pedro, escreveu “Jabor virou estrela, meu filho perdeu o pai, e o Brasil perdeu um grande brasileiro” numa rede social.

De acordo com assessores, Jabor ainda deixa um filme inédito. “Meu Último Desejo” é baseado na crônica “O Livro dos Panegíricos”, de Rubem Fonseca, e foi filmado em São Paulo, com Michel Melamed no elenco.

Depois de um período como crítico de teatro e cinema no jornal O Metropolitano, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na revista Movimento, chegou ao cinema por influência direta de seu amigo Cacá Diegues. Debutou numa segunda fase do movimento, com os curtas documentais “Rio Capital Mundial do Cinema” e “O Circo”, ambos de 1965.

Seu primeiro longa-metragem foi “A Opinião Pública”, de 1967, um mosaico da classe média do Rio de Janeiro. Introduzindo o som direto nas telonas brasileiras, é uma obra alinhada ao cinema verdade, como uma investigação antropológica que brota de takes crus e depoimentos espontâneos.

Seu filme seguinte, “Pindorama”, de 1970, sua primeira investida na ficção, foi um fracasso que custou caro a Walter Hugo Khouri e pela distribuidora Columbia, que bancaram a produção. Mas o trabalho seguinte seria o início de uma sequência poderosa —“Toda Nudez Será Castigada”, de 1973, adaptando a peça homônima de Nelson Rodrigues.

Darlene Glória foi a esfíngica prostituta Geni, pela qual Herculano, o religioso viúvo encarnado por Paulo Porto, se apaixona. Sucesso de bilheteria, essa tragicomédia ficou no limiar entre o cinema novo e o que se consolidaria como a pornochanchada, mas como o humor e a crueza da obra rodrigueana, enfrentando diretamente o universo moral, afetivo e sexual da classe média.

Porto retornaria no longa seguinte, “O Casamento”, de 1975, dessa vez, inspirado em um romance de Nelson Rodrigues. Ele protagoniza a história como Sabino, pai de Glorinha, vivida por Adriana Prieto, e cujo amigo, o doutor Camarinha, sugere que o noivo da menina é gay —dando o estopim para a tragédia.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.