Por Nelson Melo – Jornal O Estado do Maranhao
Entre 797 casos confirmados em todo o Maranhão, 243 estão na faixa etária de 30 aos 39 anos; São Luís continua sendo o epicentro da pandemia no estado, com a maioria dos casos.
Estudos no mundo são unânimes em afirmar que os idosos estão entre os mais vulneráveis ao novo coronavírus, por conta do sistema imunológico, que fica mais frágil para combater os parasitas intracelulares. No entanto, o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) na noite de quinta-feira, 16, mostra que a maioria dos contaminados por Covid-19 no Maranhão está na faixa etária dos 30 aos 39 anos, representando 243 casos confirmados, dentre 797.
De acordo com o boletim da SES, a faixa etária de 0 aos 9 anos é a menos afetada pelo novo coronavírus, com apenas três casos confirmados no Maranhão. Na sequência, aparecem as pessoas de 10 a 19 anos, totalizando 10 que tiveram o resultado positivo para a doença. Os idosos representam 125 dos contaminados, segundo o relatório da Secretaria de Estado da Saúde. No meio dessa lista, uma situação foi classificada como “não informado”, pois a idade do paciente não foi comunicada.
Por outro lado, apenas dois pacientes, entre os que morreram no Maranhão em decorrência de Covid-19, estavam na faixa etária dos 30 aos 39 anos. As duas vítimas era mulheres. Uma delas tinha 34 e não apresentava comorbidade. A outra, que tinha 36 anos, sofria de doença renal.
Jovens menos vulneráveis
Dados mundiais mostram que o risco de morte por Covid-19 entre aqueles abaixo
de 50 anos, especialmente as pessoas de até 30 anos, é extremamente raro. De
acordo com infectologistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das
razões para a baixa mortalidade entre os mais jovens é que seu sistema
imunológico é mais forte, o que ajuda a combater o vírus e a recuperar-se da
doença sem dificuldades, como está ocorrendo em vários países afetados pela
pandemia.
Por causa dessa baixa incidência, muitos jovens ignoram as regras do isolamento social e as medidas de proteção. Como resultado, acabam contraindo a doença, embora com sintomas leves, na maioria das vezes. Além disso, ainda colocam em risco as pessoas mais suscetíveis ao vírus, como idosos, hipertensos e portadores de doenças crônicas. Em São Luís, rapazes já foram flagrados jogando bola na praia, durante um fim de semana, formando aglomerações no meio de uma pandemia.
Esses jovens foram retirados da faixa de areia por guardas municipais e bombeiros militares que realizavam a fiscalização sobre o cumprimento dos decretos governamentais. Mas não é somente em praias que pessoas com menos de 30 anos podem ser vistos em grupos. Isso também está acontecendo em bares, especialmente, aqueles situados dentro dos bairros, em pontos mais afastados das avenidas.
Coronavírus no Maranhão
Segundo aquele boletim epidemiológico da SES, o Maranhão já registra quase 800
casos positivos do novo coronavírus. Até a quinta-feira, 28 municípios possuem
pessoas contaminadas por Covid-19.
Além de São Luís, que registra 90% das situações, as demais cidades são Paço do Lumiar, Imperatriz, São José de Ribamar, Bacabal, Raposa, Santa Rita, Timon, Caxias, Urbano Santos, Vitória do Mearim, Governador Nunes Freire, Viana, Açailândia, Santa Inês, São Benedito do Rio Preto, Cajapió, Colinas, Cantanhede, Chapadinha, Cachoeira Grande, Altamira do Maranhão, Mirinzal, Zé Doca, Davinópolis, Trizidela do Vale, Bacabeira e Itapecuru-Mirim.
Com relação à capital maranhense, o Hospital São Domingos contém 58 casos confirmados, com dois óbitos registrados entre os dias 7 e 12 de abril. Outros 78 pacientes tiveram alta, dentre contaminados e suspeitos.
Transmissão por aerossóis
Segundo a médica infectologista e professora da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), um estudo recente, feito pelo Centro para Prevenção
e Controle de Doenças dos Estados Unidos, confirmou que o novo coronavírus pode
ser encontrado até 4 metros de distância do paciente. Ela disse que foram
testadas amostras de ar e superfície de um hospital localizado na cidade de
Wuhan, na China, onde a pandemia começou no final do ano passado.
De acordo com a infectologista, o vírus estava fortemente presente em todas as
superfícies e no chão, e foi detectado no ar a aproximadamente 4 metros de
distância do paciente. Isso comprova a possibilidade de transmissão por
aerossóis, que são partículas muito pequenas, capazes de percorrer maiores
distâncias. “A presença do vírus em até 4 metros de distância não significa que
o vírus é viável, ou seja, que é capaz de contaminar pessoas. O estudo não
analisou a infectividade das partículas”, pontuou Maria dos Remédios.