Alvo da operação “18 minutos”, deflagrada pela Polícia Federal, na semana passada, por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o suplente de deputado Edilazio Júnior não integra mais a cúpula da Petrobras. Edilázio havia sido nomeado para atuar junto à presidência da estatal em janeiro.
No dia 7 de agosto, o ministro João Otávio de Noronha, do STJ, assinou uma decisão de 89 páginas afastando dos cargos respectivos cargos desembargadores e juízes do Judiciário maranhense envolvidos numa trama milionária de manipulação de decisões judiciais que ainda reuniria servidores, advogados e políticos no estado. O grupo mirava os cofres do Banco do Nordeste num esquema de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo os investigadores, advogados processavam o banco e obtinham decisões favoráveis dos magistrados imputando pagamentos milionários. Num dos casos, o alvará foi de 14 milhões de reais.
No mais recente, em março de 2023, mais 3,4 milhões de reais. Entre a ordem do juiz e o saque no caixa, a operação levou apenas 18 minutos. Depois, segundo as investigações, os alvos dividiram com os magistrados o dinheiro cobrado da instituição financeira nas decisões judiciais fraudulentas.
Segundo a apuração, além dos magistrados e de servidores do TJ maranhense, 14 advogados e políticos integravam a organização criminosa.
Edilázio Júnior, que é presidente estadual do PSD e genro da desembargadora Nelma Sarney – uma das afastadas pelo STJ -, foi alvo da ação, passando a usar tornozeleira eletrônica.
Em janeiro, Edilázio, que é também advogado com influentes relações no Maranhão, assumiu o importante cargo na cúpula da Petrobras.
Indicado pelo PSD, ele tornou-se assessor especial da presidência da estatal, então controlada pelo petista Jean Paul Prates, em Brasília. Nessa posição, tinha acesso a dados privilegiados da empresa e participava de reuniões de cúpula.
Em junho, Edilázio representou a cúpula da Petrobras numa agenda de Lula no Maranhão. O encontro foi registrado em uma série de fotos com o presidente da República em que o assessor da estatal comemorou o anúncio de “investimento na Margem Equatorial, que prevê a exploração de petróleo na região Norte, trazendo um potencial significativo de desenvolvimento econômico”.
“Tive o prazer de representar a presidenta da Petrobras durante o evento, reforçando nosso compromisso com o desenvolvimento do estado”, escreveu Edilázio.
O encontro entre Edilázio e Lula ocorreu em 21 de junho, dois dias depois de a atual presidente da Petrobras, Magda Chambriard, ter tomado posse no comando da estatal.
Nesta semana, ao ser questionada pela coluna Radar, da revista Veja, depois de a operação tragar o assessor da companhia, a Petrobras informou que o político já não fazia mais parte da empresa, mas se recusou a revelar a causa e a data da demissão.
Prates diz que Edilázio foi “um dos poucos” nomes indicados a ele que aceitou nomear, mas que não se lembrava do padrinho do deputado. Já um integrante da cúpula do PSD afirmou que, por ser suplente de deputado o advogado contou com a boa vontade do partido na indicação à estatal.
A Petrobras, reza a lenda, tem um sistema de compliance para selecionar seus executivos e servidores de cúpula. Nesse caso, a investigação contra Edilázio, aberta em 2023, não chegou a ser um problema detectado pela empresa. (Com Radar da Veja on-line)